Escaparate
Muitos de nós passam, diariamente, momentos de angústia e nervosismo, por saber que os nossos filhos correm inúmeros riscos quando se dirigem para a escola.
Um dos que tenho presenciado é aquele relacionado aos condutores imprudentes e irresponsáveis que, de moto ou de carro, aproximam-se, de modo inconsciente, daqueles estabelecimentos.
A alta velocidade e as estripulias (exibicionismos excessivos) são o mote para momentos de aflição declarada, por parte dos progenitores que vão deixar os filhos menores.
Há que tomar providências. As autoridades devem, com a máxima urgência, coibir abusos.
Nos tempos da “outra senhora” uma “chapada na tromba” resolvia de imediato esse tipo de situação. Agora, porém, como estamos todos “armados em civilizados”, convém seguir alguns padrões menos toscos, entre eles, a colocação de lombas; a pintura imediata das passadeiras (a que existe em frente ao portão da Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro está em petição de miséria); quiçá a instalação de “passadeiras inteligentes”, com sinalização adequada; e, em última instância, um agente da autoridade, em local bem visível, munido com um bloco de multas (sem fazer ouvidos às desculpas alheias) e fazendo bom uso dele.
Ações educativas e de segurança no trânsito são urgentes. Os condutores que não compreendem que o seu veículo é simplesmente um meio de transporte, e não uma máquina de guerra, deveriam ser impedidos de conduzir.
Outra das medidas que poderiam ser tomadas por quem de direito seria a instalação de um equipamento de fiscalização eletrónica de velocidade. E todas as infrações cometidas nas imediações de uma escola deveriam ser classificadas como “gravíssimas” provocando, assim, uma pesada multa e, por que não, a apreensão da carta de condução por tempo indeterminado.
Um curso de conscientização dos condutores apanhados em flagrante delito deveria, também, ser uma obrigação. O sentimento de impunidade que corrói a cabeça de alguns motoristas é impressionante, e isso só se contraria com investimento na educação.
O ato de conduzir deve ser passivo. Todos devem estar cientes de que um veículo que se mova a uma pequena velocidade, por exemplo, 36 Km/h, consegue avançar 10 metros. Se aumentar a celeridade inevitavelmente reduplica o percurso percorrido, bastando um segundo de distração para provocar um disparate monumental.
Infelizmente, próximo a escolas, já me deparei com inúmeros momentos assustadores, entre eles o do motorista a conversar ao telemóvel; ou aparentemente embriagado; ou “apostando uma corrida”; ou mesmo, por inconsciência plena (o do reles exibicionismo), para que todos reparem “no carrão do animal”.
No Reino Unido existem campanhas educativas muito fortes, diria mesmo chocantes e assustadoras, porém eficazes.
Em Portugal, a legislação que pune o motorista leviano é muito branda e, na generalidade, muito mal administrada. Se existir rigor no trato dos delitos, principalmente naqueles ocorridos nas proximidades dos estabelecimentos de ensino, com certeza, os motoristas passarão a compreender que um veículo serve para transporte de pessoas e de produtos, bem como para diminuir distâncias entre pontos de interesse.
“A grande responsabilidade do ser humano consiste em saber discernir. O mundo espera que cada um de nós assuma esta importante tarefa do justo equilíbrio.” (texto judaico).
Responsabilidade e prudência são dois caminhos muito importantes para alcançarmos uma adequada harmonia, para conseguirmos viver em paz com quem nos rodeia, para termos uma sociedade mais íntegra e igualitária, para alcançarmos, quem sabe, um futuro alicerçado nas boas atitudes do presente.
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