Um veleiro alemão com dois tripulantes a bordo foi resgatado para terra depois de ter sofrido uma intervenção de quatro orcas que danificaram o leme, quando a embarcação se encontrava a quatro milhas náuticas a sudoeste de Peniche, na madrugada da passada quarta-feira.
“Fomos surpreendidos mas não tivemos medo porque não achámos que tenha sido um ataque, mas sim uma brincadeira, numa espécie de jogo das orcas com o veleiro. Quando percebemos a situação, não tivemos medo. Já ouvimos falar deste tipo de interações e não sentimos que fosse ameaçadora”, contou Severin Kodderitzch, alemão de 60 anos que vive em Berlim e viajava com destino a Lisboa com o escocês com nacionalidade norte-americana Duncan Spencer, de 81 anos.
As orcas, mamíferos da família dos golfinhos, três delas juvenis com cerca de dois metros e uma adulta com quatro metros, deram várias pancadas no leme e roçaram a embarcação ao longo de meia-hora, até desaparecerem.
“A preocupação era que estragassem o leme e perdêssemos o controlo do barco. Foi que aconteceu. A dada altura emperrou e só andávamos aos círculos”.
O veleiro “Barbarella”, com oito metros e meio de comprimento, ficou “aos círculos à deriva”, mas os tripulantes mantiveram a calma e acionaram um pedido de socorro, tendo rapidamente recebido resposta.
“Mandei ativar o semirrígido para assistir ao pedido de auxílio”, relatou Simas Silva, comandante da capitania de Peniche.
A lancha da estação salva-vidas de Peniche rebocou o barco para a doca daquela cidade, onde permanecerá até ser reparado. A intenção dos tripulantes é chegar até Lisboa e depois o alemão ainda vai para Gibraltar, onde terminará a viagem, iniciada em meados de junho em Keil, no mar báltico, na Alemanha.
O avistamento ou a interação com orcas na costa portuguesa tem acontecido com alguma frequência ao longo do último ano, levando a Autoridade Marítima Nacional a alertar os navegantes para os cuidados a ter e o que fazer, nomeadamente, “desligar o motor, por forma a inibir a rotação da hélice, e imobilizar a porta do leme, desmotivando assim estes mamíferos a interagir com as estruturas móveis das embarcações”.
“A interação com estes mamíferos ocorre sobretudo devido ao comportamento curioso de orcas juvenis, as quais atraídas pelas estruturas móveis e ruidosas das embarcações, como o leme e a hélice, podem aproximar-se excessivamente das embarcações e embater nas estruturas móveis, com probabilidade de rutura total ou parcial do leme”, refere.
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