O Dia Mundial da Água, na passada terça-feira, foi assinalado pela Câmara Municipal das Caldas da Rainha com a inauguração da ligação da água no chafariz da Rua Nova, a fonte do Largo D. Manuel I e a fonte dentro do Hospital Termal, que foram reabilitadas pela autarquia.
A cerimónia começou com um momento musical por Pedro Caldeira Cabral, Orlando Trindade e Joaquim Silva, seguindo-se a ligação dos fontanários.
O vereador do PS, Luís Patacho, que é também o representante do Município na Associação Europeia das Cidades Históricas Termais (EHTTA), que conta atualmente com 48 cidades associadas em mais de 15 países, disse que tem muita satisfação em ver a recuperação das fontes e chafarizes.
Luís Patacho afirmou que Caldas é a “terra das águas”, mas não tem sabido viver muito bem com aquilo que “são as suas fontes e chafarizes e até alguns elementos escultóricos que deveriam ter água e que não têm”.
Considera que esta iniciativa é por si “significativa”, mas também “simbólica”, porque é desde logo uma “recuperação do património das Caldas”.
O autarca espera que esta ação seja uma viragem do concelho na colocação do termalismo “na primeira linha da agenda do município e da economia das Caldas”.
Plano de Expansão do Termalismo
O socialista lembrou o passo que foi dado no sentido de se conseguir reabrir as “termas”, revelando que “agora finalmente a Câmara está a encetar diligências e procedimentos para a aprovação de um Plano de Expansão do Termalismo”. “Isto para mim é uma iniciativa muitíssimo relevante porque há anos que defendo a expansão do ponto de vista patrimonial como a construção de um novo balneário mais moderno e mais atrativo, que seja mais concorrencial face às estâncias termais pelo país fora”.
Luís Patacho adiantou que é importante que se consiga com esse plano de expansão uma “articulação com o património mais recente”. Defende ainda uma articulação com a “economia local e com as águas do mar da Foz do Arelho, de Salir do Porto e de Paul de Tornada”. “Que esta iniciativa seja mais um passo para definitivamente darmos prioridade ao termalismo nas Caldas”, declarou.
O presidente da Câmara, Vitor Marques, revelou que estão a dar passos “para colocar todo este património ao serviço da população e ao serviço da saúde”.
“Hoje pusemos as fontes a deitar água”, salientou, acrescentando que “é uma água que não é desperdiçada porque já ia para o lago do Parque D. Carlos I e agora foi desviada para os fontanários”.
Segundo Vítor Marques, é um “processo que já estava feito, foi só recuperar e tirar partido do que já estava realizado”.
Referiu ainda que a autarquia quer dinamizar mais momentos musicais no “Hospital Termal, mas também proporcionar estes momentos noutros locais do concelho”.
Caldas com ligação a chafarizes e fontanários
Caldas da Rainha, além da ligação umbilical às artes, mantém uma ligação especial com as águas, não se confinando apenas às termais, mas também a chafarizes e fontanários.
Exemplo disso mesmo é o Chafariz da Rua Nova, o segundo de três chafarizes construídos nos meados do século XVIII que visavam oferecer à população um bem de difícil acesso na altura – água potável.
Este chafariz surgiu no seio de inúmeras transformações da então vila das Caldas da Rainha, protagonizadas por Manuel da Maia (engenheiro), a pedido do Rei D. João V e encontra-se no Largo D. Manuel I, próximo da escadaria que liga à Rua Rodrigo Berquó.
O objetivo consistia em ter um total de sete bicas nos três chafarizes, numa homenagem às plêiades, sete filhas de Atlas e da oceânide Pleione, que correspondem a estrelas, sendo a razão das estrelas nos chafarizes. A sua construção assenta num estilo barroco, de corpo único, com uma estrela onde assenta a bica, precisamente uma das sete plêiades.
No interior do edifício principal do Hospital Termal, próximo da escadaria de acesso à Piscina da Rainha, encontramos a buvette termal, onde se podia ingerir água termal como tratamento. Tem um claro estilo joanino, fazendo parte das novas infraestruturas termais contruídas entre 1747 e 1750.
Já o chafariz no centro do Largo D. Manuel I tem um estilo mais moderno, tendo sido instalado no século XX.
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