Apesar da polémica causada pelas críticas do ministro da cultura, Adão e Silva, que considerou o evento “atentatório à dignidade humana”, realizou-se sem sobressaltos, no passado domingo, na Benedita, o espetáculo de “variedades taurinas” intitulado “Tourada Cómica”, que incluiu a participação de um grupo espanhol de anões toureiros.
O evento, licenciado pela Inspeção-Geral das Atividades Culturais, foi promovido associação humanitária dos Bombeiros Voluntários da Benedita, tendo sido contestado por associações ligadas aos direitos das pessoas deficientes e ao movimento anti-touradas, como a Plataforma Basta de Touradas, que sustentou que este tipo de espetáculo era “degradante”.
João Guerra, da organização do evento, disse que “estas pessoas, algumas com deficiência, têm lugar a ter a profissão que querem, aliás, têm carteira profissional de toureiros, e este espetáculo existe já há muitos anos”.
Jimmy Munoz, um dos anões toureiros, garantiu que “não somos uma anedota e as pessoas não se riem de nós como se fosse uma humilhação, mas sim pela paródia e pelo número que fazemos para diverti-las”.
“Nunca em tempo algum marginalizámos fosse quem fosse pela idade, etnia, raça ou pela cor”, sustentou Jaime Amante, representante do grupo em Portugal.
Na praça desmontável da Benedita, com lotação de 2600 lugares, mais de metade ocupados, foram lidados bezerros, não tendo havido qualquer uso de ferros como nas touradas. Não se verificou qualquer manifestação em redor do recinto, vigiado pela GNR.
A questão não são estas pessoas. A questão são outras pessoas com este tipo de incapacidade que, obviamente sentem a sua dignidade afetada. Isto é próprio do século XIX não devia ser permitido nos dias de hoje. É vergonhoso e humilhante a todos os níveis. Já sabemos que estas pessoas estão lá porque querem e gostam do que fazem. Mas a questão não é essa. Uma sociedade civilizada devia promover a dignidade humana e o respeito por todos os seres.
Não admira que em Espanha já quase não existam touradas com anões e até ponderem proibir de vez. Por isso, vêm para Portugal.