Ultimamente a autarquia tem levado a cabo um plano de requalificação das ruas da cidade das Caldas da Rainha.
Assim, na Rua Manuel Mafra (União de Freguesias de Santo Onofre e Serra do Bouro), tem havido uma requalificação com criação de lugares de estacionamento, melhoria da calçada (!) e colocação de sinalização visual de travessia para peões.
Todavia, a minha insatisfação, desagrado e deceção prende-se com a total ausência de árvores no topo das ruas, onde havia há 11 anos e que ficaram completamente ausentes deste plano de requalificação.
Agora, em vez das árvores frondosas que davam sombra e sinalizavam o início da primavera com as habituais andorinhas e período de florescimento, deu-se lugar a “semi largos” de calçada homogénea, uniforme e estéril no topo das ruas convergentes (Rua Manuel Mafra com Rua José Fuller e na Rua Manuel Mafra com Rua 15 de Agosto).
Para além disso, verifica-se o mesmo atentado urbano, social e ambiental em outras ruas deste bairro.
Veja-se, por exemplo, no cruzamento da Rua José Fuller com a Rua Augusto José Batista e no cruzamento da Rua Augusto José Batista com a Rua Costa Mota. No cruzamento de todas estas ruas surge a mesma configuração: largos estéreis que em nada apelam à qualidade de vida urbana.
Por isso, venho apelar ao bom senso de replantar as árvores que foram desaparecendo ao longo dos últimos anos.
Não será também por demais solicitar ainda a colocação de mobiliário urbano, como foi feito no Bairro dos Arneiros, no topo da Rua Visconde Vila Matos com a Rua Cardeal Alpedrinha. Esta sugestão ganha força com o argumento da população neste bairro estar muito envelhecida e que necessita de vida social e comunitária, pelo que uns bancos nestes topos de rua seriam de saudar. Pede-se, por isso, que seja revisto o aspeto destes largos uniformes.
Bem sabemos que agora é o momento temporal para repensar estas opções urbanísticas, que irão esculpir e marcar o território das gerações que crescem e vivem neste bairro nas próximas décadas. Penso que estamos todos de acordo nisso: queremos deixar o melhor exemplo e as melhores práticas possíveis de promoção da qualidade de vida das gerações vindouras.
Estamos todos conscientes dos transtornos e despesa que deve causar a manutenção (rega, desbaste, controlo fitossanitário, etc.) mas isso não se compara com os benefícios sociais e ambientais que são inerentes às árvores na cidade.
Proporcionam sombra e protegem da radiação ultravioleta; Contribuem para a humidade do ar e reduzem as emissões de carbono (a Rua Manuel Mafra é uma das principais artérias da cidade). Por cada aumento de 10% de copas de árvore existe uma diminuição de 7% de ozono; Regulam a temperatura do ar; Promovem a biodiversidade urbana; Contribuem para a valorização económica e para o aumento do valor da propriedade; Ajudam na diminuição/absorção do ruído; Reduzem a ação do vento (Rua Manuel Mafra tem uma extensão de cerca de 3,6 km em linha reta, e na cruzamento com a Rua José Fuller tem cerca de 2,6 km em linha reta, o que torna este cruzamento muito ventoso em períodos invernosos); Favorecem a infiltração de águas pluviais; Melhoram a estética da cidade com luminosidade e cor; Estimulam a vida comunitária e social, prevenindo a solidão, o stress e ansiedade.
Face ao exposto, resta apenas pergunta em jeito de conclusão: Imagina uma cidade sem árvores?! Eu não!
Célia Bento
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