Centenas de pessoas concentraram-se no dia 1 de abril, junto ao Hospital Termal das Caldas da Rainha, em defesa da construção do futuro hospital do Oeste num terreno entre Caldas da Rainha e Óbidos.
A chuva não demoveu as pessoas, que se deslocaram para o Céu de Vidro para a continuação da iniciativa, intitulada “Vozes pelo Hospital”.
A concentração, convocada pelo Município caldense, ao qual se uniu o presidente da Câmara de Óbidos, contou no final com uma vigília, onde todos os participantes acenderam uma vela com esperança de que o novo Hospital do Oeste fique num terreno de 60 hectares entre Caldas e Óbidos. A principal mensagem num evento que reuniu elementos das várias forças políticas foi “união pela defesa da saúde no Oeste”. O presidente da autarquia de Rio Maior não compareceu por motivo de saúde.
A tarde de mobilização cívica e música iniciou às 16h00, com os Bombos da Escola Técnica Empresarial do Oeste, Banda Comércio e Indústria e Gaiteiros da Fanadia a rumarem até ao Largo do Hospital Termal, onde ao longo da tarde, durante mais de três horas decorreu a jornada cultural com intervenções políticas e do público.
A psicóloga e cantora Joana Rodrigues adaptou a música de intervenção de António Macedo – “Canta Canta Amigo” – à luta por melhores cuidados de saúde no Oeste, manifestou que “juntos temos o mundo na mão”.
A iniciativa terminou com o Grupo Coral da Casa do Pessoal do Centro Hospitalar das Caldas da Rainha, que como profissionais de saúde defendem que o novo equipamento fique no concelho.
O presidente da Câmara das Caldas frisou que a localização do novo hospital tem que ter em conta a “coesão territorial, a oferta pública, privada e social, estar integrado na rede nacional hospitalar, contar com os hospitais da região de Leiria, Santarém, Loures e Vila Franca, e tem ainda que contemplar os habitantes da região, mas também os eventos, o turismo e as dormidas, que no Oeste Norte representa mais de 75% de toda a região”. “Tem que contemplar as ofertas do território nas diversas áreas, como educação, cultura e desporto”, adiantou, revelando que o terreno certo entre Caldas e Óbidos está “junto à A8, A15, IP6 e ferrovia”.
O presidente da autarquia de Óbidos, Filipe Daniel, falou da degradação da saúde da região e que esta infraestrutura “é uma necessidade que se exige há mais de 20 anos”. “Até ao dia de ontem estive à espera que o senhor ministro dissesse a localização como tinha previsto e espero que não seja adiado por mais 20 anos porque assumiu um compromisso com a população”, relatou. “Se Ásia consegue fazer um hospital em dez dias, não digo que vamos fazer o mesmo, mas temos que ser mais rápidos porque a saúde é uma necessidade premente”, salientou.
O autarca falou das metas de descarbonização, onde a opção entre Caldas e Óbidos está “contígua com a ferrovia e esta possibilidade de utilização dos cerca de dois mil profissionais que farão parte desta unidade é uma oportunidade extraordinária para começarmos a trabalhar estas metas”.
“Isto não é bairrismo”
Pedro Seixas, presidente do PS/Caldas, sublinhou que “não vamos abdicar da nossa identidade e estamos aqui a defender o Serviço Nacional de Saúde de toda uma região”. Alegou que isto não é “bairrismo”, pelo contrário, é “garantir que ninguém fique para trás”. “Não chegam linhas traçadas e cálculos pouco demonstrativos, porque políticas de saúde fazem-se com as pessoas para as pessoas e não com réguas e esquadros”, concluiu.
O vice-presidente do PSD das Caldas, Carlos Coutinho, sublinhou que se reforça junto da OesteCIM “a necessidade urgente de proceder à revisão do estudo que aponta Bombarral como a localização acertada para o novo hospital”. Alegou que o documento está incompleto porque não abrange a “importância da rede de transportes públicos (rodoviários e ferroviária), avaliação dos custos de deslocação dos profissionais de saúde, bem como os custos de eventuais deslocações para aquisição de bens não existentes num centro urbano”.
Carlos Coutinho anotou ainda a relevância da localização e do acesso a fatores determinantes na mediação do índice de qualidade de vida, como a cultura ou a educação, com vista à atração de profissionais qualificados, sendo este o fator crítico de maior relevância.
“Ficámos confusos ao verificar que no deadline apresentado pelo Ministro para o anúncio do novo hospital do Oeste existe um atropelo do estudo que o Governo pretende contratar para perceber que rede hospitalar nacional é desejável em 2030, incorrendo no risco da decisão da localização e tipologia da nova unidade não acompanhar a conclusão deste estudo”, adiantou o social-democrata.
“Não vamos aceitar que não fique entre Caldas e Óbidos”
Vasco Morgado, membro da concelhia do Chega, disse que este movimento mobiliza 170 mil pessoas revelando que “não vão aceitar que o hospital não venha para o terreno entre Caldas e Óbidos”. “Independentemente da decisão política tomada, não é uma opção, porque é aqui que o hospital vai favorecer a maioria da população do distrito de Leiria”, afirmou.
Rui Vieira, membro da comissão política do CDS-PP das Caldas, disse que “vamos andar muitos anos, tal como a história do aeroporto da Ota, até que este processo de decisão seja tomado”. “Será que vamos ter um hospital novo daqui vinte ou anos?”, questionou.
“Até lá como vai ser a saúde nas Caldas, vamos continuar a acordar de madrugada para ter uma consulta no Centro de Saúde e vamos continuar a assistir a urgências fechadas”, questionou.
Considerou que a autarquia também tem o dever de olhar pela saúde dos seus munícipes, apelando a que ajude na aquisição de um ecógrafo necessário à pediatria do Hospital das Caldas.
“Os caldenses não são águas-mornas”
O antigo presidente do Município das Caldas, Fernando Costa, lamentou o facto de os autarcas torrienses defenderem o Bombarral como localização para a construção do futuro hospital do Oeste. “Não se pode criticar os autarcas do Bombarral, quem é que não quer um hospital. Mas os autarcas e os políticos e o secretário de Estado de Torres Vedras têm Loures a 30 quilómetros, têm a Soerad, têm a CUF, tem excelentes hospitais privados, não precisam do hospital público”, apontou.
O ex-autarca adiantou que todos os “bons e sérios estudiosos dizem que o estudo que diz que o hospital deveria ser no Bombarral tem graves erros”. “É um engano técnico e é por isso que estou aqui”, salientou.
Fernando Costa apelou à união da população, sublinhando que “os caldenses não são águas-mornas. Se vencemos na guerra das portagens na via do Oeste e se lutámos contra o encerramento da Linha do Oeste, vamos vencer se soubermos mostrar a injustiça que está a ser cometida contra as Caldas e Óbidos”.
O maestro Adelino Mota referiu que esta é uma cidade com um grande impacto na região Oeste, pelo que era com muito mágoa que veria perder-se o hospital. Apelando à união para esta causa, interrogou o presidente da câmara como se pode ajudar mais.
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