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Crónica – Entrada Livre

A noite depois dos 30 anos muda?

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Já saí muito, e saí bem…acho que as aventuras noturnas são uma das coisas às quais dediquei mais carinho e esforço nesta vida.

Crónica – Entrada Livre

Já saí muito, e saí bem…acho que as aventuras noturnas são uma das coisas às quais dediquei mais carinho e esforço nesta vida.

Não só para sair, mas também para pensar em sair, falar sobre sair, recuperar-me depois de sair, como um engenheiro do lazer noturno. Um festivaleiro sem medo, frequentava todo o tipo de espaços e eventos, tudo o que aparecesse pela frente, lá ia eu sacudir o esqueleto!

Era horas e horas nisto…contra a minha própria saúde, ou contra os horários de trabalho, rotinas feitas, programas familiares, etc. Ou contra as pessoas decentes que dormiam nas horas certas – os dias de semana!

Mas acontece que, como disse o poeta, a vida avança, e a desagradável verdade mostra a cara e cansaço no corpo. A vida é outra coisa, e agora que acabo de passar dos 30 já não saio tanto nem, sobretudo, da mesma maneira e com a mesma intensidade de outrora.

Ah, que falta eu sinto daquela voz do outro lado da linha que me dizia: “E hoje, onde é a saída?”. E era meramente quarta-feira! Agora as pessoas ligam apenas no fim-de-semana para jantar e depois, quanto muito, tomar umas “bebidas”, que acabam sendo uma só, de maneira que voltamos para casa às 00h45, sóbrios para casa, cansados e entediados, olhando pela varanda e redes sociais as novas gerações em loucura, todos felizes a caminho de se entregar numa discoteca.

E o último talk show da televisão ainda nem terminou e eu já em casa !

Hoje em dia, quando me falam em sair para beber, já começa a deixar-me “pensativo”, porque sei que todos vão querer ir embora logo, para cuidar dos filhos, trabalho e das suas preocupações, que ninguém vai seguir-me de bar em bar, que ninguém vai querer chocalhar o esqueleto numa discoteca noite toda, até o sol raiar…então começo a beber bem rápido, com a ingénua ilusão de que assim vou divertir-me mais e mais. Ao final, quando chego em casa, derrotado, os apresentadores do tal talk show veem-me, cheios de risos, olham-me do “ecrã” e chamam-me “ olhó tonto, já chegou… fraquinho”.

Nada é pior que o profundo choque existencial de constatar que sou dos mais velhos na pista de dança hoje em dia!

Por que eu gostava tanto de sair? Bem, porque toda noite podia acontecer alguma coisa que mudaria a minha vida para sempre (para o bem ou para o mal, é claro).

A selva noturna é um lugar onde as leis da lógica se distorcem, o espaço-tempo poético se retorce e tudo pode acontecer, por mais absurdo, belo ou horrível que seja…essas coisas que depois contamos no dia seguinte e que, às vezes, atingem a categoria de lenda.

Sair é o único reduto de aventura proporcionado por este mundo previsível, rotineiro, estranho e invulgar.

Não se devem esquecer, quando se fala em vida noturna e em público entrando na meia-idade, das limitações físicas que a biologia nos impõe. Sim, elas existem, e não são nada desprezíveis, tais como: ressacas gigantes, agonia diante de uma luz acesa e um som forte demais, menos resistência ao álcool, cansaço acumulado e, acima de tudo, o profundo choque existencial de constatar que as pessoas no espaço noturno já não são as mesmas, ou que os próprios bares já não existem mais, ou que tu és dos mais velhos na pista de dança.

Mas isso tudo tanto faz: sair é para gente de coragem. Boas saídas a todos e viva a geração 90!

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