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Comunidade educativa caldense formou cordão humano em luta pela educação

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Os docentes das escolas das Caldas da Rainha aderiram na semana passada a mais uma ação de protesto entre muitas que a classe tem levado a cabo nos últimos meses em toda a região, com o objetivo de “defesa dos professores”.
Cordão humano de professores em frente à Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro

Os docentes das escolas das Caldas da Rainha aderiram na semana passada a mais uma ação de protesto entre muitas que a classe tem levado a cabo nos últimos meses em toda a região, com o objetivo de “defesa dos professores”.

Tiveram a seu lado em alguns casos pessoal não docente, alunos e encarregados de educação. “Unidos pela escola pública” e “Professores em luta pela educação” eram algumas das mensagens escritas em cartazes empunhados pelos manifestantes, que se juntaram num cordão humano em frente à Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro, Escola Básica de Santo Onofre, Escola Básica D. João II e Escola Básica de Santa Catarina.

A luta dos professores, que continua um pouco por todo o país ficou marcada na última semana por protestos e manifestações em frente às escolas, exigindo “respeito” e “valorização” pela classe. Na Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro, alguns dos 120 docentes que lecionam no estabelecimento de ensino formaram um cordão humano à porta da escola, durante dois dias seguidos, 18 e 19 de janeiro para mostrar o seu “descontentamento”, e pedir ao Governo que “pare, escute e resolva” os problemas da classe.

“Resolvemos fazer este cordão humano para recordar o que está em causa, a contagem do tempo de serviço, em que falta contar seis anos, seis meses e 23 dias, bem como a organização de carreiras em escalões, que devem acabar de uma vez por todas com as quotas de acesso ao quinto e sétimo escalões da carreira, obrigando assim os professores a ficarem eternamente pelo quarto escalão”, explicou Francisco Martins da Silva, docente de História da Cultura das Artes neste agrupamento.

Também a alteração do sistema de vínculos é outro dos aspetos que preocupam. “Ao longo da carreira há docentes que andam dez a quinze anos de serviço a contrato, enquanto que a lei prevê que ao fim de três anos de serviço sejam vinculados e o governo arranja sempre maneira de não cumprir a lei”, acrescentou o professor, alertando que “as duas principais questões, que fazem com que os professores tenham de viver com ordenados miseráveis e que ao final da sua vida profissional tenham à sua espera uma reforma de pobreza, é precisamente a não contagem do tempo de serviço e o entrave a meio da carreira”.

Francisco Martins da Silva também recordou que foi precisamente há quinze anos, durante a governação do Partido Socialista, que a questão com os professores surgiu, e desde aí “temos tido um problema insanável com os governos”. Contudo, “em 2019 houve uma oportunidade de haver uma reconciliação, quando a Comissão Parlamentar esteve toda de acordo em relação à contagem integral do tempo de serviço dos professores, mas isso não teve efeito, e assim estamos até hoje”, apontou o docente.

Nesse sentido, “estes problemas têm de ser resolvidos de uma vez por todas, e enquanto não houver uma calendarização pelo menos para a contagem do tempo de serviço e integrar-se os colegas contratados, estas manifestações vão manter-se, bem como esta instabilidade nas escolas”. “Nós só queremos respeito pela classe, pois está-se a cometer uma injustiça inqualificável e o governo deve estar sensibilizado para isso”, manifestou o professor, que acompanhado pelos colegas consideram que “esta é uma luta de todos”.

“Os sucessivos governos não têm respeitado a educação”

Na Escola Básica de Santo Onofre, os efeitos da luta dos professores também se fizeram sentir, na manhã da passada quinta-feira. “Respeito é a palavra mais abrangente desta luta”, sublinhou Carlos Hermínio, docente há 44 anos no estabelecimento de ensino, adiantando que “os sucessivos governos não têm de facto respeitado verdadeiramente a educação, nem com a valorização que deveria ter”. 

Em frente ao portão da escola, os professores com cartazes na mão apelaram para que a “educação seja vista como uma prioridade e que o governo olhe para as escolas de outra maneira, dando-lhes os mecanismos necessários para que a escola seja moderna”. “Essencialmente queremos uma escola melhor para os alunos e famílias, e que seja impulsionadora do futuro do país”, frisou o professor.

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A EBI Santo Onofre também aderiu aos protestos

A par das condições materiais e laborais a que estão sujeitos, a classe docente também reivindicou o desbloqueio da progressão na carreira. “É uma injustiça tremenda para grande parte dos colegas, que não vão conseguir chegar ao topo da carreira”, frisou o professor, esclarecendo que “o governo terá de repensar isso, senão vamos ter cada vez menos jovens a optar pela carreira docente e daqui a vinte anos vamos ter graves problemas graves, pois as escolas não vão ter professores”.

Outros dos aspetos criticados é o congelamento de salários há seis anos, que fizeram com que “os professores estejam a ganhar muito menos, porque não estão reposicionados onde deviam de estar”.

“Os professores estão a lutar por uma escola melhor, não só para ter melhores condições de trabalho, mas a pensar essencialmente nos seus alunos”, afirmou Carlos Hermínio. 

Na luta pela classe também esteve presente o diretor do Agrupamento de Escolas Raul Proença, João Silva, que sublinhou que “nesta fase temos de estar todos unidos, porque nos últimos anos as condições de trabalho para os profissionais do ensino têm sido desvalorizadas e as propostas que estão em cima da mesa só resolvem a curto prazo o problema do Ministério”.

O docente também criticou o sistema de vinculação, a organização das carreiras e “aquilo que agora querem fazer de colocar os professores a circular dentro do mesmo quadro de zona”. “Isso implica, que um professor sem horário completo, em vez de desenvolver o projeto dentro do agrupamento escolar, pode ter que ir dar aulas duas vezes por semana a Pataias e ninguém lhe paga isso”, exemplificou o diretor do agrupamento, destacando “a falta de ajudas de custo e o tremendo desgaste físico e psicológico dos professores”. Tudo isto, segundo João Silva, “está a tornar a profissão cada vez menos apelativa”.

O diretor aproveitou a ocasião para apelar à comunidade de encarregados de educação que se juntem “a esta luta, que é de todos”. “Não há futuro num país se não apostarmos na educação”, afirmou o diretor do agrupamento.

“Estamos de greve porque é grave a situação”

Os professores do Agrupamento de Escolas D. João II estiveram “em luta pela educação”. O relógio marcava oito horas da manhã, na passada sexta-feira, quando os profissionais do setor começaram a reunir-se na ponte de acesso pedonal à escola para pedir “respeito, dignidade e justiça” pela profissão. De cartazes na mão e com uma faixa colocada na ponte, o grupo de professores gritava que “estamos de greve porque é grave a situação”.

De acordo com Vasco Sousa, docente de Matemática no agrupamento, “esta é a nossa reação ao que tem acontecido no país inteiro, e nós sentimos que também devíamos de dar o nosso contributo a esta luta, que é de todos”. “Estamos solidários com todos os professores, os contratados e o pessoal não docente, pois chegamos a um ponto de rutura nas escolas”, frisou o professor, destacando a atual insatisfação da comunidade educativa, o excesso de cansaço devido à burocracia e as questões salariais, que “têm de ser revistas”.

No fundo, segundo o docente, “estamos aqui todos a lutar contra um problema que vai haver no futuro para a sociedade, a falta de professores”.

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A comunidade educativa da D. João II esteve em protesto na ponte de acesso à escola

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