A Junta de Freguesia da Foz do Arelho aproveitou a cerimónia oficial das comemorações dos 14 anos de elevação a vila para homenagear a igreja local, com a entrega da medalha de mérito por serviços prestados.
A medalha foi recebida pelo padre Eduardo Gonçalves, pároco local desde 1971, com um interregno entre 1997 e 2012. Responsável pela paróquia da Serra do Bouro, da qual fazem parte as freguesias da Foz e do Nadadouro, Eduardo Gonçalves esteve para sair no ano passado, mas acabou por ter de ficar. “O padre que era para me substituir teve de se ausentar e acabei por cá ficar”, explicou.
Aos 84 anos, assume que está cansado, mas continua a fazer o que pode pela sua paróquia e considera que a medalha é para toda a comunidade católica, pelo trabalho que tem vindo a fazer pela freguesia.
O padre mostrou-se muito agradado por a Igreja Católica ser homenageada desta forma pela Junta de Freguesia, principalmente numa altura em que esta atravessa tempos difíceis por causa das investigações dos casos de pedofilia. “É uma grande tristeza que alguns membros [da Igreja] tenham desmerecido tanto e feito tanto estrago numa comunidade”, referiu.
No entanto, salientou que a Igreja Católica, nos seus dois mil anos, resistiu à passagem do tempo, enquanto desapareceram tantos impérios. “Porque tem espírito e não é apenas um corpo”, disse, salientando o papel que o Papa Francisco tem tido em manter essa chama viva.
Fernando Sousa, presidente da Junta da Foz, deu os parabéns à Igreja da Foz e salientou tudo o que a comunidade católica local fez por quem mais precisava durante a pandemia. “Tiveram sempre interesse em resolver os assuntos sociais da freguesia”, afirmou. Houve muitas pessoas carenciadas que foram ajudadas graças aos membros desta comunidade.
O autarca quer que a Junta passe a distinguir todos os anos as pessoas de valor da Foz do Arelho, que merecem ser reconhecidas.
A presidente da Assembleia de Freguesia da Foz do Arelho, Ina Vasques, sublinhou que foi importante atribuir esta medalha à Igreja, por ser fundamental reconhecer o trabalho desenvolvido por esta entidade.
Em representação da Assembleia Municipal das Caldas da Rainha, Alice Gesteiro (presidente da Junta do Nadadouro), também elogiou a comunidade cristã da Foz, “que tem pessoas muito humanas e que ajudam muito quem precisa”. Lembrou ainda a obra de ampliação que fizeram na igreja, que era bastante pequena.
Fernando Sousa aproveitou também a sessão solene elogiar o atual executivo da Câmara das Caldas, mas também para fazer alguns pedidos, nomeadamente a ampliação do Museu das Conchas, uma obra que só conseguiu fazer com o apoio atual executivo.
“Neste mandato temos conseguido proporcionar coisas belas com o apoio da Câmara, embora isso não queira dizer que no anterior também não tenha acontecido”, referiu, aproveitando para lamentar não estar nenhum vereador da oposição naquela sessão.
O autarca referiu que a intervenção nos passadiços está quase concluída, que conseguiram colocar um posto de vigilância na “baía das crianças” da Lagoa de Óbidos e que desde março que as casas de banho junto à praia já estão a funcionar. “Em todas estas questões o senhor presidente da Câmara esteve do lado da Foz do Arelho”, afirmou.
Fernando Sousa pede agora o apoio da Câmara para fazer uma intervenção na rotunda da “Green Hill” e também uma ciclovia que descesse deste local até junto à sede da Junta.
No seu discurso, o presidente da Câmara das Caldas, Vitor Marques, disse que é um grande orgulho para o concelho ter um território como a Foz do Arelho, com condições ímpares. “Falamos muito em cerâmica, no termalismo, no Parque e da Praça da Fruta, mas a Foz está a esse nível”, considerou.
Salientando a necessidade de saber cuidar da Lagoa de Óbidos, pediu que tanto as instituições como cada cidadão tenham esse cuidado.
Vitor Marques elogiou o que a Igreja da Foz tem feito pelos que mais precisam, sabendo trabalhar em parceria com outras instituições.
Em relação aos pedidos de Fernando Sousa, referiu que a Câmara tem tentado corresponder aos anseios de cada presidente de Junta do concelho. “Consideramos que a Foz tem um potencial muito grande e devemos tirar partido dele”, afirmou, mas ressalvou que “há que ter em atenção os outros territórios também, de uma forma equilibrada”. No entanto, adiantou que as questões levantadas pelo presidente da Foz do Arelho estão a ser tratadas.
O edil caldense salientou que é preciso ter sempre em conta o investimento necessário para manter os espaços que se criam. “Às vezes, arranjar dinheiro para fazer algo de novo é fácil, faz-se uma candidatura e o dinheiro aparece. Mas quando é para manter esse dinheiro já não existe”, explicou.
Muita cultura e animação
Antes da cerimónia oficial, teve lugar um pequeno momento cultural com música e poesia. Inês Fouto, acompanhada à guitarra por Joaquim António, cantou cinco músicas dedicadas à Foz do Arelho e, em especial, à Lagoa de Óbidos, da autoria de Maria de Lourdes Azevedo. Estas músicas foram compostas há vários anos pela professora de Educação Musical, já falecida, para serem cantadas por um coro de crianças.
Foram ainda lidos, por Sandra Poim, dois poemas do seu livro “Amor Viver na Foz do Arelho”, que foi lançado no dia 10, com o apoio da Junta de Freguesia.
Foi, aliás, um programa com muitas atividades culturais e recreativas que a Junta preparou para estes festejos. No dia 9 teve início o Encontro de Autocaravanas e decorreu a tradicional Procissão da Lagoa. A imagem de Nossa Senhora de Fátima, acompanhada no barco pelo padre Eduardo Gonçalves, percorreu a Lagoa de Óbidos, entre o Covão dos Musaranhos e a zona do cais da Foz. O percurso contou ainda com a presença de vários barcos de mariscadores e pescadores, com as suas embarcações devidamente engalanadas.
No dia 10 houve uma missa campal e tiveram lugar a reabertura da Casa Museu Dr. Jaime Umbelino, a inauguração da exposição “Vistas da Foz do Arelho” e o lançamento do livro de poesias de Sandra Poim. À noite houve festa no largo com Paulo Seixas, seguido da banda “A Cauda de Tesoura”.
No dia 11 foi realizada uma visita guiada aos museus da freguesia durante a manhã e à noite houve concerto com a banda Xeques. Num largo repleto de pessoas, cantaram-se também os parabéns e cortou-se o bolo do aniversário da vila.
No dia 12, crianças da escola ajudaram a hastear as bandeiras na Junta de Freguesia, ato solene comemorativo dos 14 anos de elevação da Foz do Arelho a vila.
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