A Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) das Caldas da Rainha no serviço de urgência do Centro Hospitalar do Oeste (CHO) voltou à situação “normal” de seis a sete saídas por turno de oito horas, número que havia reduzido nos dois últimos anos de pandemia. No dia 15 de maio foi celebrado o 20º aniversário da VMER.
Os vinte anos de funcionamento da VMER foram assinalados com um almoço convívio no restaurante Paraíso do Coto, que reuniu cerca de 50 profissionais de emergência pré-hospitalar e seus familiares. Juntaram-se ainda ao evento elementos que já não estão em funções, mas que fizeram parte da equipa.
O primeiro acionamento que a VMER das Caldas teve foi a 15 de maio de 2002, cerca das 22h00, para socorrer uma doente diabética.
“São vinte anos muito gratificantes porque ao longo deste tempo sabemos que contribuímos para uma melhoria de prestação de cuidados de saúde ao serviço da população do Oeste”, disse Nuno Pedro, enfermeiro coordenador da VMER das Caldas.
No regresso à “normalidade” após dois anos marcados pela pandemia, Nuno Pedro disse que “depois do decréscimo de ativações da emergência pré-hospitalar para situações graves de acidentes rodoviários, atropelamentos e problemas em escolas durante os primeiros dois anos da pandemia, registou-se agora um acréscimo de chamadas para ocorrências”. “Nota-se que agora está a voltar ao que era habitual antes da pandemia com muitas situações de trauma devido a acidentes rodoviários, quedas na via pública e atropelamentos”, relatou.
Nuno Pedro lembrou que em 2021 devido aos casos de infeção por Covid-19, houve um aumento de saídas para casas de repouso e lares, mas na maioria das vezes só podiam ajudar com gestos de conforto.
100% operacionalidade das escalas
As VMER são um meio de socorro pré-hospitalar diferenciado, com condições que as ambulâncias normais não têm e que, por isso mesmo, podem salvar vidas que noutras circunstâncias não seriam salvas. Têm obrigatoriamente um médico, um enfermeiro e equipamento avançado de suporte de vida. O serviço das Caldas é garantido por 20 médicos e 17 enfermeiros, com uma média de 150 saídas por mês.
Segundo o enfermeiro coordenador, ao contrário de algumas VMER, nomeadamente do interior do país que estão a ser afetadas com falta de profissionais de saúde, “nós temos assegurado 100% de operacionalidade das escalas”.
Admite que se trata dum trabalho “duro”. “Exige dos profissionais abnegação, disponibilidade, resiliência e resposta rápida. O hospital tem as quatro paredes que nos protegem, mas na rua não há segurança e nem sempre é fácil estarmos num local a socorrer uma vítima quando temos um familiar a gritar ou a chorar”, sublinhou.
Outro problema apontado é quando são encaminhados para uma ocorrência e a morada do incidente não está certa, criando ansiedade nos profissionais de saúde.
Nuno Pedro defende que haja um ensino de cidadania nas escolas para aprender como utilizar o número de Emergência – 112. “A chamada é atendida de imediato pelos centros de emergência (PSP), que acionam os sistemas médico, policial e de incêndio, consoante a situação. Por exemplo, se há uma situação que precisa de uma ambulância, quando a pessoa liga e não tem a perceção que é a PSP que atende, tem a tendência a dizer tudo e a seguir vai ter que repetir novamente, perdendo mais tempo do que é preciso”, contou.
O responsável fez um balanço positivo do trabalho da equipa relatando que há sempre situações de angústia porque “apesar da maioria dos casos ser de sucesso, nem sempre conseguimos salvar todos, ou porque não chegámos a tempo ou não era mesmo possível”.
Quanto ao equipamento de Suporte Avançado de Vida, Nuno Pedro destacou que o conselho de administração do CHO tem fornecido à VMER das Caldas “todo o material que necessitamos para dar apoio com qualidade aos doentes e casos de emergência”.
O médico Jorge Mesquita e os enfermeiros Pedro Nuno, Paulo Francisco Neto, Wilson Moleiro e Eddy Dias fazem parte da equipa da VMER das Caldas desde a sua criação.
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