Entre a rotina de acordar de manhã e lidar com o dia a dia da vida e manter o profissionalismo no serviço com o propósito de ser remunerado justamente e a rotina de não dormir ou dormir pouco com a dificuldade de gerir o risco e complexidade de manter um negócio a ser rentável tenho dificuldade em pensar qual das posições é preferível.
Trata-se de uma questão intemporal, a relação entre patrão e funcionário e vice-versa, sendo que obviamente não pretendo generalizar mas evidenciar uma questão sistémica em que é difícil dizer quem está mais correto e é comum ouvir as frases de café, “ trabalho que nem um escravo e ganho tão pouco, isto está bom é para o patrão” ou em contrapartida “ tem trabalho sem dramas e leva dinheiro limpinho para casa, tomara eu ser empregado” e dou por mim a pensar que todo conceito começa de forma errada e que na realidade se trata de uma simbiose, ou seja um não existe sem o outro e ambos são beneficiados com o sucesso ou prejudicados com o erro.
Nesta linha de raciocínio fico ainda mais confuso quando se vê tentativas de mudar as políticas ou sistemas que tentam dar margem às empresas para desenvolver o negócio e crescer e se cria uma corrente de contestação de que se está a tentar enriquecer mais as empresas e que por oposição isso prejudica os funcionários, por isso, sim fico confuso como é que se vilaniza o patrão, preferindo acreditar que não será por ego, egoísmo, despeito ou inveja, quando na realidade o pressuposto deveria ser de primariamente dar lucro ao patrão tendo consequentemente o posto de trabalho assegurado no tempo e majorado face ao aumento de lucro do patrão.
Invariavelmente não sou ingénuo e tenho noção de que existem maus patrões, tal como existem maus funcionários mas sendo esta uma relação simbiótica, se a mesma não for benéfica a ambos, passa a ser uma relação parasita e como tal tem de ser purgada até ser encontrado um equilíbrio, ou seja, se o funcionário não se sentir recompensado deveria sentir-se tentado a mudar de patrão ou se o patrão sentir que o funcionário não cumpre com os requisitos para a sustentabilidade da empresa deveria ter margem para o libertar.
No contexto apresentado penso que o tema de debate não deveria ser como impulsionar as empresas ou se as mesmas geram demasiada riqueza pois às mesmas deve ser dado liberdade de operar tão livremente quanto a relação simbiótica permita, mas sim de que forma conseguimos escrutinar as relações simbióticas e identificar as parasitárias e quais as melhores formas de encontrar o equilíbrio.
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