Olhar JSD
O inevitável aconteceu. O bastião mundial da segurança que a Europa (e a União Europeia) representa foi violado e estamos perante a maior catástrofe desde a segunda guerra mundial.
De um lado David, do outro Golias e, no meio, aproximadamente 44 milhões de cidadãos ucranianos a viver uma tragédia aterradora. Sozinhos. Escondidos em caves, estações de metro ou qualquer outro sítio que lhes pareça seguro, de coração nas mãos. Despidos de bagagem, fogem para onde podem, sem saber o que acontecerá no próximo minuto.
O sofrimento daquele povo sente-se a milhares de quilómetros de distância e só a solidariedade europeia poderá dar algum alento aos milhões de refugiados de guerra que desde dia 24, para o seu próprio bem, foram obrigados a partir de casa.
Portugal costuma ser um exemplo do bom acolhimento. Sabemos receber quem precisa e a nossa própria cultura evidencia isso mesmo.
Nas Caldas da Rainha, temos uma comunidade ucraniana com cerca de 300 cidadãos. Pessoas que viram na nossa cidade um porto seguropara si e para as suas famílias e, hoje, todos nós temos um amigo ou um conhecido ucraniano que partilha as suas frustrações ou mesmo que saiu daqui para ir lutar pela sua terra.
Iremos enfrentar – já estamos, melhor dizendo – um massivo fluxo migratório. A nossa cidade não será exceção e temos de estar prontos para isso.
É necessário e urgente pensar num programa de acolhimento e integração a vários níveis. Temos de ponderar as várias dimensões de apoio para que a integração dos cidadãos seja célere, eficiente e tranquila – dentro do possível. Existem cinco principais pilares onde devemos centrar atenções: o apoio legal; apoio médico e psicológico; apoio à habitação e emprego; apoio à educação; e, apoio às famílias ucranianas a viver nas Caldas.
É importante garantir o apoio legal aos cidadãos, através de bolsa de advogados, solicitadores ou notários que queiram ajudar ao nível legal. O apoio médico e psicológico, por via de gabinete de apoio médico aos cidadãos ucranianos refugiados da guerra (atribuição de médico de família, consultas de checkup, etc.). Aqui é estritamente necessário a atribuição de estatuto de refugiado político, para que sejam salvaguardados os direitos de acesso aos serviços de saúde; E apoio psicológico aos cidadãos ucranianos que habitam em Caldas e que chegam às Caldas; também o apoio à habitação e emprego com a criação de uma bolsa/plataforma de pessoas, entidades e empresas do concelho que queiram apoiar no acolhimento dos cidadãos ucranianos – famílias de acolhimento, alojamento e/ou emprego. O apoio ao nível de recursos humanos para a transcrição dos CVs, reconhecimento de competências, certificados laborais, entre outros e apoio na formação profissional. Na dimensão da educação, será importante criar uma plataforma para encontrar professores (no ativo e reformados) ou pessoas disponíveis para ensinar português às pessoas que chegam. Também uma rede de partilha de conhecimentos – cidadãos ucranianos a ensinar os portugueses e vice-versa e envolver as associações culturais, desportivas, recreativas na integração social dos refugiados. Por fim, um apoio às famílias ucranianas a viver nas Caldas. Com o contacto com os familiares na Ucrânia, no acolhimento de familiares que fogem do país, no envio de bens materiais e financeiros para a Ucrânia, etc.
Hoje o povo ucraniano precisa da nossa ajuda. Amanhã, quem sabe, poderemos ser nós…
Urge a necessidade de resposta concreta por parte do município e a JSD deixa aqui os seus contributos. Não é apenas abrir a porta e receber, mas sim preparar uma estratégia sustentável para receber, acolher e integrar os cidadãos no seio da nossa comunidade.
A JSD coloca-se do lado da paz, sempre. Demonstramos total solidariedade com povo ucraniano.
André Cardeal Santos, presidente da JSD Caldas
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