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Desconhecimento de projeto para o Montepio leva médicos a demitirem-se

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Os cinco médicos do Montepio Rainha D. Leonor (MRDL), que se demitiram, entre os quais o diretor clínico, cessaram funções no dia 30 de novembro, invocando falta de condições para continuar a trabalhar. Revelam “desconhecer em absoluto a estratégia e o projeto do conselho de administração” e apontam que a unidade de saúde como está “não consegue responder com inovação, diferenciação, rigor e qualidade às necessidades dos utentes”.

Os cinco médicos do Montepio Rainha D. Leonor (MRDL), que se demitiram, entre os quais o diretor clínico, cessaram funções no dia 30 de novembro, invocando falta de condições para continuar a trabalhar. Revelam “desconhecer em absoluto a estratégia e o projeto do conselho de administração” e apontam que a unidade de saúde como está “não consegue responder com inovação, diferenciação, rigor e qualidade às necessidades dos utentes”.

O diretor clínico, Luís Silva Val-Flores, Joana Louro, Ana Filipa Rodrigues e Diogo Silva, que asseguravam o internamento na Casa de Saúde, e Diana Marques (médica do Montepio na Casa e no lar) foram os profissionais de saúde que se demitiram em bloco. Também saíram seis enfermeiros.

Luís Silva Val-Flores e Joana Louro, especialistas em medicina interna, em conferência de imprensa manifestaram que “as organizações de saúde são compostas por equipas de elevado nível de interdependência, mas sempre sob a inegociável independência do ato clínico“.

Referiram que a administração liderada por Francisco Rita falhou “claramente” na “comunicação interna”. “Pedimos sucessivamente mais comunicação e reuniões com o conselho de administração para debater a problemática da instituição e não obtivemos qualquer resposta”, relataram.   

Os profissionais de saúde disseram que é com “mágoa” que saem e que o futuro do Montepio passa por um “grande investimento que só é possível através de uma parceria privada na área da saúde, para se diferenciar numa componente hospitalar de qualidade”.

Tendo assumido a direção do Montepio em janeiro de 2021, substituindo Joaquim Raposo Ferreira, Luís Val-Flores trabalhou no entanto na instituição oito anos com “várias administrações da associação mutualista” e garantiu que a ideia de uma “parceria com um grupo privado para gerir a Casa de Saúde já está a ser pensada há mais de vinte anos”.

Quando assumiu funções trouxe com ele um projeto “facultado às diferentes administrações com quais trabalhei e onde está muito bem explanado qual o caminho, processo, estrutura, problemas e resolução da área clínica, seja médica e enfermagem, baseado no trabalho de equipa com uma metodologia e organização que não existia na unidade”.

Os frutos desse trabalho “foram vistos e reconhecidos”. “Houve uma satisfação com os resultados práticos na eficiência da instituição”, mas “assistimos nos últimos meses com a nova administração da associação mutualista (eleita em maio) um retrocesso desse trabalho, daí a decisão da demissão”, pois “não sendo possível trabalhar com organização, comunicação e trabalho de equipa não podia continuar na instituição”.

O médico referiu ainda que pediram a demissão em novembro e assegurou que, por questões éticas, antes da saída definitiva da instituição, questionou o conselho de administração se “estavam asseguradas as condições assistenciais aos doentes”, tendo sido comunicado que não haveria qualquer tipo de perturbação no serviço por diligências e contactos já efetuados.

Joana Louro trabalhou na associação mutualista durante doze anos e reconheceu o “trabalho notável” de Luís Silva Val-Flores como diretor clínico. “Foi um trabalho muito árduo com a complexidade de gerir a Covid-19 no Montepio. Trouxe um projeto estruturado baseado em muita competência e rigor e foi um líder muito forte no ponto de vista clínico”, salientou. 

Disse que houve “uma componente de solidariedade com o diretor clínico” mas também apontou que “o projeto inovador e diferenciador em que nós acreditávamos estava a ser inviabilizado e nunca nos foi apresentado um plano ou estratégia para a associação mutualista”.

Quanto à saída da quantidade de enfermeiros do Montepio, Joana Louro revelou ser pelas mesmas razões.

A médica sustentou que se o Montepio não fizer uma parceria, “outro grupo privado virá para as Caldas porque neste momento o Montepio não dá a resposta exigida”. “Para ter qualidade é preciso investimento e uma gestão estratégica de qualidade e de excelência na área da saúde”, salientou.

“Não podemos continuar a gerir o Montepio como se geria há 40 anos porque as exigências das pessoas hoje são diferentes”, adiantou.

A profissional de saúde diz que o conselho de administração “nunca respondeu” ao seu pedido de demissão. “A nossa visão estratégica de desenvolvimento e inovação clínica não era bem-vinda, por isso não fazia sentido continuar”, declarou

Administração garante projeto

Em declarações ao JORNAL DAS CALDAS, Francisco Rita, presidente do conselho de administração, revelou que já tem novo um diretor clínico. É António Martins, cirurgião, de 67 anos, que desenvolve atividades na associação mutualista há vários anos e também trabalhou no Centro Hospitalar do Oeste.

O responsável garantiu que estão a ser “garantidos os cuidados com os médicos que fazem parte da instituição” e que estão ser finalizados contactos com “quatro médicos internistas de várias especialidades, no sentido de completar a oferta”.

Quanto ao Condomínio Residencial do Montepio, disse que estão em conversações com uma médica com experiência em geriatria para dar cobertura às residências e lar.

No que concerne à demissão dos seis enfermeiros, o dirigente alegou que foi ao longo do ano. “Os enfermeiros saíram para o Serviço Nacional de Saúde porque o vencimento é superior e o número de horas de trabalho inferiores”, justificou, adiantando que “para manter o pessoal de enfermagem reduzimos o horário de trabalho para as 35 horas e já aumentámos os vencimentos de forma a fixar e motivar os profissionais”.

Questionado sobre a alegada falta de autonomia da direção clínica, Francisco Rita contou que a primeira ação depois de tomar posse foi “entregar a gestão das equipas à direção médica”. No entanto, admitiu que “houve interferências quando era preciso ajudar, nomeadamente numa dificuldade de articulação no serviço de atendimento permanente”. 

Quanto ao facto de serem acusados pelos médicos de não apresentarem projeto, o administrador recordou que “os sócios votaram em nós baseados num projeto que nós apresentámos nessa altura, que existe e está em ação”. “Havia com a direção clínica visões diferentes”, indicou, garantindo que “o programa para a Casa de Saúde está a ser desenvolvido”.

O dirigente referiu que estão a desenvolver o projeto de arquitetura para o novo edifício e que só poderão apresentar propostas aos sócios depois do Plano de Recuperação e Resiliência, para “perceber quais as linhas de financiamento que temos disponíveis para nos candidatarmos”.

Sobre a falta de resposta e diálogo com alguns dos médicos que apresentaram a demissão, Francisco Rita sustentou que “não saíram em discordância com o conselho de administração mas em solidariedade com o diretor clinico, portanto não vejo como poderíamos ter influenciado a atitude que tomaram”.

Francisco Rita revelou ainda que o conselho de administração reuniu com um grupo privado para fazer a parceria com o Montepio e que chegaram à conclusão que “esse acordo não merecia a confiança devida porque não tinha cobertura médica nacional e porque falaram em demolir o edifício novo (antiga EDP), interessados mais no terreno”. “Na semana a seguir o diretor clínico apresenta-nos a demissão porque não aceitámos aquele projeto”, sustentou. 

O dirigente assegurou que continua a defender a “prática de parcerias, como o Montepio já tem há muito tempo”, mas entregar a gestão a uma instituição externa não está nos planos da administração.

O presidente do Montepio revelou que está prevista uma parceria de associação clínica em termos de serviço complementar com um grande grupo nacional, não querendo ainda divulgar o nome da entidade.  

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