O século XX foi o século da libertação – e liberdade sexual. Mas a história do sexo nos últimos 60 construiu-se progressivamente, com avanços e recuos, em diferentes velocidades, tendo em conta os diversos contextos culturais e circunstâncias históricas de cada país.
A segunda metade do século passado trouxe o entusiasmo do pós-Guerra, mas também grandes acontecimentos político-sociais – a Guerra Fria, o Maio de ‘68, a Guerra do Vietname, a Guerra Colonial, a queda do Muro de Berlim, etc.
Lembremos ainda as circunstâncias de alguns países do sul da Europa terem vivido debaixo do castrador jugo de ditaduras fascistas.
Para além das diferenças ideológicas em confronto, também as diferenças religiosas fizeram a diferença. Nos países católicos do Sul, as mudanças foram mais lentas do que nos países protestantes do Centro e Norte da Europa, por exemplo.
Olhemos para uma cronologia do sexo, num resumo por décadas. Dos anos ‘60 até ao advento das sex shop online com sex toys tecnológicos.
Anos ’60 – A Revolução Sexual
Em 1960 a pílula anticoncecional começa a ser comercializada nos EUA. Em Portugal havia famílias com muitos filhos, mas poucos fora do casamento.
Dados
7.8 | Casamentos por 1000 habitantes
3.2 | Média de filhos por mulher
9% filhos fora do casamento
Em 1962, a pílula chega a Portugal como “regulador de ciclos menstruais”. Cinco anos mais tarde, em 1967, a Dinamarca legaliza a pornografia escrita.
Em 1968 surge um dos grandes marcos destes últimos 60 anos e símbolo máximo da Revolução Sexual: o Maio de 68, em Paris, com o esclarecedor slogan “É Proibido Proibir”. Um ano depois, em 1969 o Festival de Woodstock realiza-se debaixo do trio da vida airada “sexo, drogas e rock´n´roll”.
Anos ‘70
Em 1973 a homossexualidade deixou de ser considerada uma doença nos EUA. Em 1974, em Portugal, com o fim da censura, as revistas pornográficas popularizaram-se. Um ano mais tarde o filme erótico “Emanuelle” é exibido nos cinemas portugueses.
Em 1976 são criadas as primeiras consultas de planeamento familiar em Portugal. No mesmo ano é decretada a primeira lei a regulamentar a pornografia. Três anos mais tarde, é promovida a primeira Campanha Nacional pelo Aborto e pela Contraceção.
Anos ‘80
Em 1980 os métodos contracetivos declarados pelas mulheres portuguesas eram: coito interrompido (38%), pílula (30%) e preservativo (8%). Em 1981 é reportado o primeiro caso de HIV nos EUA. Em 1983 é reportado o primeiro caso de sida em Portugal. Os números vão crescendo até 1989.
Em 1984 surge legislação nacional que amplia os cuidados de planeamento familiar aos jovens e fala-se, pela primeira vez, da educação sexual nas escolas. Em 1985 a fecundidade é quase metade do que em 1960.
Dados
6.8 | Casamentos por 1000 habitantes
1.7 | Filhos por mulher
12% | Filhos fora do casamento
No final dessa década os videoclubes passavam a ter filmes pornográficos no seu catálogo de aluguer.
Anos ´90
A internet universaliza o acesso à pornografia. Em 1991 os casos de sida em Portugal explodiram. Em 1997 o primeiro método contracetivo entre as mulheres era a pílula (60%), seguido do preservativo (22%) e do coito interrompido (10%). Nesse ano a idade média da primeira relação sexual era, nas mulheres, 20.6 anos, e nos homens 17.4 anos. Em 1998 os portugueses rejeitam a despenalização do aborto em referendo nacional (51% não, 49% sim). Nesse ano o Viagra, medicamento para a disfunção erétil, chega a Portugal.
Anos 2000
Em 2001 a Holanda é o primeiro país a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo. No mesmo ano o Parlamento português autoriza a pílula do dia seguinte. Em 2007, o aborto volta a ser referendado. Desta vez os portugueses dizem sim à sua despenalização (Sim 59%, Não 41%). A idade das primeiras relações sexuais reduz-se significativamente.
Anos ‘10
O casamento entre pessoas do mesmo sexo é legalizado em Portugal. Surgem aplicações como o Tinder (2012). Smartphones e redes sociais derrubam mais fronteiras à pornografia.
Dados
3,2 | Casamentos por 1000 habitantes
1,4 | Filhos por mulher
57% dos filhos nascem fora do casamento
Anos ‘20
Motivado pelos confinamentos e restrições impostos pela COVID-19, é inaugurado um novo paradigma que evidencia as soluções tecnológicas para relações sexuais virtuais. Brinquedos sexuais vendidos por sex shop online e entregues em casa em poucos dias, realidade virtual e robôs, entre outras propostas apimentadas pela tecnologia. Em dois anos, tudo mudou e uma nova revolução chegou para ficar.
Que nos reservará o resto desta década?
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