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Ex-secretário de Estado da Saúde do PS admite que estudo para localização do futuro hospital do Oeste é “insuficiente”

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A localização do novo hospital do Oeste foi o tema que juntou mais de 400 pessoas no grande auditório do Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha, no passado sábado à noite.
O debate “Cuidados hospitalares no Oeste – um novo Hospital” no CCC

A localização do novo hospital do Oeste foi o tema que juntou mais de 400 pessoas no grande auditório do Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha, no passado sábado à noite.

Numa sessão conjunta com autarcas das Caldas, Óbidos e Rio Maior, os três municípios querem evidenciar ao Governo que a proposta de terreno urbano de 60 hectares entre Caldas e Óbidos é a melhor localização para a nova unidade.

As diretivas e os critérios referentes ao estudo elaborado pela Universidade Nova, encomendado pela Comunidade Intermunicipal do Oeste (OesteCim) que aponta o Bombarral como a melhor localização nortearam a sessão, que contou com a intervenção de especialistas em áreas como o planeamento urbano, saúde e economia, numa organização das Câmaras Municipais de Caldas da Rainha, de Óbidos e de Rio Maior.

A sessão, moderada pela jornalista experiente do ramo da saúde, Marina Caldas, contou com ampla participação do público presente, que interveio com várias declarações e manifestações de opinião, demonstrando o interesse da população sobre esta matéria.

O debate aqueceu mesmo no final da sessão, com o antigo secretário de Estado da Saúde do PS, Manuel Delgado, a dizer que considera o estudo “insuficiente”. Isto depois da pergunta de Luís Brochado (elemento da plateia) que o questionou de forma direta que se estivesse no poder o que fazia com o estudo.

Na sua intervenção no início da iniciativa, Manuel Delgado, que saiu do Governo em 2017 e é professor auxiliar da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa, não se quis comprometer com uma posição sobre a localização do novo hospital do Oeste, mas no fim alegou que “tinha que ser sincero” e que o estudo não o deixa “minimamente tranquilo”.

“Estamos perante um tema polémico porque há aqui uma disputa que não é muito fácil de dirimir”, disse Manuel Delgado, que se debruçou numa análise técnica, partindo do relatório feito pela Universidade Nova de Lisboa.

Considera que o estudo tem algumas limitações porque não faz uma “análise das diferenças necessidades da população, nomeadamente dos idosos a partir dos 80 anos, que são os grandes consumidores de cuidados de saúde”.  “A análise deveria ser feita por concelho, já que estamos à procura da melhor localização e é bom que se refletisse sobre o potencial peso das doenças das pessoas mais idosas de cada concelho”, apontou.

“Um hospital único no Oeste, com duas unidades funcionais leves”

O ex-secretário de Estado da Saúde defende um modelo de hospital diferente daquele que está plasmado no estudo. “Vejo um hospital único no Oeste, mas vejo com muito interesse a possibilidade de termos duas unidades funcionais leves em zonas mais populosas”, apontou.

A visão do político, que foi presidente do Conselho de Administração do Hospital Curry Cabral, é o conceito de “hospital único com unidades satélites leves de pequena dimensão para atividade ambulatória ligada aos profissionais do hospital com as funções de consultas de especialidade, exames complementares de diagnóstico, reabilitação, hospital de dia para, sobretudo, doentes oncológicos e a entrega de fármacos”.

Durão de Carvalho, membro do conselho de redação da revista TecnoHospital, que foi diretor do Serviço de Instalações e Equipamentos do Centro Hospitalar Lisboa Norte, deu uma visão mais técnica, apresentando várias razões que justificam “a substituição do Centro Hospitalar do Oeste (CHO)”, nomeadamente pela necessidade de concentrar os recursos existentes dispersos por três unidades e também pelo facto dos edifícios existentes estarem degradados”.  

Sérgio Barroso, diretor do Centro de Estudos e Desenvolvimento Regional e Urbano, especialista na área do ordenamento do território, recordou o grande empregador que é o CHO, com 1485 trabalhadores, defendendo que a localização do novo hospital deve ter em conta uma localidade com condições para oferecer “habitação, serviços, equipamentos de apoio, escolas e creches, para que que todos os técnicos hospitalares possam ter vida de proximidade e qualidade, porque é “incompreensível localizar um hospital onde os seus recursos humanos tenham que percorrer de 50 ou 60 quilómetros de automóvel para se deslocar ao local de trabalho”.

“Os hospitais devem ser localizados em áreas onde existam serviços económicos”, salientou, adiantando ainda a necessidade de acessibilidade e oferta de transportes públicos, nomeadamente a rede ferroviária que é fundamental. Referiu que “é nos centros urbanos de maior dimensão da região que se deve localizar o hospital”. Revelou que só “dois centros urbanos como Caldas da Rainha e Torres Vedras têm as condições necessárias”. “É preciso um bom modelo de decisão que não se faz até março”, afirmou.

Rio Maior sugeriu adiar a decisão

A convicção da melhor localização conta com o apoio do município de Rio Maior. O presidente da Câmara, Filipe Santana Dias, que disse que o estudo “foi feito a régua e esquadro no conforto de um gabinete, porque não passa pela cabeça de ninguém fazer um estudo que inclui oito freguesias de Mafra que nunca utilizam o CHO e deixar de fora um concelho como Rio Maior que vive paredes-meias com o hospital das Caldas, nomeadamente nos serviços de obstetrícia e pediatria”.

O autarca revelou que esta é uma causa que une todas as forças do espetro político de Rio Maior, que estão alinhadas nesta defesa.

Depois da intervenção de Ricardo Lemos, da Iniciativa Liberal, que acusou o Governo do PS de encomendar um estudo com base em dados completamente “falaciosos”, Filipe Santana Dias disse que é militante do PSD e dava-lhe um jeitão utilizar este tema de “combate partidário”, mas o desafio que fez a todos é que “nunca permitamos que isso aconteça porque estamos aqui para defender os interesses de quem nos elegeu”. 

“Há dinheiro para construir o hospital?”, questionou ainda Ricardo Lemos. Manuel Delgado respondeu que “consoante as suas contas o hospital novo nunca estará a funcionar antes de 2031”, revelando que esta zona do país é a “mais carenciada em cuidados hospitalares e trabalho digno para os profissionais de saúde”. 

Miguel Paulo, vereador da oposição (PS) da câmara de Rio Maior e presidente da concelhia do PS, desafiou os autarcas dos três concelhos a fazerem um estudo técnico novo baseado “neste encontro com os testemunhos das intervenções dos especialistas”. Propôs ainda convencer o ministro da Saúde a adiar a decisão para que possam “concretizar o novo relatório técnico”. 

O presidente da Câmara de Rio Maior disse que a decisão de adiar a decisão “pode ser muito ponderada e útil para tomar decisões acertadas”, mas que se corre o “risco de adiar internamente ou de precipitar a decisão”.

Vitor Marques revelou que há um novo documento que foi feito com os técnicos do município de Óbidos e das Caldas com a proposta do terreno e novos critérios para uma decisão mais acertada. “Se o decisor chegar à conclusão que não tem informação suficiente para tomar uma decisão até 31 de março muito mal estamos na saúde, porque não é aquele estudo que foi apresentado ao Governo que servirá de base para tomar a decisão de um investimento de mais de 150 milhões de euros”, relatou.

Já Filipe Daniel, presidente da autarquia de Óbidos, discordou do adiamento da decisão, alegando que “existe já por parte de todos uma grande frustração de tantos avanços e retrocessos quanto ao novo hospital”. “Se o senhor ministro disse que no dia 31 de março de 2023 iria tomar uma decisão, no meu entender deve cumprir com essa meta”, sublinhou, considerando a “necessidade de agir porque não tomar decisões é para mim inoperância”.

Respondendo a um participante da plateia que colocou em causa a eficácia do estudo da Universidade Nova, que recebeu 80 mil euros para o fazer, Durão de Carvalho disse é “necessário haver um departamento com capacidade técnica para desenvolver este tipo de atividades porque cada vez que se fala em qualquer coisa que é preciso construir de novo, contrata-se uma empresa com determinado caderno de encargos e muitas vezes quando se contrata o estudo já se sabe qual vai ser o resultado”.

José Marques Serralheiro, mentor do Hospital Oeste Norte, acusou o concelho das Caldas de “não ter sabido querer este hospital”. Defendeu dois hospitais na região, o Oeste Norte em Caldas da Rainha e Oeste Sul em Torres Vedras.

Em resposta a este membro da plateia, Vitor Marques, presidente da Câmara das Caldas, disse que foi feito um relato de todas as ações que foram feitas na luta pelo hospital novo, remetendo a culpa para o “Estado central”.

“Ana Jorge nunca deveria ter aceite coordenar grupo de trabalho”

Fernando Costa, que foi presidente da câmara das Caldas (PSD), colocou em causa “a honestidade do estudo encomendado pela OesteCim quando remete como segunda localização Campelos, que “tem uma população de cerca de quatro mil pessoas e está no meio do deserto”. Criticou ainda o facto de terem excluído do relatório Nazaré e Alcobaça.

O antigo autarca manifestou ainda que a antiga ministra da saúde, Ana Jorge, “nunca deveria ter aceite coordenar o grupo de trabalho para decidir a localização do futuro hospital do Oeste, uma vez que é autarca da Lourinhã e dirigente do PS em Torres Vedras”.

António Curado, coordenador da Comissão de Saúde da Assembleia Municipal das Caldas da Rainha, e Isaura Morais, presidente da Assembleia Municipal de Rio Maior, também fizeram uma intervenção na sessão. 

Depois de um elemento do público questionar a ausência de “autarcas e políticos que têm ido para os jornais criticar a luta destes três concelhos para que o hospital novo não saia das Caldas”, o presidente da autarquia das Caldas assegurou “que foram convidados todos os autarcas dos concelhos que integram a OesteCim”.

Estiveram presentes todos os vereadores dos municípios de Rio Maior, Óbidos e Caldas, à exceção dos três do PSD (oposição) da Câmara das Caldas.  

debate 2
Com mais de 400 pessoas na assistência, a sessão contou com a participação do público
 
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