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Custos de produção de pera rocha e maçã são cada vez mais altos

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A seca, as ondas de calor que se verificaram no mês de julho e a estenfiliose (doença das manchas castanhas causada por um fungo) fizeram com que seja esperada “uma quebra muito significativa da quantidade de Pera Rocha colhida este ano”. “Prevê-se uma quebra de 40% a 50% em relação ao ano passado, e tudo isto provoca-nos constrangimentos”, disse ao JORNAL DAS CALDAS, Rui Soares, presidente da APAS - Associação dos Produtores Agrícolas da Sobrena (Cadaval).
Rui Soares, considera que a agricultura portuguesa tem de ser repensada no futuro

A seca, as ondas de calor que se verificaram no mês de julho e a estenfiliose (doença das manchas castanhas causada por um fungo) fizeram com que seja esperada “uma quebra muito significativa da quantidade de Pera Rocha colhida este ano”. “Prevê-se uma quebra de 40% a 50% em relação ao ano passado, e tudo isto provoca-nos constrangimentos”, disse ao JORNAL DAS CALDAS, Rui Soares, presidente da APAS – Associação dos Produtores Agrícolas da Sobrena (Cadaval).

Decorridos os primeiros dias da colheita de 2022, este produtor que é proprietário de 32 hectares de cultivo de pera rocha, além da produção da maçã e vinha, referiu que tinham previsto uma quebra de “aproximadamente 30% em relação à campanha anterior, o que já não era muito benéfico, mas aceitável, mas a quebra vai aumentar”.

A seca extrema e as altas temperaturas em julho, fizeram com que não haja “disponibilidade de água no solo e nas poucas reservas de água existentes na região Oeste para regar, o que se reflete na produção da pera rocha”.

Rui Soares, presidente da direção da Adega Cooperativa da Vermelha, sublinhou que a agricultura portuguesa tem de ser repensada e reformulada no futuro. “Temos de reformular a agricultura portuguesa, porque os recursos hídricos são cada vez mais escassos e os custos de produção são cada vez maiores”, apontou.

O presidente da APS alerta, que os produtores devem acautelar o futuro e tentar explorar os recursos hídricos o melhor possível, para terem reservas para tempos de seca. “Os erros que os governantes cometeram ao longo dos últimos anos, em não criar pulmões para reservatórios de água e outras formas de preservar os nossos recursos hídricos, está a penalizar-nos”.

O responsável refere ainda, que as “quebras se podem sentir nos próximos anos, porque as árvores precisam de água e têm de ter reservas para poderem acompanhar o seu ciclo de maturação”.

Segundo Rui Soares, os custos de produção são elevadíssimos, não só em “energia como nos combustíveis e produtos fitofármacos”. Nesse sentido, questionou, se o “consumidor irá ter capacidade para responder a este aumento de preços”.

Relativamente à exportação, o produtor que possui toda a certificação exigida e necessária, explicou que “tudo está encaminhado”, tendo como principais mercados de destino desta fruta, o Brasil e Reino Unido.

Na campanha de 2021/2022, a produção de pera rocha, situou-se nas 220 mil toneladas, das quais 60 a 70% foram exportadas.

 50 pessoas de etnia cigana na apanha da pera rocha

Rui Soares disse que a agricultura se depara com dificuldade de recrutamento de pessoal, o problema maior está relacionado com o setor das colheitas. O responsável adianta que, “a agricultura se confronta com dificuldade de contratação de pessoas em diversas categorias profissionais”, mas, “geralmente, as situações relacionadas com a colheita de produtos hortícolas ou de frutas, são as mais problemáticas”.

Quanto às suas campanhas da pera rocha, este produtor, tem nos últimos três anos recorrido à etnia cigana. Tem neste momento 50 pessoas desta etnia a trabalhar na colheita desta fruta.

Segundo este responsável, a região do Oeste já começou a receber milhares de trabalhadores sazonais e mais vão continuar a chegar nas próximas semanas. Diz que da etnia cigana, estão cerca de 1500 pessoas, e se não “fossem eles, os agricultores tinham muita dificuldade em colher as suas frutas, sabendo nós, que a fruta tem uma fase de colheita com prazo limitado, começando depois a amadurecer”.

“Esta comunidade é essencial para a economia local, por falta de mão de obra para a colheita da fruta”, contou, revelando que também têm trabalhadores indianos, moldavos e asiáticos.

 O produtor considera que há menos pessoas para trabalhar, porque “estão a usufruir de outros rendimentos, ou já se encontram a trabalhar noutros sítios. Isso faz com que tenhamos que recorrer a outras etnias para efetuar a colheita.

“São estas pessoas, que nesta época de grande azafama, nos auxiliam na colheita. Se não for estas etnias, nós teríamos muita dificuldade em colher as nossas frutas. Ainda bem que existe estas pessoas, que são sempre bem-vindas”, salientou.

Defende outras soluções para a contratação de pessoal, para a altura das campanhas. “O Governo deveria criar outros procedimentos de recrutamento, requisitos e ofertas com mais flexibilidade e mais informações relevantes, que sejam do interesse do candidato para trabalhar”, contou.

Outro problema relatado pelo presidente da direção da Adega Vermelha é, justificar a “documentação e a falta de flexibilidade, por parte da segurança social ou de quem rege, no sentido de facilitar o processo de contratação de pessoal”. Contudo, indica que tem vindo a melhorar, mas “poderia ser melhor no sentido de permitir, desenvolver, educar e informar a etnia cigana e comunidades estrangeiras, que são indispensáveis para a campanha da pera rocha”.

A fruta conquistou Prudêncio Canhoto durante as férias

Prudêncio Canhoto (etnia cigana) de 50 anos, mediador na Câmara Municipal de Beja, trabalha nas férias nas campanhas da fruta para Rui Soares.  Coordena um grupo de 22 pessoas, e gosta de trabalhar nesta área e ver o “resultado do seu trabalho”.

Destacou as ótimas condições proporcionadas pelo produtor, onde a maioria fica em contentores com acesso a cozinha e casa de banho.

Revelou que “já há alguns anos, que a comunidade cigana se desloca para a região do Cadaval para ajudar na colheita da fruta do produtor Rui Soares”. “A vida está muito complicada, e aproveito as minhas férias para poder adquirir mais algum rendimento extra, através da colheita da fruta”, contou.

Prudêncio Canhoto disse que a campanha deste ano está a ser um pouco mais complicada, porque a “fruta não está como nos anos anteriores”. “Está muito picada e queimada, indo metade para o chão”, relatou.

Para este trabalhador, a colheita é boa ,“quando colhemos a fruta e conseguimos ver os palotes cheios”.

“Os agricultores correm o risco de receberem menos do que aquilo que gastaram para produzir”

Decorrida a primeira semana da campanha da pera rocha, Carla Simões, responsável pela Frutalvor – cooperativa de fruticultores e organização de produtores, sedeada em Caldas da Rainha com fortes tradições na produção de pera rocha e maçã, disse que em termos de qualidade e sabor, este ano, “ambas estão muito boas, mas com quantidades muito mais reduzidas em relação ao ano anterior, sobretudo na pera rocha”.

“A quebra na pera é muito maior, apesar de ainda não conseguirmos quantificar”, refere, a gestora da Frutalvor.

Quanto ao calibre, é menor na “pera do que na maçã”.

“A favor tem o facto de o sabor ser muito bom, estando a fruta muito mais limpa”, apontou.

“Todos temos a noção que será um ano muito desafiante, porque estamos a falar de menores quantidades, uma pera rocha com menor calibre, e trabalhar num contexto que eu acho que nenhum produtor, algum dia, trabalhou com preços nunca vistos”, relatou. Indicou que trabalha há mais de 20 anos na Frutalvor e não se recorda de trabalhar neste “contexto de inflação”.

“Tudo isto vai nos criar algumas dificuldades, porque os custos são brutais”, apontou, acrescentando que “é o primeiro ano em que toda a campanha, desde o campo até ao consumidor final, todos os custos, têm vindo a subir”.

Admite que por vezes têm dificuldade em “quantificar os custos todos, quando queremos estabelecer o preço, porque tudo está sempre a subir”. Por sua vez explica, que também é necessário “gerar tudo o que o mercado dá em função disso”, alegando que “está muito difícil”.

A responsável explica que estão numa fase em que estão a ver os mercados e a averiguar quanto pagam pela fruta. “Temos a noção que temos de subir preços, como está a acontecer em todas as áreas de atividade, se não os agricultores não vão sobreviver e correm o risco de este ano receberem menos do que aquilo que gastaram para produzir”, referiu. Carla Simões diz que, este ano não sentiram tanta dificuldade em recrutar pessoas como no ano anterior, isto “devido às quantidades, serem menores do que em 2021”. “Não houve tanta dificuldade, até diria que em alguns casos verificou-se mais oferta do que procura de mão de obra”, contou, revelando que os estrangeiros contratados para a apanha da fruta são sobretudo indianos e nepaleses.

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