Desde 30 de novembro do ano passado foram detetados seis focos de infeção devido à gripe aviária de alta patogenicidade, tendo o caso mais relevante sido no concelho de Óbidos, onde foi identificado no dia 23 de dezembro um caso numa exploração de perus de engorda em Avarela, na freguesia de Santa Maria, São Pedro e Sobral da Lagoa, contendo 18100 aves.
O primeiro caso foi na freguesia de Poceirão, em Palmela, no distrito de Setúbal, envolvendo um estabelecimento de detenção caseira de galinhas, perus, patos e gansos, com 79 aves.
No dia 30 de dezembro verificou-se o terceiro caso, num estabelecimento com seis mil perus de engorda, na Praia do Ribatejo, em Vila Nova da Barquinha, no distrito de Santarém.
A 3 de janeiro, a infeção chegou a um estabelecimento de detenção caseira de galinhas e patos, com 60 aves, em Santiago do Cacém, no distrito de Setúbal.
No dia 4 de janeiro, foi confirmado um quinto foco num ganso selvagem encontrado morto na Barragem dos Patudos, em Alpiarça, no distrito de Santarém. Entretanto, ao todo foram identificados 15 gansos-bravos e gansos-patolas afetados.
No dia 10 de janeiro, foi confirmado um foco de infeção em duas gaivotas encontradas mortas na praia do Baleal, em Peniche. No mesmo dia três patos mudos foram encontrados mortos num lago em Vila Nova da Barquinha, na zona de vigilância do anterior foco detetado em perus no final de dezembro, pelo que não configura um novo foco.
Os casos de 4 e 10 de janeiro não implicaram a determinação de zonas de restrição, apenas o reforço das medidas de vigilância e biossegurança ao redor desta ocorrência sanitária.
No entanto, e por medida de precaução e de contenção da doença, o município de Vila Nova da Barquinha decidiu interditar ao público o acesso ao parque ribeirinho, solicitando aos munícipes que não alimentem os animais nessa zona.
Em relação aos quatro primeiros focos, de acordo com a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), o plano de contingência foi ativado de imediato, e as medidas de controlo estão a ser implementadas de acordo com a legislação em vigor.
Estas medidas incluem a inspeção aos locais onde foi detetada a doença e a eliminação dos animais afetados, assim como a inspeção às explorações pecuárias existentes nas zonas de proteção, num raio de três quilómetros em redor do foco, a notificação de vigilância num raio de dez quilómetros em redor do foco.
Pelo abate sanitário dos animais presentes em efetivos registados é feita a indemnização, sendo o cálculo da mesma efetuado com base nas cotações constante do boletim divulgado semanalmente pelo Gabinete de Planeamento e Política Agroalimentar.
Nas zonas de proteção e vigilância é proibida a circulação de aves detidas a partir de e para estabelecimentos aí localizados, repovoamento de aves de espécies cinegéticas, feiras, mercados, exposições e outros ajuntamentos de aves detidas.
Está igualmente interdita a circulação de carne fresca, incluindo miudezas, e de produtos à base de carne de aves detidas e selvagens a partir de matadouros ou estabelecimentos de manipulação de caça aí localizados, assim como a circulação de ovos para incubação e para consumo humano e de subprodutos animais obtidos de aves detidas a partir de estabelecimentos situados nessas zonas.
As medidas já foram levantadas em Palmela a 8 de janeiro, decorrendo em Óbidos até 31 de janeiro e em Vila Nova da Barquinha e em Santiago do Cacém até 5 de fevereiro.
As aves de capoeira e aves em cativeiro detidas em estabelecimentos, incluindo detenções caseiras, localizadas no território de Portugal Continental, deverão permanecer confinadas aos respetivos alojamentos de modo a impedir o seu contacto com aves selvagens.
Nos primeiros quatro focos foram testadas todas as explorações nas zonas de proteção, assim como as explorações avícolas que se identificaram com ligações aos focos, e não se obtiveram resultados positivos. Ou seja, não se identificaram, até ao momento, explorações avícolas com suspeita de gripa aviária de alta patogenicidade nas zonas de vigilância, o que indica que os focos poderão ter sido contidos.
No caso de Óbidos, as aves foram abatidas, realizando-se de seguida a limpeza e desinfeção dos espaços onde se encontravam.
Segundo o Serviço Municipal de Proteção Civil (SMPC) de Óbidos, na sequência das análises realizadas aos colaboradores da empresa exploradora dos aviários localizados na Avarela “todos os resultados foram negativos, não existindo a transmissão do vírus das aves para os colaboradores em contacto direto com as mesmas”.
Para além disso, de acordo com a DGAV, “não há evidência epidemiológica de transmissão da gripe aviária aos seres humanos através do consumo de alimentos, nomeadamente de carne de aves de capoeira e ovos”.
Foram também realizadas análises às treze explorações aviárias localizadas na zona de proteção do estabelecimento de Óbidos e todas as amostras colhidas (mais de trezentas) deram negativas.
Continuam a ser avaliadas as explorações localizadas nas zonas de vigilância e várias equipas do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas deslocam-se pelo concelho de Óbidos para monitorização das espécies cinegéticas, com o propósito de identificarem aves mortas ou a deambular. Quem encontrar aves mortas ou a deambular pode comunicar ao SMPC de Óbidos.
O vírus da gripe aviária “encontra-se em circulação em vários países da União Europeia, tendo sido identificado em aves selvagens migratórias provenientes da Ásia e do leste da Rússia e em aves de capoeira”. A transmissão faz-se por contacto entre aves selvagens e domésticas e também por contactos entre as explorações pecuárias (trabalhadores, equipamentos, entre outros) devido a quebras de biossegurança. Ocasionalmente, algumas estirpes de vírus da gripe aviária podem infetar outros animais, nomeadamente mamíferos, e também o ser humano. No entanto, para que tal aconteça, é necessário que haja um contacto muito estreito entre as aves infetadas e as pessoas ou entre aves e outros animais.
Considerando a situação epidemiológica atual, a DGAV salienta a importância do cumprimento estrito das regras de biossegurança e das boas práticas de produção avícola, especialmente aquelas destinadas a evitar contactos diretos ou indiretos entre as aves domésticas e as aves selvagens, os procedimentos de higiene de instalações, equipamentos e materiais, bem como o controlo dos acessos aos estabelecimentos onde são mantidas as aves. É ainda importante a observação diária e atenta das aves de capoeira, incluindo a monitorização dos consumos de alimento e água e dos índices produtivos.
“Os operadores que detêm aves de capoeira ou aves em cativeiro são os primeiros responsáveis pelo estado sanitário dos animais por si detidos e, perante uma qualquer suspeita de doença, a mesma deverá ser imediatamente comunicada”, refere a DGAV.
“A deteção precoce de focos de infeção é absolutamente essencial para a rápida e eficaz implementação no terreno das medidas de controlo da doença destinadas a evitar a sua disseminação, minimizando, assim, as perdas para o setor de produção avícola nacional, o qual se encontra afetado pela alteração do estatuto sanitário nacional, decorrente de surtos em explorações de aves comerciais”, sublinha.
A situação foi reportada à União Europeia e à Organização Mundial de Saúde Animal. Estes casos trazem constrangimentos às relações comerciais, refletindo-se bastante ao nível das exportações, que cessaram.
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