Cerca de 60 jovens estudantes voltaram na passada sexta-feira às ruas de Caldas da Rainha para reivindicar justiça climática interseccional, debater os “problemas, causas e soluções sobre o tema das alterações climáticas” e alertar para existência de desigualdades sociais.
Esta nova ação, convocada pelo movimento ambientalista “Fridays for Future”, foi replicada em vários pontos do mundo, incluindo protestos em nove localidades portuguesas, com intuito de deixar bem patente a “componente social, política e económica da crise climática, demonstrando não existir como um problema isolado de poluição, mas antes como fruto de um sistema atual baseado em injustiças sociais e formas de opressão, que estão na origem e têm intensificado os efeitos das alterações no clima”.
Além disso, “estamos aqui para exigir a justiça climática por parte dos governos, mostrando que não é só necessário reduzir as emissões, como também é preciso que todo o processo não deixe ninguém para trás”, sublinhou Alexandre Sacramento, um dos ativistas do movimento de Caldas da Rainha.
“É preciso ter consciência de quem é mais responsável pela crise climática, que neste momento é quem está a ser menos responsabilizado, e de quem tem menos culpa nesta crise é quem está a pagar mais por ela”, apontou o jovem caldense, alertando para existência de desigualdades sociais e uma distribuição geográfica de pessoas e recursos diferente, visto que “nem toda a humanidade está a ser impactada da mesma forma, havendo pessoas na linha da frente, que já sofrem há décadas os efeitos das alterações no clima e de forma completamente desproporcional”.
Nesse sentido, o coletivo de jovens estudantes esteve pelas ruas da cidade a lutar “contra a injustiça climática e a inação política que se alastra também a nível regional, de modo a termos um futuro mais sustentável e justo para todas as pessoas”. Apontam o sistema sociopolítico atual como “o motivo para o atual estado das coisas, sobretudo quando é a elite mais rica, as grandes empresas e multinacionais responsáveis historicamente pela maioria das emissões de gases com efeito de estufa presentes na atmosfera e que ainda deslocalizam as suas atividades poluidoras para o sul global, aproveitando-se de facilitismos legais em relação a emissões e de trabalho em condições precárias, não concretizando a dita transição verde justa, que não deixe ninguém para trás de que tanto se galhardeiam”.
Os impactes decorrentes da crise no clima são “tanto mais difíceis de suportar quando ainda fazemos parte das comunidades exploradas, desde trabalhadores precários a comunidades racializadas, apercebendo-se de que somos uma maioria cujas vidas estão em risco pela procura incessante de lucro ao invés da preocupação com a sustentabilidade neste planeta”.
“Mas ainda há muito por lutar e vamos continuar a fazer greves e manifestações pelo clima, a fazer pressão nos líderes mundiais, exigindo e sugerindo medidas para planos e ações concretas alinhados com a ciência, e para ter a certeza que estes planos e ações não deixam ninguém para trás, especialmente as pessoas mais marginalizadas” afirmou o organizador, esclarecendo que “vamos continuar a sensibilizar os jovens para a necessidade de fazer greve pela justiça climática e a promover ações até sermos ouvidos”.
Com cartazes a alertar para “se o clima fosse um banco, já teria sido salvo”, ou então “estou a lutar pelo meu futuro”, o coletivo de jovens terminou o protesto em frente à Câmara Municipal, onde tiveram a oportunidade de falar com o presidente da Câmara das Caldas, Vitor Marques, que se juntou aos jovens manifestantes para saudar a mobilização dos estudantes para lutar por esta causa, sustentando que “diz respeito a todos e em que as autarquias locais têm especiais responsabilidades”.
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