Escaparate
Caldas da Rainha assistiu ao afundanço do Partido Socialista local. Os motivos que deram origem ao descalabro são inúmeros. Passo a citar apenas quatro: Uma liderança que se preocupa apenas consigo, com o seu futuro na política e com as grandes possibilidades que podem surgir para ascender social e financeiramente; um desinteresse cabal pelo concelho e pelas pessoas aqui residentes; uma completa falta de visão política; um desprezo absoluto pela militância (a mesma só é acarinhada quando os jogos de manipulação interna são fundamentais).
Caldas da Rainha merecia uma oposição séria e desinteressada. O PS/Caldas era o partido que estava melhor posicionado, porém, deixou de o ser quando as lideranças passaram a olhar apenas para o próprio umbigo. Essas chefias lembram-me os girondinos franceses (a média e a alta burguesia, interessada apenas em reformas políticas pouco profundas na sociedade, e investimentos enormes em questões que favoreciam grandemente os seus interesses sociais e financeiros), lembra-me também um par de países que proclamam a democracia como a salvação das suas pátrias, porém, não a praticam, pois isso poderia permitir que o poder passasse para outras mãos.
É urgente a demissão dos atuais órgãos concelhios do Partido Socialista das Caldas da Rainha.
A democracia não é praticada dentro do PS/Caldas. O que se vê é a truculência das ações (cito o exemplo da absurda expulsão de um jornalista local, aquando das eleições internas, ocorridas em janeiro de 2020, atirado, literalmente, para o passeio diante da porta da sede. O que os atuais líderes pretendiam esconder?); as reuniões secretas entre os dirigentes, para tomar decisões importantes, tais como a escolha de cabeças-de-lista para as autárquicas; o absurdo afastamento dos militantes históricos; O avançar, interno, de ideais de extrema-direita (quando o correto seria a manutenção, e valorização, do socialismo social-democrata); etc..
A morte da democracia no Partido Socialista das Caldas da Rainha não é um fenómeno casual, foi pensada, e vem sendo estruturada, para benefício de uma dúzia de pessoas.
As atuais lideranças do PS/Caldas dividiram o partido. O que se viu claramente nas recentes autárquicas. É notório que a maioria dos socialistas ofereceu o seu voto ao Movimento Vamos Mudar.
Para piorar, diversos socialistas que estavam “de pedra e cal” com a atual liderança (defendendo-a, e votando nela, nas eleições internas de janeiro de 2020) nestas autárquicas fizeram (ou tentaram fazer) parte das listas do referido movimento. O que prova que esses socialistas estão apenas interessados num lugar ao sol, independente da cor política que carregam. Pessoas que jamais deveriam voltar a pisar a sede do PS/Caldas.
O PS/Caldas deveria ser uma força viva atuante, estando perto da população. Não foi o que vi entre 2017 e 2021. O que 99% dos eleitos fez, foi, apenas, “trabalho” de gabinete, “matando baratas no canto da sala”. Assim é impossível conhecer os reais problemas das freguesias e do concelho de um modo geral.
A reconstrução democrática é urgente dentro do PS/Caldas, porém, parece-me que o mesmo não irá acontecer num curto (ou médio) espaço de tempo, pois os tentáculos do polvo estão muito bem espalhados e envolvem a maioria dos militantes. Estes (os que são de facto socialistas, e pensam no seu concelho e na população) devem parar e refletir. É necessário exigir a demissão dos atuais dirigentes (se os mesmos não o fizerem de livre e espontânea vontade), recolher os cadáveres do naufrágio, enterrar os corpos e tentar iniciar, com as tristes sobras da embarcação, um processo interno político, que possa fazer com que o PS/Caldas consiga ser uma possibilidade real em eleições autárquicas futuras.
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