A equipa de seniores masculinos de voleibol da 1ª divisão do Sporting Clube das Caldas (SCC) tem seis jogadores estrangeiros oriundos do Irão, Argentina, Venezuela e Brasil. Têm nacionalidades e culturas diferentes, mas unidos “pela paixão pelo voleibol”. Os resultados estão acima de tudo. Querem é ganhar.
Ehsan Ahmadi de 21 anos, Mohammadreza Beik, de 22 anos, e Amirabbas Moradi, de 25 anos, jogadores de voleibol do Irão, estão há cerca de 4 meses a viver nas Caldas da Rainha e a jogar ao serviço do Sporting das Caldas.
Apesar de não esquecerem as raízes, nesta cidade sentem-se “bem”. A adaptação “demorou algum tempo, mas não foi muito difícil, porque as pessoas são abertas e gostam de ajudar, e o respeito e o trabalho são valores fundamentais na sociedade iraniana”, uma das razões pelas quais estão focados em “ajudar a equipa a ganhar e a voar mais alto”, contam.
Destacam o bom acolhimento por parte de toda a equipa e dos caldenses. O obstáculo mais difícil é a língua. Falam um pouco de inglês, mas por vezes a comunicação é complicada.
Apesar de um dos jogadores não comer carne de porco, a comida portuguesa tem sido uma agradável surpresa. O SCC fez uma parceria com a Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste, onde vão almoçar. “É diferente da nossa, mas estamos a gostar muito”, relatam.
Ocupam-se com os treinos e jogos. Referem que têm sempre apoio dos dirigentes e do treinador, para que se sintam bem e não lhes falte nada.
Na altura das férias do natal conheceram o Porto, cidade de que ficaram fãs. Apesar de gostarem de jogar no SCC e de se sentirem bem nas Caldas confessam que o objetivo é “progredir para as melhores ligas europeias”.
Javier Vega, de 30 anos, é argentino, sendo o segundo ano que está em Portugal, onde já jogou noutra equipa. O que o faz correr é a sua paixão pelo voleibol e continuar a gostar do que faz. “Quero sentir-me útil e obter aquilo que os clubes querem, resultados”, salienta. “Infelizmente, não conseguimos o objetivo principal que era ficar dentro dos oito primeiros, mas fizemos um bom trabalho”, sustenta.
Garante que se adaptou bem à cidade, “que é pequena, mas muito bonita”. Tem saudades de alguns pratos argentinos, mas é apreciador da gastronomia portuguesa.
Ronaldo Martinez, de 23 anos, é da Venezuela e está ao serviço do SCC desde agosto de 2021. A questão da língua foi ultrapassada facilmente. “Somos rápidos a captar os ensinamentos do treinador e o que se pretende do treino e como nos comportarmos nos jogos”, aponta.
Quanto ao futuro não sabe o que vai acontecer, mas está feliz desde que jogue a modalidade, que iniciou aos 14 anos, tendo já jogado na seleção do seu país.
Felipe Santos, do Brasil, já jogou no Leixões Sport Club e foi contratado pelo SCC há cinco meses. “É uma cidade bem mais pequena, mas eu estou a gostar porque as pessoas são recetivas”, conta.
Natural de Belo Horizonte, tem saudades do seu país e família, mas “com 30 anos já estou habituado a estar longe de casa”. “Comecei a jogar voleibol aos 13 anos e desde os 17 que jogo longe da minha terra”, indica.
O objetivo no SCC é “conseguir bons resultados e ajudar a equipa a crescer”.
Internacionalização do SCC
Apesar de “não ser fácil gerir as diferentes nacionalidades e costumes”, Filipe Mateus, presidente do clube, garante que os jogadores estrangeiros estão a “gostar de estar nas Caldas e o clima também tem ajudado”.
Filipe Mateus explicou que por questões orçamentais têm que recorrer ao “mercado estrangeiro porque a maior parte dos portugueses estão no norte ou em Lisboa, onde existe o Sporting e o Benfica, e para virem para as Caldas têm que mudar de vida e não vêm por pouco”. “Estamos a falar da 1ª divisão e é uma oportunidade para ter jogadores competitivos com custo reduzido”, revela.
Segundo o responsável, o habitual é terem em média três estrangeiros, mas este ano o SCC recebeu os jogadores do Irão por via de um protocolo celebrado com empresários que trabalham com a federação iraniana. “Foi a Federação do Irão que pagou as taxas internacionais para eles virem para cá jogar e mostrarem-se à Europa”, contou, acrescentando que “os três jogadores também são pagos pela Federação do Irão”.
“Com a vinda deles tivemos cá o embaixador do Irão para conhecer os costumes deles”, recorda, revelando que o trio tem “o visto até setembro”. Considera que são uma mais valia para a equipa.
O dirigente revela que o facto de a equipa ter mais estrangeiros tem “ganho mais visibilidade internacional”. “Já temos seguidores do Irão, da Venezuela e Argentina nas redes sociais e isso acaba por ser uma mais-valia”, afirmou.
O presidente destaca a internacionalização do SCC, sendo o clube visto como “uma plataforma de jogadores que querem vir para a Europa”.
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