Perto de 600 bombeiros do quadro de honra estiveram reunidos num evento nacional, no passado sábado, na Expoeste, nas Caldas da Rainha, numa iniciativa organizada pela Reviver Mais – Associação dos Operacionais e Dirigentes dos Bombeiros Portugueses, instituição particular de solidariedade social, com o apoio da Câmara Municipal das Caldas da Rainha.
O quadro de honra dos corpos de bombeiros é composto por todos aqueles que, por antiguidade, incapacidade por doença ou acidente ocorrido em serviço, deixaram a vida ativa, distinguindo-se pela sua dedicação, competência, eficiência e abnegação.
“Honrar quem sempre honrou os bombeiros portugueses é tudo quanto se exige. Importa que nos concentremos no encontro de medidas, efetivas e consequentes, que garantam aos elementos dos quadros de honra dos corpos de bombeiros o reconhecimento e possa significar envolvimento e participação na vida própria de cada quartel, mas também regalias sociais que proporcionem melhor qualidade de vida, após longos anos de entrega desinteressada à defesa de vidas e bens”, sustentou o presidente da Reviver Mais, Luís Miguel Baptista, a propósito do I Congresso Social de Bombeiros do Quadro de Honra, que Caldas da Rainha acolheu.
Numa mensagem aos bombeiros do quadro de honra, a Reviver Mais expressou a sua “homenagem àqueles que são, sem margem para dúvida, os mais elevados representantes da reserva moral dos bombeiros portugueses”.
“Reunir os quadros de honra dos bombeiros de Portugal num Congresso Social constitui um privilégio e simultaneamente um desafio, atendendo à necessidade que existe em aprofundar a condição dos bombeiros de ontem e de sempre, sabendo valorizar exemplos de memória viva”, vincou.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, formularam votos de sucesso ao evento, enquanto que a secretária de Estado da Proteção Civil, Patrícia Gaspar, em mensagem dirigida aos congressistas, focando-se na valorização e dignificação dos bombeiros que integram o quadro de honra, expressou esperar que do congresso “nasçam ideias que contribuam para o aprofundamento desta temática tão importante”.
A governante enalteceu “o papel verdadeiramente fundamental que têm os elementos que fazem parte do quadro de honra”, sublinhando que “é indubitável a sua importância, pela experiência, dedicação, zelo e comportamento exemplar com que, ao longo dos anos, prestaram serviço junto das suas comunidades”.
O evento assinalou os 21 anos da Reviver Mais, tendo sido recordado que um dos fundadores foi o comandante Sales Henriques (1927-2015), que chefiou a corporação de bombeiros das Caldas da Rainha entre 1969 e 2001.
Ao longo da manhã de sábado houve vários oradores. Na conferência inaugural, o padre Vítor Melícias abordou o tema “Bombeiros de Ontem, Bombeiros de Sempre”.
O comandante do quadro de honra Castro Valente, da Reviver Mais, falou do papel de “retaguarda ativa” que o quadro de honra deve assumir, enquanto que Luís Miguel Baptista debruçou-se sobre a “resposta organizada de intervenção social” que constitui a Reviver Mais.
“Mecanismos Legais de Apoio Social aos Bombeiros” foi o tema levado por Fernando Vilaça, da Reviver Mais, e o padre Lino Maia, presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, dedicou-se ao tema “A Importância de Ser Sénior na Sociedade Atual”.
O bombeiro mais antigo do país, o chefe Germano Peixinho, de Arruda dos Vinhos, com 104 anos, foi homenageado. A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários das Caldas da Rainha foi agraciada pela Reviver Mais com o diploma de sócio honorário, por “relevantes serviços prestados a esta instituição”.
Após a sessão de encerramento realizou-se um almoço de homenagem aos congressistas com animação musical.
“Não são figuras do passado e não podem ser descartáveis”
A iniciativa “constituiu uma jornada de afirmação dos bombeiros de ontem e de sempre e de exaltação dos mais genuínos princípios e valores dos bombeiros portugueses”, concluiu a Reviver Mais, que tem sede no quartel dos Bombeiros Voluntários de Cacilhas, no concelho de Almada.
Na síntese conclusiva lida no final dos trabalhos por Duarte Caldeira foi referido que o quadro de honra dos bombeiros voluntários de Portugal “integra os elementos com 40 ou mais anos de idade, que com zelo, dedicação, disponibilidade e abnegação exerceram funções ou prestaram exercício efetivo durante quinze ou mais anos sem qualquer punição disciplinar nos quadros de comando ou ativos de um corpo de bombeiros, e ainda aqueles que independentemente da idade e do tempo prestado adquiriram incapacidade por doença ou acidente ocorrido em serviço ou tenham prestado serviço de caráter relevante à causa do bombeiros”.
O quadro de honra integra atualmente 8057 elementos, dos quais 1024 elementos de comando. “Este efetivo representa não apenas o repositório vivo de décadas de história de serviço público prestado na defesa de pessoas e bens, mas também uma reserva moral da instituição bombeiros na sua matriz associativa e voluntária”, apontou Duarte Caldeira.
“Os bombeiros do quadro de honra não são figuras do passado dos corpos de bombeiros. São o betão que cimenta o presente e que projeta o futuro. Por isso não podem ser descartáveis”, deixou bem claro nas conclusões.
A Reviver Mais considera que se exige por parte das estruturas representativas e dos governantes “iniciativas de adequada atenção e consequentes medidas que consubstanciem a valorização e dignificação destes servidores da causa pública”, pelo que “importa despertar consciências e mobilizar vontades”, pois “é tempo de reclamar justiça para os bombeiros de ontem e de sempre”.
Foram identificadas duas prioridades. Uma é reivindicar a alteração legislativa que permita a revisão das regalias sociais, com particular incidência para a contagem do tempo de serviço para efeitos de reforma e aposentação. Outra é dinamizar respostas locais de apoio e acolhimento dos elementos do quadro de honra em situação de maior vulnerabilidade social, nomeadamente através da institucionalização de parcerias que agreguem a Reviver Mais, Liga dos Bombeiros Portugueses, Municípios e Governo.
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