Celebrou-se o Dia Mundial do Doente, data instituída a 11 de fevereiro de 1992,pelo Papa João Paulo II. A celebração deste dia, que este ano tem por lema “Trata bem dele”, faz-nos lembrar todas as pessoas doentes, seus cuidadores, familiares e todos os profissionais de saúde que, de modo direto ou indireto, colocam o seu conhecimento, competências e tempo ao dispor de tantos que esperam o seu cuidar.
Sendo uma fragilidade e experiência humana que faz parte da vida de cada um de nós, a doença pode tornar-se desumana se for vivida no isolamento e no abandono e se não for acompanhada pelo cuidado e pela compaixão.
Podemos definir doença como um conjunto de sinais e sintomas específicos que afetam um ser vivo, alterando o seu estado normal de saúde. O vocábulo é de origem latina, em que “dolentia” significa “dor, padecimento”.
Nesse sentido, doença é caraterizada como ausência de saúde, um estado que ao atingir um indivíduo provoca distúrbios das funções físicas e mentais e até sociais. Pode ser causada por fatores externos, do ambiente ou internos, do próprio organismo.
Trata-se de uma condição particular anormal que afeta negativamente o organismo como um todo ou a estrutura ou função de parte do organismo. Causa dor, disfunção, desconforto, sentimento de incapacidade, anormalidades negativas e problemas sociais ou morte à pessoa afligida, ou problemas similares àqueles em contacto com a pessoa. Num sentido mais amplo, às vezes inclui traumas físicos, deficiências, transtornos, síndromes, infeções, sintomas isolados, comportamentos anormais e variações atípicas de estruturas e funções.
A identificação de uma condição como uma doença, ao invés de simplesmente como uma variação da estrutura ou funcionalidade humana, pode ter importantes implicações sociais ou económicas. O medo da doença pode ainda ser um fenómeno social amplo, embora nem todas as doenças evocam um estigma social.
Ainda assim, uma condição pode ser considerada uma doença em algumas culturas e épocas, mas não em outras. Condições tais como o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade e a obesidade são consideradas doenças por parte de alguns países desenvolvidos, mas têm sido considerados de forma diferente em outras culturas. Por exemplo, a obesidade também pode representar riqueza e abundância e é um símbolo de status em áreas propensas à fome.
Mas para refletirmos um pouco sobre este tema da doença e o estar doente, pensemos no título deste artigo: estar doente é diferente de ser doente. Efetivamente na minha opinião. Todos nós já estivemos doentes, ou seja tivemos um problema de saúde, mas este problema não nos invadiu a nossa vida e não impediu de a vivermos. Ser doente implica justamente que a nossa vida é de tal forma limitada pela doença que não podemos desfrutar dela.
Mas por outro lado, somos nós que na maioria dos casos passamos do estado de ter um problema de saúde ao estado de sermos doentes e permitimos que os outros nos olhem como doentes. Ou seja, pode não ser uma condição objetiva, mas é um estado subjetivo. Obviamente podemos contestar este ponto de vista dizendo que a diferença subsiste entre uma doença aguda e uma crónica, mas tal não é verdade, pois há quem se multiplique em problemas agudos e adquira o estatuto de doente, e ao invés, há quem sofra de um problema de saúde toda a vida e saiba viver bem com ele.
Recusar ser doente não é negar a doença. Ao contrário, sabemos que a doença existe, está lá, e temos de estar conscientes de que a temos para poder estar conscientes das limitações e aderir aos tratamentos, bem como sabermos lidar o melhor possível com ela, para não sermos doentes.
Mas reflexões à parte, importa salientar também o estado atual da saúde do nosso país, com um SNS universal mas que por falta de recursos, essencialmente humanos, por vezes limita a resposta adequada à população. Também na nossa região lutamos pela construção de um novo hospital que possa dar uma resposta adequada às populações, uma luta que é de todos e para todos.
Que este dia Mundial do Doente não passe em vão. Que possamos sempre lembrar e relembrar todo um conjunto de questões relativas à condição de doença, de doente e mais que tudo à condição humana e à compaixão que a humanidade precisa para viver.
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