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Enfermeiros protestam contra condições em que têm de cuidar dos doentes no hospital

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Os enfermeiros no hospital das Caldas da Rainha realizaram nesta quinta-feira uma ação de protesto contra as condições de trabalho, recusando efetuar o turno da manhã, que teve de ser assegurado por mais oito horas pelos enfermeiros que trabalharam de madrugada.
Alguns dos enfermeiros que estiveram concentrados no exterior do hospital

Os enfermeiros no hospital das Caldas da Rainha realizaram nesta quinta-feira uma ação de protesto contra as condições de trabalho, recusando efetuar o turno da manhã, que teve de ser assegurado por mais oito horas pelos enfermeiros que trabalharam de madrugada.

Em causa está o insuficiente número de enfermeiros para responder à quantidade de doentes no serviço de urgência e a falta de instalações adequadas para acolhê-los sem terem de estar amontoados e em cenários que os profissionais de saúde dizem ter “pouca dignidade”.

Não há privacidade e os doentes têm de fazer as necessidades fisiológicas no meio de toda a gente e a situação é ainda agravada por estarem a decorrer obras na mesma área onde se encontram, o que complica o trabalho dos enfermeiros. Para além disso aumenta o risco de infeção hospitalar.

Fartos por já terem “alertado por diversas vezes para as situações precárias em que trabalhamos”, os enfermeiros de manhã “recusaram-se a receber o turno, tendo os enfermeiros da noite assegurado desde a meia-noite sem parar”, revelou Vando Ribas, indicando que os turnos estão divididos em oito horas.

O problema deriva da incapacidade de drenagem dos doentes do serviço de urgência, onde chegam a “permanecer semanas”, em vez de “24 horas sem serem transferidos para outros serviços”, acabando os enfermeiros por ter a seu cargo, em média, dezasseis doentes, quando deviam ter seis, alegam.

 “Não temos mais internamentos e passámos ao plano B, que é os doentes ficarem na urgência, e precisamos de mais pessoas para prestar cuidados, seja assistentes operacionais, seja enfermeiros, pelo menos que reforcem as equipas e nos deem mais condições para trabalhar – melhores macas e mais espaço para os doentes terem privacidade na prestação de cuidados”, relatou Vando Ribas.

Segundo sustentou, “é inadmissível estar um enfermeiro escalado para prestar cuidados em dezasseis doentes em macas. Rebentamos em cansaço, não conseguimos mais tolerar, estarmos quietos é estarmos a compactuar com isto”.

A enfermeira Sara Pires afirmou que “os cuidados são assegurados mas de uma forma sub-humana, com a qual não nos identificamos e que nos desgasta todos os dias, porque nós queremos tentar sair daqui com a consciência minimamente tranquila de que prestámos cuidados aos doentes que temos enfiados num corredor a um centímetro de distância uns dos outros, mas o número de enfermeiros que temos escalados não consegue cuidar do número de doentes que temos na urgência”.

“Temos doentes emergentes a entrar a toda a hora, para além destes todos que não conseguimos cuidar, e não conseguimos dar a melhor resposta áquilo que devia ser um serviço de urgência”, sublinhou.

“Estamos a cuidar de doentes que são casos sociais que não conseguiram ser drenados para instituições, lares ou para os próprios domicílios, pois ficaram dependentes, pessoas que ficaram internadas no serviço de medicina ou cirurgia, porque não há drenagem”, alertou.

A pandemia agravou o problema. “Enquanto fez as pessoas ficarem em casa trancadas tínhamos um fluxo de menos doentes na urgência geral, agora temos cem doentes a entrar diariamente”, explicou Sara Pires.

“Temos a equipa desmembrada em duas, uma na área dedicada para doentes respiratórios e outra no serviço geral. Todos estamos a fazer tudo e não houve dotação de enfermeiros suficientes”, fez notar.

Por outro lado, “num internamento de medicina que estão trinta camas estão escalados seis enfermeiros, mas hoje tínhamos 34 macas em corredor e dois doentes internados em cadeirões, assegurados por dois enfermeiros, um terço do que pelo menos devia ter”.

“Há coisas que por questões éticas não podemos falar, mas saímos perturbados todos os dias com coisas que se passam com a dignidade e a humanidade das pessoas. Temos de fazer alguma coisa para que alguém nos oiça e nos dê condições mais dignas de trabalho”, desabafou.

Segundo Cátia Santos, “por estarmos tão preocupados em todos os turnos há um enfermeiro que se oferece para cumprir horas extras e minimizar o problema”.

Ivo Gomes, dirigente da delegação de Leiria do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, disse ao JORNAL DAS CALDAS que esta situação não atinge apenas os enfermeiros no hospital das Caldas da Rainha, sendo um problema igualmente vivido pelos profissionais nas outras duas unidades do Centro Hospitalar do Oeste – Peniche e Torres Vedras. Defendeu, por isso, “a contratação de mais enfermeiros de acordo com as necessidades assistenciais”.

Esta ação de protesto foi também acompanhada pelo presidente da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, Vitor Marques, que declarou que “a situação dos enfermeiros tem-se vindo a agravar”. “Sentimos que da parte dos profissionais têm feito das tripas coração para desenvolver o seu trabalho em prol dos utentes”, referiu o autarca, apontando que “o conselho de administração tem vontade mas não tem os meios, que têm de vir do governo”.

O edil ia ter neste dia uma audiência com a ministra da saúde, onde entre outros assuntos iria focar este problema.

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