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Seca faz inflacionar produtos agrícolas e preocupa produtores

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No passado domingo a chuva acabou por cair em todo o continente, com mais ou menos intensidade. No Oeste a chuva foi de pouca dura e não vai resolver a seca que esta região, à semelhança do país, atravessa. O tempo soalheiro e seco já voltou e segundo a previsão da meteorologia vai manter-se com as temperaturas a subir.
A seca está a dificultar as primeiras culturas

No passado domingo a chuva acabou por cair em todo o continente, com mais ou menos intensidade. No Oeste a chuva foi de pouca dura e não vai resolver a seca que esta região, à semelhança do país, atravessa. O tempo soalheiro e seco já voltou e segundo a previsão da meteorologia vai manter-se com as temperaturas a subir.

Segundo o produtor Felipe António, cuja esposa vende na Praça da Fruta, nas Caldas da Rainha, o ano iniciou mal e a seca está a dificultar as primeiras culturas, que são as plantações da ervilha e favas. “Estão há mais um mês na terra e mal se veem no campo”. Para este agricultor, é “claramente uma má entrada no ano”. “Habitualmente no inverno não é preciso regar, agora se eu não tivesse regado a plantação de ervilhas não teriam crescido nada”, apontou.

Quanto à chuva que caiu no domingo, Felipe António disse que “a terra está seca e a água que caiu mal apaga o pó”.

O produtor está preocupado com o aumento dos preços. “Podemos ainda não sentir esta subida nos legumes portugueses, mas mais tarde vão ser mais caros. Aumentou a energia, o preço dos combustíveis e vai haver mais escassez de produtos agrícolas e o custo vai aumentar ainda mais”, salientou, revelando que nunca foi tão dispendioso “fazer, por exemplo, uma salada de fruta”. 

A produtora de fruta e hortaliça em Usseira, em Óbidos, Isaura Félix, uma das vendedoras mais antigas da Praça da Fruta, também está preocupada com a falta de chuva. Em declarações ao JORNAL DAS CALDAS revelou que “o depósito onde vamos buscar água para regar já está a falhar”. “Se isto continuar assim, entretanto a Junta da Usseira vai proibir as pessoas de irem buscar água”, contou, acrescentando que estão à espera que “chova para semear as batatas”. Isaura Félix, que vende há 47 anos na Praça da Fruta, fez notar que tem de “chover muito para que a produção normalize”.

Vergílio Santos, do Vale do Coto, nas Caldas da Rainha, manifestou a sua preocupação com a seca, recordando que o Rio Tornada no dia 21 de fevereiro de 2021 “inundou e agora está praticamente seco”.

A falta de chuva preocupa o produtor de ovelhas, Filipe Pereira, que reside no Coto e tem uma centena de ovelhas. “Em situações normais, o pasto estava maior”, afirmou, realçando que “há muito menos erva porque está seca e queimada devido à geada”.

Repercussões na próxima campanha da pera rocha

seca 2
Rio Tornada está quase sem água

Aristides Sécio, presidente da Coopval – Cooperativa Agrícola dos Fruticultores do Cadaval, está preocupado com a falta de chuva, que “pode condicionar a produção este ano” e “só chuva intensa em março poderá mudar as previsões”, alertou. “Vai ter repercussões na próxima campanha de pera rocha. Vai afetar a árvore, que precisa de água para se equilibrar”, explicou.

Se a seca continuar a situação vai, segundo este responsável, “ter um impacto muito significativo na fruta”. “Poderá ter influência na floração. No período de primavera e verão se se mantiver esta ausência de chuva não haverá água suficiente para que as frutas ganhem o tamanho próprio e natural do momento”, referiu Aristides Sécio, que criticou a ausência de políticas de reaproveitamento da água, de que “se fala muito, mas que não aparecem”.

Acusa os sucessivos governos de não terem dado a atenção devida à questão da água, que é um recurso natural que pode ser facilmente recolhido e aproveitado para utilização em diversas aplicações. “O ministério do ambiente cria grandes entraves ao reaproveitamento de água, nomeadamente das mini-hídricas que alguns produtores poderiam ter para preservar grande parte da água”. 

“Há poucas reservas hídricas nos solos”

Miguel Móteo, enólogo e diretor técnico de viticultura e enologia da Companhia Agrícola do Sanguinhal, disse que a seca no setor da vinicultura neste momento ainda não é muito grave, mas “poderá afetar porque estamos com temperaturas altas acima da média durante o dia e à noite muito baixas”. “Estamos com muita luz e em muita variedade de castas a planta está a entrar no ciclo vegetativo quando isso deveria acontecer apenas no início de março”, explicou. “Há poucas reservas hídricas nos solos”, adiantou, esperando que “em março, caia muita chuva, para ser antes da floração” das videiras.

O enólogo considera a seca que estamos a viver “muito preocupante” nomeadamente para algumas culturas. “Neste momento estamos com custo de produção muito elevado e a falta de água vem agravar ainda mais a situação”, salientou.

O responsável sublinhou que são os agricultores e produtores que estão mais preocupados com a falta de chuva. “Para a comunidade civil é agradável estar em pleno inverno numa esplanada, mas há pessoas que têm consciência que isto é grave e que afeta o custo dos bens alimentares diários, porque se for a um supermercado, nas bancas de legumes e fruta nota que todos estes produtos estão muito inflacionados”.

Miguel Móteo considera que temos de começar a “pensar seriamente noutros sistemas de plantação não só nas vinhas, mas nos pomares e culturas hortícolas, porque aquilo que pensávamos que poderia acontecer mais à frente, está a acontecer uma ou duas décadas mais cedo”.

A técnica florestal, Patrícia Azeiteiro, da APAS Floresta – Associação de Produtores Florestais, disse ao JORNAL DAS CALDAS que a seca está bem evidente e que era importante haver chuva para a preparação para a prevenção e proteção contra incêndios florestais, porque a seca “pode prejudicar e agravar os incêndios, já que os matos estão mais secos”.

Segundo esta responsável, a temperatura acima da média está a fazer com que os proprietários “estejam a antecipar as plantações de eucalipto, que deveriam ser em abril”.

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Há menos pasto para as ovelhas
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