O Grupo de Forcados Amadores das Caldas da Rainha (GFACR), que comemora 30 anos de existência, realizou no passado sábado um treino junto de familiares e amigos na Praça de Toiros de Caldas da Rainha.
O treino do grupo liderado pelo cabo Duarte Manoel foi bastante profícuo e houve oportunidade para aperfeiçoar a técnica de pegar.
Estiveram a treinar na praça cerca de 40 elementos. O mais velho de 60 anos e o mais novo de 16 anos. “Temos aqui hoje muitos jovens que são os filhos dos forcados retirados, que têm gosto em participar, o que demostra o convívio e o ambiente que se vive”, contou Duarte Manoel ao JORNAL DAS CALDAS.
O grupo tem no ativo 35 forcados, entre os 30 e 40 anos. A legislação só permite que se seja forcado aos 16 anos, mas, antes disso, há rapazes mais novos interessados em pegar vacas e novilhos e que já começam a aparecer nos treinos.
Apesar do trabalho de comunicação e presença nas Caldas, no decorrer dos 30 anos o GFACR foi adquirindo novos membros fora das Caldas que se identificaram com o grupo. O cabo enalteceu o espírito de união e de amizade que sempre caraterizou o Grupo de Forcados das Caldas.
Revelou que o grupo tem crescido, o que prova que a “festa está viva” e que o público português e das Caldas em concreto “gosta das festas dos touros e quer dar continuidade à tradição”.
Duarte Manoel tem 25 anos, é natural de Évora e é o cabo do Forcados Amadores das Caldas da Rainha desde 2021. Já está empregado e encontra-se a terminar o curso de Gestão. Abraçou este projeto porque gosta da atividade. “Faço isto por pura paixão que tenho pela tauromaquia”, contou. Sabe que “há riscos”, mas o gosto por “entrar na arena e mostrar a bravura ultrapassa tudo”. Disse que com o GFACR é quase um casamento porque “todos os dias falo com alguns do elemento e há sempre coisas para fazer ou tratar”.
Considerou que os treinos (que decorrem em diferentes praças e locais) são muito importantes para preparar os forcados. Ainda assim, enfrentar um touro bravo numa praça é uma sensação completamente diferente. “Toda a gente tem medo. É impossível não ter medo”, afirmou Duarte Manoel.
O que tenta fazer nos treinos é ajudar os forcados a “superar o medo”. “Uns têm mais, outros têm menos, o importante é cada um conseguir controlar o medo para que depois dentro de praça tudo corra pelo melhor e evitar ao máximo as lesões”.
Admitiu ser uma modalidade “muito perigosa”, por isso tenta fazer muitos “treinos para combater esse risco”.
Duarte Manoel aconselha os elementos a frequentar o ginásio para conseguir ter um corpo mais musculado, o que “acaba por trazer menos lesões e mentalmente acaba por ficar mais apto”.
O líder do GFACR reconheceu que muitas pessoas assistem às touradas porque gostam de ver os forcados. Revelou que o grupo ganha um pagamento simbólico que “não dá para englobar as despesas da corrida”. Contam ainda com o apoio de doações privadas. Este responsável defendeu que a tauromaquia em geral deveria ter mais apoio e lamentou que neste momento seja o único evento cultural que continua com o Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA) a 23% “quando a outros cobram 6%”. Entende que existe uma descriminação com o IVA que torna muito difícil as pessoas “virem à praça assistir a um evento de tauromaquia, até porque tem que haver um aumento dos preços dos bilhetes devido aos encargos que também aumentaram”.
0 Comentários