Inaugurada em julho de 2019 pelo Primeiro-Ministro António Costa, celebrando os 40 anos do Serviço Nacional de Saúde, a Unidade de Saúde Familiar do Bombarral constituída por sete médicos e sete enfermeiros está agora quase reduzida ao mínimo e ao verem a cada dia que passa as condições a piorarem algumas dezenas de utentes reuniram-se no passado sábado à entrada do estabelecimento de saúde para protestarem.
A concentração, promovida pela Comissão de Utentes do Centro de Saúde do Bombarral, foi aproveitada para lançar uma petição pública pela melhoria dos cuidados de saúde no concelho e que se espera reúna as 2500 assinaturas suficientes para o assunto ser debatido na Assembleia da República.
“Estamos a exigir mais médicos e enfermeiros porque a população não tem acesso às consultas nem à prestação de cuidados básicos”, declarou Rute Azevedo, da comissão, apontando que “existem dois médicos afetos ao centro de saúde que não podem dar resposta aos mais de doze mil utentes do concelho”, o que faz com que haja milhares de pessoas sem médico de família, como é o caso de António Soares, que está “há três anos nesta situação”.
A saída de médicos, por pedidos de mobilidade, teve como consequência imediata o aumento do número de utentes sem médico de família e o preenchimento dos horários em falta não acontece porque os profissionais “não consideram as condições encontradas atrativas para aqui se fixarem, devido à excessiva carga horária por causa das equipas reduzidas, e à falta de materiais e meios de diagnóstico para dar resposta às necessidades dos utentes”, apontou a comissão, que contou com o apoio do presidente da Câmara do Bombarral, Ricardo Fernandes, que disse que “os pedidos de mobilidade dos médicos são legítimos mas tem de se precaver a sua substituição antes de se permitir”.
Após vários meses de contestação dos utentes, por dificuldades em marcar consultas, a marcação de consultas (exceto agudas) passou a ser através de serviço telefónico, o que os utentes dizem ser “uma dificuldade acrescida”.
Por outro lado, a tentativa de colmatar a falta de profissionais com médicos tarefeiros, a recibos verdes, “não resolve o problema de fundo e cria uma enorme instabilidade e rotatividade nos profissionais e nos utentes”.
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