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Presidente e antigos autarcas da Foz do Arelho negam desvio de dinheiro

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O presidente da Junta de Freguesia da Foz do Arelho, Fernando Sousa, os antigos tesoureiros, Luís Vila Verde, Jorge Rafael Constantino e José António Ferreira, e a ex-secretária, Maria dos Anjos Sequeira, estão a ser julgados no Tribunal de Leiria pelo crime de peculato, por alegadamente se terem apropriado, para proveito próprio ou de terceiros, de quase 193 mil euros do orçamento da autarquia, como apontou uma auditoria às contas da junta em junho de 2017.
Gestão da junta entre novembro de 2013 e setembro de 2017 em causa

O presidente da Junta de Freguesia da Foz do Arelho, Fernando Sousa, os antigos tesoureiros, Luís Vila Verde, Jorge Rafael Constantino e José António Ferreira, e a ex-secretária, Maria dos Anjos Sequeira, estão a ser julgados no Tribunal de Leiria pelo crime de peculato, por alegadamente se terem apropriado, para proveito próprio ou de terceiros, de quase 193 mil euros do orçamento da autarquia, como apontou uma auditoria às contas da junta em junho de 2017.

Segundo a acusação, revelada pela agência Lusa, na gestão da junta, pelo menos entre novembro de 2013 e setembro de 2017, “eram levados a cabo pagamentos de despesas de forma indevida, sobretudo no que concerne à aquisição de bens e serviços sem que os documentos justificativos tivessem” o número de contribuinte da junta e sem que fosse identificado o beneficiário.

Acresce que “não existia qualquer preocupação em registar os quilómetros e litros de combustível gastos com a viatura da junta”, bem como em “controlar o excessivo pagamento através de numerário”.

Por outro lado, foram assumidos “pagamentos de despesas relacionadas com viaturas que não pertencem à junta” e de outras que nada tinham a ver com as “competências e atribuições” da autarquia, como a “compra de óculos, fraldas, bens alimentícios, bebidas alcoólicas, refrigerantes, refeições, combustíveis de terceiros” ou aquisição de telemóveis.

De acordo com o Ministério Público (MP), entre 2014 e 2017 foi contabilizada a entrega de 113.860 euros à Associação para a Promoção e Desenvolvimento Turístico da Foz do Arelho, da qual Fernando Sousa era presidente, sendo Maria dos Anjos Sequeira uma das secretárias. Na contabilidade da associação no mesmo período estão registados 99.010 euros.

No caso do presidente da Junta, o MP sustenta que “auferiu indevidamente” 25.348,66 euros “correspondente ao vencimento a meio tempo” quando só deveria receber o subsídio de compensação, fez seu um cheque de 200 euros da autarquia e viabilizou diversos pagamentos.

Já a ex-secretária Maria dos Anjos Sequeira terá auferido indevidamente entre novembro de 2013 e setembro de 2017 quase 26 mil euros e viabilizado diversos pagamentos.

Luís Vila Verde recebeu “indevidamente e sem justificação legal” um cheque de 126,59 euros e enquanto tesoureiro viabilizou o pagamento de várias despesas. Nas mesmas funções, Jorge Rafael Constantino apresentou para pagamento um talão de abastecimento em seu nome, de 42,29 euros, de um posto de combustível, quando a despesa foi feita noutro, além de que permitiu o pagamento de variadas despesas.

José António Ferreira recebeu “sem justificação legal” um cheque de 100 euros, viabilizando igualmente o pagamento de diversas despesas.

De acordo com a agência Lusa, no início do julgamento, na passada quinta-feira, o presidente da Junta de Freguesia da Foz do Arelho negou ter usado dinheiro da autarquia para fins pessoais.

“Já disse uma vez e vou voltar a dizer quantas vezes forem necessárias. Nunca usei nada da junta para uso pessoal”, afirmou Fernando Sousa.

Ao coletivo de juízes explicou que após a tomada de posse sugeriu contratar uma empresa para fazer a contabilidade da autarquia.

“Tinha plena confiança tanto na empresa, como na Maria dos Anjos”, declarou, afirmando-se “completamente seguro de que as coisas corriam normalmente” até ser descoberto um cheque da autarquia depositado na conta da então secretária.

“Confrontei-a e disse-me, de caras, que tinha precisado de dinheiro para uso pessoal”, adiantou, referindo que, depois, pediu “para se fazer uma averiguação geral aos cheques”.

Sobre alguns dos gastos elencados pelo MP, exemplificou que os óculos foram para um funcionário, as fraldas pagas no âmbito do apoio social e as bebidas alcoólicas relativas a eventos.

“Eram despesas da junta. Se tínhamos a festa da vila, o encontro de caravanas, certos eventos, têm de se comprar as coisas. Está tudo registado”, adiantou.

O autarca assegurou que nunca pensou que o subsídio de compensação teria de ser levado à Assembleia de Freguesia para autorização, assumiu ter havido pagamentos de horas extraordinárias a funcionários “por fora” e quanto a uma reparação de um carro cuja matrícula não é de uma viatura da junta apenas disse que “eram dois carros da junta”.

Sobre a disparidade de valores transferidos da junta para a associação, afirmou que todo o dinheiro “foi contabilizado” e afiançou, no caso do combustível, não ter havido pagamento a terceiros.

O arguido lamentou que, “quando se faz uma auditoria [por ele pedida] não se procure a verdade”, admitindo dúvidas sobre a mesma, que notou ter sido feita no escritório de advogados do então presidente da Assembleia de Freguesia e feita por um “prestador de serviços”.

Já o antigo tesoureiro Luís Vila Verde esclareceu, sobre um cheque que recebeu da junta, que por várias vezes comprou combustível com o seu dinheiro, sendo que depois a junta lhe pagou através de cheque.

Luís Vila Verde, que acabou por se demitir após 14 meses em funções, assumiu ter assinado cheques em branco, mas frisou que nunca lucrou nada com a junta.

Outro ex-tesoureiro, Jorge Constantino, que também não terminou o mandato, justificou o abastecimento da sua viatura com combustível pago pela junta devido a deslocações ao serviço desta, referindo igualmente ter assinado cheques em branco.

Na primeira sessão, foi ainda ouvido o ex-tesoureiro José António Ferreira, que esclareceu ter havido um cheque emitido em seu nome que levantou e cujo dinheiro entregou a um funcionário, pela prestação de serviços deste, negando a apropriação de valores da junta: “Antes preferia morrer afogado”.

O julgamento prossegue a 11 de maio.

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