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Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro

Carlos Querido aborda ética e deontologia profissional

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Carlos Querido, na qualidade de juiz desembargador, fez, no passado dia 8, uma abordagem ao tema da ética – deontologia profissional aos alunos dos cursos de Técnico Auxiliar de Educação e Técnico de Turismo da Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro.
Carlos Querido, juiz desembargador falou de conceitos importantes do nosso dia a dia

Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro

Carlos Querido, na qualidade de juiz desembargador, fez, no passado dia 8, uma abordagem ao tema da ética – deontologia profissional aos alunos dos cursos de Técnico Auxiliar de Educação e Técnico de Turismo da Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro.

“A ética é o domínio da filosofia que tem por objetivo o juízo de apreciação que distingue o bem e o mal”, explicou Carlos Querido. Mas o que significa “comportamento correto e incorreto?”, questionou, referindo que não é uma questão fácil porque trata-se de “conceitos vagos, indeterminados, apenas concretizáveis em contextos históricos, sociais e culturais”.

Deu o exemplo no Evangelho de João, em que a mulher adúltera é perdoada. Em 2015 uma jovem afegã de 19 anos foi morta à pedrada acusada de adultério. “Mais de dois mil anos depois os Talibãs consideraram o comportamento dela errado”, sublinhou, referindo-se à relatividade do bem e do mal “em função da época e o conceito histórico”.            

“O fundamento do juízo de censura ética é a possibilidade de escolher entre dois caminhos” e isto, segundo Carlos Querido, “chama-se liberdade”.

“Em determinado momento podem escolher o que é certo e o que é errado e não há disputa ética que não passe pela discussão sobre a culpa e não há culpa que não sobreponha a liberdade”, referiu.

Para o orador “somos sempre responsáveis pelos nossos atos” e por isso “liberdade é igual a responsabilidade”. 

Carlos Querido indicou Nelson Mandela, Ganghi e Martin Luther King como exemplos de “dedicação às liberdades”. “Nelson Mandela passou 27 anos na prisão por incentivar as opiniões anti-apartheid e foi sempre um homem livre”, relatou, adiantando que “ser livre não significa os muros que temos à nossa volta ou as grades que nos colocam à volta”.

“Esta liberdade que estamos a falar é aquela traduzida na possibilidade de termos sempre de escolher dois caminhos, o correto ou o errado, porque as escolhas que eu faço são aquilo que eu sou”, apontou.

Alertou os jovens participantes na sessão, com 16 ou mais anos, que “podem ser presos” e que já enfrentou em tribunal “situações terríveis em que não há outra solução sem ir para a cadeia”.

 “Se eu tenho um determinado comportamento errado, mas faço porque ninguém está a ver é um comportamento anónimo”, adiantou, dando o exemplo dos perfis falsos nas redes sociais que considera ser “cobardia”.

Carlos Querido avisou que “um pequeno post desagradável pode assassinar moralmente um colega vosso”, referindo que conheceu casos no tribunal onde isso aconteceu. A ética tem essa componente subjetiva e é “esse valor que está dentro de vós que faz a diferença”, relatou.

Falou também da dignidade, uma vez que “o comportamento ético é o reconhecimento da dignidade do outro e tratá-lo como semelhante independentemente de ele ser diferente”, sublinhou.

Explicou igualmente o dilema ético “em que há dois caminhos que serão certos, mas tem que escolher e nessa escolha tem que sacrificar e excluir o outro, o que é psicologicamente difícil”.

A empatia foi outro conceito proferido pelo juiz, que é “a partilha de emoções, em que alegramo-nos e sofremos com a alegria e sofrimento do outro”.  

Por fim o responsável falou da gratificação da “escolha certa” que todos já sentimos, que é a “alegria genuína, estar bem consigo e energia positiva”. “Autoestima é gostarmos de nós próprios”, concluiu.

A sessão foi organizada pelas turmas do 3º ano dos cursos Profissionais de Técnico Auxiliar de Educação (TAE) e Técnico de Turismo (TUR) e pelas professoras Luísa Dias e Maria do Céu Santos.

No final os docentes e estudantes fizeram várias questões, prova que o orador “suscitou interesse” e “conseguiu inquietar” o público com conceitos importantes do nosso dia a dia.

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