Em vez de seis quilómetros, uma grávida residente na aldeia de Salir de Matos, nas Caldas da Rainha, teve de percorrer sessenta quilómetros até ao hospital de Santarém, porque o bloco de partos do hospital caldense se encontrava fechado na noite da passagem de ano.
Valentina Kovalenko, de 36 anos, de nacionalidade ucraniana e há dez anos a viver em Portugal, ainda festejou em casa a chegada de 2023, mas pouco depois começaram as contrações e rebentaram-se as águas da bolsa que envolvia o seu primeiro bebé. Os bombeiros tiveram de ser chamados pelas 02h28 da madrugada para levá-la e à mãe de ambulância, enquanto o padrasto foi noutro carro até ao hospital.
“Nós queríamos que ela fosse para o hospital das Caldas da Rainha e ficámos admirados quando nos disseram que estava fechado”, contou Helder Sousa, padrasto da grávida, que é surda-muda e repositora de supermercado em Lisboa.
“Correu bem, mas podia ter corrido mal, porque já se têm visto crianças a morrerem pela demora a chegar aos hospitais”, manifestou. Melissa Valentina nasceria às 11h09 de 1 de janeiro, com 2,060 quilogramas.
A distância não deixou de causar um “grande transtorno”: Helder Sousa quando regressava do hospital despistou-se com o carro onde seguia sozinho e embateu numa árvore, em Ribeira de Crastos, nas Caldas da Rainha, destruindo a viatura. “Foi o sono. Se fosse mais perto não tinha acontecido”, lamentou.
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