Mais de sete dezenas de aves marinhas foram encontradas mortas a sul da praia do Baleal, em Peniche, havendo em algumas delas indícios de fios de nylon utilizados em redes de pesca.
A denúncia foi feita pela organização de conservação do ambiente Mestres do Oceano, sediada naquela zona costeira, que recolheu nos últimos dias de novembro sessenta e cinco tordas-mergulheiras, três gaivotas, dois alcatrazes e uma alma-de-mestre, que arrojaram mortas no areal e foram enterradas pela associação, que comunicou o caso à Proteção Civil de Peniche e ao comando-local da Polícia Marítima.
“Havia, pelo menos em quatro aves, restos de rede de fio de nylon presos nos seus corpos, o que indica que elas ficaram presas nas redes e, muito cansadas, não conseguiram sobreviver”, relatou Afonso Castanheira, responsável da associação, indicando que cinco tordas-mergulheiras ainda estavam vivas e foram encaminhadas para o Centro de Reabilitação de Animais Marinhos de Aveiro para tentar que sobrevivessem.
“É um verdadeiro massacre. É ridícula esta quantidade de aves mortas. Não é normal”, manifestou o ativista ambiental, escultor e músico, conhecido por Sea Groove, que tem procurado também através da sua profissão fazer refletir sobre a defesa dos mares.
As aves poderão ter ficado presas nas redes de emalhar transparentes quando procuravam apanhar peixe. A captura acidental é uma das maiores ameaças às aves marinhas e causa também prejuízos aos pescadores, em termos de equipamentos danificados, iscos ou peixe perdido, e tempo passado a retirar aves das redes, linhas e anzóis.
Técnicos da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves trabalharam com os pescadores de Peniche para desenvolver um “papagaio afugentador”, uma espécie de espantalho marítimo em forma de ave de rapina, dispositivo que afasta as aves marinhas das embarcações de pesca e reduz a probabilidade de ficarem feridas ou morrerem nas redes de emalhar, mas enquanto não é de uso geral, mais cenários como este no Baleal poderão acontecer.
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