Está patente no Museu do Ciclismo uma exposição sobre as duas salas de cinema mais antigas das Caldas: o Salão Ibéria, no Parque D. Carlos I, e o Cine-Teatro Pinheiro Chagas, na praça 5 de outubro, ambos demolidos.
Com o título, “(Re)Viver as Desaparecidas Salas de Cinema caldenses”, a mostra foi inaugurada a 29 de abril e apresenta uma parte do espólio do colecionador Mário Lino, e do seu filho, também Mário.
Desde os 11 anos, em 1958, Mário Lino começou a colecionar artigos relacionados com o cinema porque o pai tinha vários panfletos de filmes exibidos nas Caldas guardados numa gaveta. Quando foi cumprir o serviço militar obrigatório, perdeu esse hábito e quando regressou às Caldas começou a fazer colecionismo sobre o ciclismo. Foi esta coleção que viria a dar origem ao Museu do Ciclismo.
Por casualidade, muitos anos depois, o então diretor do Museu José Malhoa, Paulo Henriques, lamentou-se junto de Mário Lino o facto de não ter sido guardado nenhum do material do Salão Ibéria. Nessa altura, o colecionador informou-o de que tinha muito material relativo a esse espaço que tinha sido demolido. Quando foi ver, Paulo Henriques ficou impressionado com o acervo.
Foi nessa altura, há 25 anos, que fez a primeira exposição, com vários panfletos e bilhetes do Salão Ibéria, no Museu do Hospital. O sucesso foi tal que Mário Lino recomeçou a sua coleção e desde então esta tem crescido, com cartazes, antigas máquinas de cinema, bobines de filmes e cadeiras antigas das salas, entre muitos outros artigos.
Estão também expostas muitas fotografias, programas de espetáculos, notícias antigas e outros elementos relativos ao Salão Ibéria e ao Cine-Teatro Pinheiro Chagas. São vários os painéis que contam toda essa história dos tempos áureos das salas de cinema caldenses. Há filmes que foram grandes êxitos também nas Caldas, como “A Severa” e “E Tudo o Vento Levou”, e que marcaram a vida da cidade.
Segundo o colecionador, para além do que está exposto, tem ainda várias caixas cheias de material. “Esta é uma pequena montra de tudo aquilo que existe”, sublinhou.
Em 1997, o JORNAL DAS CALDAS noticiou pela primeira vez esta paixão de Mário Lino, a propósito de uma brochura que editou sobre o Salão Ibéria e o Cine-Teatro Pinheiro Chagas. A notícia faz parte desta exposição, que inclui vários recortes da imprensa local sobre a história dos cinemas nas Caldas da Rainha.
Em 2020, também no museu do Ciclismo, Mário Lino já tinha apresentado parte desta coleção, mas reforçou-a com algumas novidades. Por exemplo, pode ser vista uma notícia de 1905, que anunciou a estreia de uma “peça cinematográfica”, intitulada “Barba Azul”, nos Pavilhões do Parque, exibida num cinematógrafo.
Mário Lino está em conversações com a Câmara das Caldas para protocolar a cedência do seu espólio dedicado ao cinema e gostava que fosse criado um museu dedicado à história das Caldas no século XX, onde todo o material pudesse estar exposto.
Vitor Marques, presidente da Câmara das Caldas, elogiou o trabalho que o Museu do Ciclismo tem realizado e mostrou a sua satisfação por mais uma exposição apresentada. O autarca mostrou disponibilidade para arranjar condições para que esta coleção se mantenha nas Caldas e exposta em condições dignas.
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