Quinze enfermeiros que começaram a trabalhar nos serviços de urgência do Centro Hospitalar do Oeste (CHO) em dezembro do ano passado, ao abrigo do Plano de Contingência para o Inverno, verão os contratos, com duração de quatro meses, cessados até 30 de abril, tendo a administração solicitado autorização para proceder à sua renovação.
De acordo com a administração, o objetivo foi “reforçar os recursos humanos nestes serviços, dado o aumento da afluência de doentes decorrente da época do ano”, necessidade que se mantém.
Enquanto aguarda pelo deferimento da tutela, dando cumprimento aos termos legais, foi comunicado por escrito aos profissionais o término dos contratos, conforme previsto aquando da sua assinatura.
A administração garante que tem “envidado todos os esforços para contratar recursos humanos para dar a melhor resposta na prestação de cuidados de saúde à população” no CHO, que integra os hospitais de Caldas da Rainha, Torres Vedras e Peniche.
Para o Sindicato de Todos os Enfermeiros Unidos (SITEU), a dispensa dos quinze enfermeiros é uma forma do CHO “não alargar o número de trabalhadores do quadro de pessoal”, o que “vai agravar a já reduzida equipa de enfermagem das três unidades, que têm todas défice de trabalhadores em várias áreas, incluindo de enfermeiros”.
Gorete Pimentel, presidente da direção do SITEU, manifestou que “os serviços de urgência de Torres Vedras e das Caldas da Rainha são conhecidos pela situação caótica em que operam devido à grande falta de trabalhadores em todas as áreas de atendimento ao doente”. Segundo fez notar, “estes despedimentos podem estar a encobrir uma situação fraudulenta de recontratar daqui a uns dias, de forma a que os quinze enfermeiros não transitem para um contrato por tempo indeterminado”.
A dirigente do SITEU acusou o CHO de “recorrer frequentemente a empresas de prestação de serviços para contratação de médicos com o pagamento de valores astronómicos de 90 euros por hora, mas não consegue justificar os sete euros por hora que os enfermeiros ganham, preferindo despedir e deixar os utentes sem assistência de enfermagem e entregues ao abandono”.
“Enquanto os enfermeiros que ficam aguentarem, serão sobrecarregados mensalmente com várias dezenas de turnos extra, aumentando a exaustão e a desmotivação por não conseguirem realizar uma assistência com qualidade”, denunciou Gorete Pimentel.
“Durante os meses que estes quinze enfermeiros estiveram a trabalhar, o CHO não conseguiu suprimir as lacunas de pessoal de enfermagem. É preciso voltar atrás nesta decisão porque, para além do défice crónico de enfermeiros em situações sociais normais, ainda não nos livrámos da pandemia e temos os surtos atuais da gripe A que agravam a situação pandémica”, alertou.
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