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Laborinho Lúcio divulga novo livro na Rádio Mais Oeste

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O antigo ministro da Justiça, natural da Nazaré, Laborinho Lúcio, apresentou o seu mais recente livro “As Sombras de uma Azinheira”, no passado dia 21, nos estúdios da Rádio Mais Oeste. Antes de iniciar a conversa sobre o novo romance que evoca o 25 de Abril através de uma saga familiar, o autor agradeceu o convite, revelando que é sempre bom voltar a Caldas da Rainha, onde tem uma costela, porque foi aqui que fez o ensino secundário e onde tem muitos amigos.  
Laborinho Lúcio apresentou o livro nos estúdios da Rádio Mais Oeste

O antigo ministro da Justiça, natural da Nazaré, Laborinho Lúcio, apresentou o seu mais recente livro “As Sombras de uma Azinheira”, no passado dia 21, nos estúdios da Rádio Mais Oeste. Antes de iniciar a conversa sobre o novo romance que evoca o 25 de Abril através de uma saga familiar, o autor agradeceu o convite, revelando que é sempre bom voltar a Caldas da Rainha, onde tem uma costela, porque foi aqui que fez o ensino secundário e onde tem muitos amigos.  

Escrito durante o confinamento imposto pela pandemia, “As Sombras de uma Azinheira”, editado pela Quetzal, é um contributo do autor à celebração do cinquentenário do 25 de Abril que se aproxima. “É um romance que vai ao encontro desta data”, disse, considerando que os 50 anos da revolução “não se podem traduzir apenas numa comemoração como tantas outras que temos vindo a fazer ao longo do tempo em que o 25 de Abril fica fechado no seu próprio dia”.

Entende que hoje o Dia da Liberdade tem que ser “vivido” naquilo que “representou como um progresso para todos nós, mas também naquilo que ele trouxe em termos de dúvidas e perguntas que ainda hoje continuamos a fazer, não devido à revolução, mas porque os tempos são de inquietações”. 

O livro parte da madrugada de 24 de Abril de 1974 para uma viagem que vai desde os 45 anos antes da revolução, contado através da história familiar e política de João Aurélio, e os 45 anos que se seguiram à revolução, narrado pelo percurso da sua filha, Catarina.

Enquanto as tropas se movimentam pelas ruas de Lisboa e do Porto, nasce o primeiro filho de Maria Antónia e de João Aurélio. Mas durante o parto a mãe morre. Enquanto a criança é acolhida e criada pelos tios (a irmã de João Aurélio e o marido) e Portugal dá os primeiros passos numa nova existência democrática, João Aurélio, o antigo militante, o utópico, mergulha no isolamento e na loucura, na obsessão do passado e da morte.

Catarina vai procurando descobrir-se e afirmar-se na sua identidade própria, enquanto a jovem democracia do país procura também desenvolver-se, libertando-se de atavismos históricos.

João Aurélio e Catarina “são as personagens principais e depois há um vasto conjunto de outras figuras que têm a ver com essa época”, explicou, acrescentando que “a história se entrelaça com temas como a discriminação, sexual ou racial, a justiça, o ensino e a relação professor-aluno, que surgem no decurso normal da história”.

“Este romance não é um ensaio nem sequer é uma obra de natureza política e também não é uma obra marcada ideologicamente”, disse o autor, referindo que comporta muito aquilo que é o seu pensamento. “É uma proposta dirigida a todos os leitores e na perspetiva de que qualquer leitor, independentemente da sua idade, pode encontrar-se retratado neste livro”, apontou, sublinhando que “gostaria que o livro fosse lido por todas as gerações”. “A minha expetativa é que os leitores à medida que vão lendo vão tendo uma posição claramente crítica ou até se podem zangar comigo relativamente a algumas coisas que possa dizer, embora o autor seja pouco participante nesta obra”, adiantou.

O que preocupa Laborinho Lúcio não é como os jovens se identificam com o 25 de Abril, mas “como é que eles são meramente agentes passivos daquilo que lhes dizem que vai ser o tempo ou como é que eles querem ser agentes ativos e participarem vivamente na construção desse tempo”.

O antigo ministro da Justiça disse que gostaria que o 25 de Abril “tivesse gerado gerações ativas que tomem sobre si o poder de definirem o seu próprio destino, que sejam críticas e que mantenham o debate político e social”. “Tenho alguma dificuldade em aceitar que a juventude aceite com naturalidade a condição de irrelevante”, afirmou.

Questionado sobre “As Sombras de uma Azinheira” virar uma série ou filme, o antigo juiz-conselheiro jubilado do Supremo Tribunal de Justiça referiu que “é evidente que ficaria feliz com alguma repercussão da obra”, revelando que ia assistir no norte do país a uma cena do Teatro do Vestido, criada por Tânia Guerreiro, que “encenou um espetáculo exclusivamente a partir dos meus dois primeiros romances, “O Chamador” e  “O Homem Que Escrevia Azulejos”.

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