Cerca de 200 crianças e jovens participaram, na manhã de 28 de abril, na formação de um Laço Azul Humano na Praça 25 de Abril, no âmbito do Mês Internacional da Prevenção dos Maus-Tratos na Infância.
Esta campanha inclui várias atividades escolares e também a iluminação em azul de diversos edifícios durante este mês.
A Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens (CNPDPCJ), que anualmente promove a campanha, lançou o desafio para que em todo o país, no mesmo dia e à mesma hora, fossem formados Laços Azuis Humanos.
Para além de alunos das escolas caldenses, foram convidados a participar neste evento utentes do Centro de Educação Especial Rainha D. Leonor. “Como este é um tema que diz respeito a toda a família, houve várias entidades que se envolveram. Também tivemos idosos em instituições particulares de solidariedade social a fazer laços para a nossa campanha”, explicou a professora Catarina Almeida, presidente da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) das Caldas da Rainha.
Ao longo de todo o mês, as escolas e instituições do concelho têm estado a trabalhar este tema. Houve vários estabelecimentos escolares com laços colocados nos seus gradeamentos exteriores, produzidos por alunos e até pais.
Desta forma, pretende-se fomentar o respeito pelo próximo e para os direitos das crianças. “Elas têm direito à saúde, à educação e à habitação, entre outros, que muitas vezes não são garantidos”, referiu a presidente da CPCJ local. É importante que todos os que têm conhecimento de alguma situação de maus-tratos faça essa sinalização, para que depois esses comportamentos possam ser corrigidos logo na primeira idade.
Por exemplo, se uma criança tem um comportamento agressivo na escola, é porque, provavelmente, está a presenciar violência em casa.
Catarina Almeida salientou que cada caso deve ser tratado de acordo com as circunstâncias de cada família. “Tem de haver confiança de ambas as partes e disponibilidade da família para a mudança”, explicou.
Há casos de sucesso, “mas a maioria das famílias não reconhece que tem estes comportamentos e é difícil alterá-los”. Por isso, é muito importante que as crianças vivenciem uma realidade diferente quando estão no jardim-de-infância e na escola “para perceberem que o que se passa em casa não está correto”.
No concelho das Caldas esta problemática tem vindo a ter um ligeiro acréscimo nos últimos anos, embora seja difícil de perceber se é por terem aumentado os casos ou se é por haver mais denúncias.
É entre os jovens que têm notado um maior aumento de casos, nomeadamente muitas situações em que estes não têm limites no que fazem e reagem sem conseguirem controlar os impulsos. “A saúde mental deles está muito comprometida”, afirmou Catarina Almeida, referindo que existe cada vez mais absentismo escolar e consumo de estupefacientes.
Atualmente a CPCJ das Caldas está a acompanhar cerca de 250 processos de crianças, em casos considerados como maus-tratos (negligência e violência doméstica, entre outros). Segundo Catarina Almeida, é menos comum a violência física exercida diretamente sobre as crianças. A maioria dos casos é a exposição à violência doméstica exercida entre os casais. “É como se a criança vivesse num clima de guerra, o que deixa muitos traumas”, relatou. Existem também muitos casos de absentismo escolar.
A responsável sublinhou também que os maus-tratos acontecem em famílias de todas as classes sociais.
A CPCJ das Caldas quer que as pessoas considerem esta entidade como um suporte com que podem contar se necessitarem de ajuda e desmistificar a ideia de que retiram as crianças do seio familiar. “As crianças estão bem é com as suas famílias, mas é preciso que existam condições parentais para que possam cuidar delas e garantir-lhes tudo o que necessitam”, vincou.
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