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Realizou-se nos dias 17 e 18 de Fevereiro mais uma Cimeira UA-UE. Esta terminou com o anúncio de um plano de investimentos da União Europeia (UE) em África, no valor de 150.000 milhões de euros, nos próximos sete anos.

Realizou-se nos dias 17 e 18 de Fevereiro mais uma Cimeira UA-UE. Esta terminou com o anúncio de um plano de investimentos da União Europeia (UE) em África, no valor de 150.000 milhões de euros, nos próximos sete anos.

Fernando Jorge Cardoso, investigador no Instituto Marquês de Valle Flôr, especializado em assuntos africanos, em recente entrevista à Antena 1, referiu que a Comissão Europeia tem dado mais importância estratégica a África no seu conjunto e, em particular, aos países que integram a União Africana (UA). A Europa, sobretudo depois da saída do Reino Unido, corre o risco de perder importância geoestratégica mundial. Só de vez em quando reaparece, como, por exemplo, na actual crise ucraniana. E o relacionamento com África pode relançar a importância geopolítica de um conjunto de países europeus.

Estes investimentos europeus em África estão enquadrados na chamada Iniciativa Portal Global (Global Gateway), que é uma resposta europeia à Nova Rota da Seda chinesa.

Fernando Jorge Cardoso não considera que a Europa tenha de competir com a China por influência em África, porque, no seu entender, a China não tem influência em África. A China apenas aproveitou a primeira década e meia deste século, quando tinha grandes excedentes financeiros, para, em vez de comprar títulos do Tesouro norte-americano, desenvolver um plano de expansão estratégica, a tal Nova Rota da Seda, em África. Por essa razão, a China financiou muitas infra-estruturas (pontes, aeroportos, barragens, estradas, edifícios públicos, et cetera) por todo o continente africano. Isto foi importante para dar fôlego a vários governos africanos.

Neste momento, as reservas financeiras chinesas estão a zero. Agora, para financiar seja o que for, a China tem de se endividar. Ou seja, o momento chinês em África passou. Do lado africano, chegou a altura de pagar os avultados financiamentos chineses, mas esses pagamentos não estão a ser feitos. À China só resta reescalonar as dívidas. Por outro lado, não se vislumbra um único país africano que queira parcerias estratégicas com a China. O interesse dos países africanos é que lhes chegue dinheiro, seja qual for a proveniência, para financiar o que consideram essencial — infra-estruturas, agricultura, redes de energia e comunicações.

Alemanha e França, e outros países europeus com menos capacidade financeira, perceberam que tinham de responder a estes objectivos africanos, afirmando disponibilidade para financiar o desenvolvimento, não só de infra-estruturas mas também da inovação industrial.

Na sequência desta última cimeira, perspectiva-se a retoma das relações bilaterais UA-UE. Há, no entanto, dois melindres. O primeiro é a questão das migrações, problema que está empolado, pois as migrações que se têm verificado do lado africano através do Mediterrâneo não chegam sequer a 5% das migrações provenientes do Médio Oriente, causadas sobretudo pelas guerras do Iraque e da Síria. Este assunto foi resolvido acordando-se que as migrações serão aceites, desde que sejam legais.

O outro aspecto sensível tem que ver com a pandemia e os medicamentos para a debelar. Bruxelas quer agora que África produza vacinas e, em sintonia, a OMS revelou que Egipto, Quénia, Nigéria, Senegal, África do Sul e Tunísia receberão tecnologia para esse efeito. A Europa e a Comissão Europeia perceberam que tinham de dar uma resposta alternativa ao levantamento das patentes, decidindo transferir tecnologia e ajudar vários países africanos a criar capacidade industrial.

Esta decisão terá sido o acontecimento mais importante da cimeira. Os 150.000 milhões de euros poderão ser uma boa ajuda ou não. Mas, possibilitar a produção de medicamentos em África, terá consequências muito positivas para o desenvolvimento africano.

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