Os deputados do Partido Socialista eleitos pelo Círculo Eleitoral de Leiria apresentaram um projeto de resolução que recomenda ao Governo a regulamentação da arte de pesca do corrimão, tendo sido aprovada no passado dia 22 por maioria no Parlamento, com as abstenções da CDU, BE e PAN.
Os parlamentares socialistas Salvador Formiga, Eurico Brilhante Dias, Sara Velez, Jorge Gabriel Martins e Cláudia Avelar Santos assinalam este “é mais um enorme passo no sentido da regulamentação desta arte de pesca artesanal”.
A “pesca do corrimão” é parte integrante da cultura nazarena sendo maioritariamente efetuada nas praias daquele concelho, cuja regulamentação legislativa é desde há muito reivindicada por esta comunidade piscatória.
Para além da questão ambiental, a aprovação deste enquadramento legal “permite proteger as artes de pesca tradicionais contribuindo para a manutenção de tradições, hábitos e linguagens de forte caráter identitário, bem como para aumentar o enraizamento das nossas comunidades piscatórias com o mar, pelo que esta é também uma questão de sustentabilidade sociocultural”, referem os deputados do PS.
A pesca do corrimão é feita na praia, sobretudo no inverno, junto à rebentação, largando-se uma linha com anzóis ao longo do areal que, com a força da rebentação é arrastada para o largo. Presa numa ponta pelo ‘chambréu’ (pedra) e na outra pela mão do pescador, a linha é arrastada para dentro do mar, formando um semicírculo.
Depois, o pescador percorre o caminho no sentido inverso em que lançou a linha, recolhendo-a com o peixe numa gamela onde foi colocada uma tira de cortiça no rebordo para prender os anzóis. O peixe é guardado num saco de lona.
Esta pesca individual destina-se à economia familiar e tem larga tradição na Nazaré. Já em tempos antigos, para sobreviverem no inverno, os nazarenos iam ao corrimão para apanharem peixe para comer.
Apesar de ser praticada desde há muito pela comunidade piscatória nazarena, a pesca do corrimão não está prevista na legislação em vigor, o que tem implicado a autuação dos pescadores que a praticam. O executivo da Câmara Municipal da Nazaré já tinha solicitada a regulamentação, defendendo que se trata de uma arte de pesca “tradicional e amiga do ambiente”, já que “em nada prejudica o equilíbrio das espécies, uma vez que se trata de uma pesca muito seletiva no que se refere ao tamanho das espécies e o peixe capturado já é graúdo”.
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