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Guerra na Ucrânia através da lente do fotojornalista caldense

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O fotojornalista caldense Miguel A. Lopes testemunhou de perto durante vinte dias os efeitos da guerra em várias cidades da Ucrânia, bem como aquilo que “os ucranianos estão a sofrer”. Todos esses “momentos” foram captados e partilhados diariamente através das suas redes sociais.

O fotojornalista caldense Miguel A. Lopes testemunhou de perto durante vinte dias os efeitos da guerra em várias cidades da Ucrânia, bem como aquilo que “os ucranianos estão a sofrer”. Todos esses “momentos” foram captados e partilhados diariamente através das suas redes sociais.

Passavam pouco dias desde o início do avanço das tropas russas pelo território ucraniano, quando o fotojornalista caldense e correspondente da agência Lusa foi solicitado para cobrir o conflito na Ucrânia. Foi neste “cenário de guerra” que Miguel A. Lopes optou por mostrar através das suas redes sociais a realidade nua e crua que se vive no território do Leste europeu assolado pela guerra.
O caldense recordou que “lá cada dia era sempre vivido como um de cada vez, pois nunca tínhamos a garantia de que íamos conseguir fazer alguma reportagem”. Primeiro esteve na Polónia, em Przemysl, onde assistiu “a milhares de mulheres com as suas crianças, alguns bebés com semanas, que procuravam uma solução para as suas vidas e homens ucranianos que regressavam ao seu país para poderem combater”.
“Uma dura realidade difícil de digerir”, sublinhou Miguel A. Lopes, adiantando que “na viagem de comboio entre Przemysl e Lviv, na Ucrânia, conheceu o ucraniano Oleskyi, que se retirou do seu posto de operário numa fábrica de amortecedores em Gliwice, na Polónia, e aos 47 anos preparou-se para voltar à guerra, depois de ter combatido no exército como cabo na região de Donbass.
“Vestido com um casaco militar com a bandeira ucraniana na manga esquerda, afirmou que é movido pelo mesmo dever de todos os que responderam ao apelo de mobilização para a defesa do país”, recordou o relatou o fotojornalista, lembrando que “muitos, mesmo com medo, optaram por voltar à Ucrânia para combater, buscar familiares ou apenas voltam porque não se resignam a ver o seu país ser destruído por Putin”.
Também contou que “apesar de todo o caos derivado da movimentação de tantas pessoas, reinava uma grande calma e respeito nas longuíssimas filas, nos centros de acolhimento, mesmo em comboios e estações completamente cheias”.
Depois da Polónia, o fotojornalista teve oportunidade de percorrer algumas localidades ucranianas, que já tinham sido bombardeadas pelas forças russas. Foi o caso de Pustomyty, uma vila situada perto de Lviv, onde visitou um infantário, que cedeu as suas instalações para serem convertidas num centro de acolhimento para refugiados, com dormitórios. “No dia que lá fomos só estavam 24 pessoas, 10 já tinham partido de manhã após lá passarem apenas uma noite e estava prevista a chegada de um autocarro com 30 pessoas durante a noite. Uma ucraniana de 20 anos com o seu bebé de 7 meses ao colo e ainda sem destino, agradeceu o nosso trabalho”, relembrou Miguel.
Durante estes dias, o caldense também testemunhou a hesitação de alguns residentes locais, que “agora fazem a segurança no posto de controlo da entrada das cidades, que faziam turnos de seis horas ao som dos bombardeamentos russos, da antiaérea ucraniana e das sirenes de alarme, numa frente de batalha contra um inimigo muito próximo e quase invisível”. O caldense destacou “a resiliência do povo que teima em não sair do seu país perante a destruição dos edifícios atingidos por mísseis russos”.
Relativamente aos chamados “bebés da guerra”, o fotojornalista sublinhou a visita ao Centro Regional Perinatal de Zhytomyr, localizado a 140 quilómetros de Kyiv, onde “a vida nasce no abrigo por baixo do edifício principal”. “Num dos quartos improvisados, uma mãe acariciava o seu bebé, Nikita, que nasceu no dia 11 de março, enquanto outra, olhava para o seu numa incubadora da sala ao lado, com apenas dois dias de vida”, contou Miguel, adiantando que “este centro foi atingido pelas ondas de choque de um bombardeamento no bairro ao lado na madrugada de 2 de março e toda a maternidade foi transferida para o abrigo”.
A força dos homens que ficaram para trás para defender o seu país e que se juntaram voluntariamente às forças de defesa territorial ucraniana impressionou o fotojornalista: “Muitos deles nunca tinham pegado em armas e poucas horas de formação tiveram, mas fazem turnos em pontos de segurança, enquanto outros verificam quem passa e outros apenas ficam escondidos de armas apontadas para o caso de confusão”.
Miguel acrescentou que “um deles depois da reportagem tirou uma pequena bandeira ucraniana com velcro do seu equipamento e deu-me, depois meteu as mãos aos bolsos e de lá tirou uma granada, referindo-se em tom de brincadeira como uma “apple” (maçã)”.
Durante o tempo que esteve no conflito, o caldense foi guiado e acompanhado por um jornalista ucraniano, Andrei Kovalenko, que “além de tradutor e condutor, é agora um grande amigo”, que conseguiu mostrar “um pouco do que os ucranianos estão a sofrer”.
Agora de volta a Portugal, frisou que é “difícil ou impossível sentir o que o povo ucraniano está a sentir neste momento, que das suas vidas trazem pouco mais que uma ou duas malas ou sacos, deixando quase tudo para trás”. “E por mais que possa tentar encontrar palavras para descrever tudo o que senti e vi nada fala tão alto como as fotografias que fiz”, referiu.

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