A Procissão dos Passos voltou a sair às ruas de Atouguia da Baleia, no concelho de Peniche, três anos depois da última procissão, naquele que foi o regresso das grandes celebrações religiosas já com diminuição das restrições sanitárias.
Um dos principais pontos da agenda religiosa e cultural de Atouguia da Baleia, a procissão, no passado dia 3, foi acompanhada por centenas de pessoas, incluindo refugiados ucranianos recém-chegados à freguesia.
Ao som dos sinos de três igrejas e de marchas fúnebres interpretadas pela Banda da Sociedade Filarmónica União 1.º Dezembro 1902, percorreu as ruas entre a igreja matriz medieval da vila, a Igreja de São Leonardo, e a Igreja da Misericórdia. No Largo da Senhora da Conceição deu-se o ponto alto do encontro dos andores do Senhor dos Passos e de Nossa Senhora das Dores, durante o Sermão do Encontro.
Organizada pela Santa Casa da Misericórdia de Atouguia da Baleia, foi presidida por um dos párocos de Atouguia da Baleia, o padre Lino Uhenge. Conforme tinha sido anunciado, a procissão foi, toda ela, um momento de oração pelo fim da guerra na Ucrânia, em memória de todas as vítimas do conflito e de prece pelos milhões de deslocados. Ao longo do percurso as reflexões incidiram sobre o tema da guerra e entrelaçaram-se com os Passos da Paixão sobre os quais se meditava.
No início da Procissão, o padre citou o Papa Francisco e anunciou que “os pensamentos voltam-se, em especial, para a Ucrânia e para o povo martirizado pela terrível guerra que, há mais de um mês, ceifa vidas inocentes”, pedindo ainda “o fim desta e de todas as guerras, a proteção do povo ucraniano”.
Na procissão participaram a figura simbolizando Verónica, que limpou o rosto de Cristo no caminho para o calvário, e 31 anjinhos, alguns deles levando os martírios da Paixão, também designados “Arma Christi” – a coroa de espinhos, o letreiro “INRI” (Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus), a escada, a lança, a cana com a esponja, os cravos e o martelo e os dados.
A Procissão dos Passos realiza-se anualmente em Atouguia da Baleia no quinto domingo da quaresma. Em 2000 foi retomada uma tradição que se perdera nas décadas anteriores.
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