As Paróquias de Santa Maria e São Pedro de Óbidos voltaram a cancelar a romaria do Santo Antão, que costuma realizar-se a 17 de janeiro, uma decisão tomada no âmbito do combate à atual pandemia, uma vez que o “modelo tradicional da celebração da romaria não pode garantir a defesa da saúde pública”.

Segundo o pároco Ricardo Figueiredo, “a situação epidemiológica é marcada por um crescimento acentuado do número de infetados em todo o país, em geral, e no concelho de Óbidos, em particular, e esta situação deve levar-nos a assumir uma posição responsável que, salvaguarde a saúde dos cidadãos”.

Sendo difícil garantir o distanciamento social, o uso da máscara e outras medidas de prevenção, o programa habitual de festejos do Santo Antão, tal como no ano passado, foi cancelado.

“Pedimos que todos se abstenham de promover qualquer tipo de confraternização que ponha em causa a saúde pública e as medidas de prevenção da pandemia”, exortou o padre.

Contudo, não querendo deixar de assinalar de alguma forma este dia, será colocada uma imagem de Santo Antão na Igreja de São Pedro, na vila de Óbidos, para que se possam cumprir promessas e gestos de devoção, com as devidas precauções.

Ao mesmo tempo serão disponibilizadas as tradicionais fitas de Santo Antão, benzidas e acondicionadas em segurança para que possam ser levadas para casa.

“Sei que é um momento de alegria e celebração para todos, mas devemos conter agora este tipo de eventos, para podermos celebrar melhor em nova oportunidade”, sublinhou o prior de Óbidos.

A tradicional festa de Santo Antão mistura a componente religiosa com uma outra profana, juntando milhares de pessoas, que comem, bebem e se divertem à volta de diversas fogueiras espalhadas pelo recinto.

Trata-se de uma romaria à ermida de Santo Antão, o santo que protege os animais, no cimo de um cabeço com o mesmo nome, com cerca de 80 metros de altura.

A difícil subida de 150 degraus até à ermida não demove os romeiros, alguns dos quais se juntam a esta festa em busca de bênção para os seus animais, numa região onde a agropecuária assume um papel importante.

Durante este dia são feitas promessas com vista à recuperação de um animal doente ou pedidos de boas ninhadas. Estas promessas são pagas na casa de esmola ou na sacristia recebendo em troca uma vela enrolada numa fita de nastro cor-de-rosa previamente benzida.

As velas e fitas benzidas, símbolo de promessas do ano anterior, são oferecidas ao santo e colocadas junto aos seus pés. Já outros devotos optam por queimar as velas no tabuleiro.

A estes rituais religiosos junta-se a componente profana. No mesmo local, vendedores de pinhões, laranjas, chouriços, cavacas e outros produtos tradicionais dão origem a uma feira. Os romeiros fazem fogueiras, onde assam os chouriços, que são depois acompanhados por vinho.

À animação, junta-se a música dos acordeões trazidos de casa, prolongando a festa até ao pôr-do-sol. Um cenário que fica adiado para 2023.