Intitula-se “Memórias de Servidão” e consiste num site dedicado à disponibilização de histórias de vida de trabalhadoras e trabalhadores domésticos e hoteleiros, contadas a partir das experiências e memórias dos próprios, bem como de imagens e discursos produzidos em torno destas classes profissionais. O projeto é coordenado por Inês Brasão, docente da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar (ESTM), de Peniche, e investigadora do CiTUR – Centro de Investigação, Desenvolvimento e Inovação em Turismo do Politécnico de Leiria.
“O principal propósito deste projeto é transformar-se numa plataforma de divulgação e reflexão em torno do trabalho servil doméstico e hoteleiro, centrado numa perspetiva histórica. No nosso país, o sindicato original destes dois tipos de trabalhadores (domésticos e hoteleiros) era comum e a nomenclatura profissional é extremamente similar (cozinheira, empregada de limpeza, governanta, motorista, criado de mesa, etc.). As histórias de vida, recolhidas oralmente, serão devidamente catalogadas e editadas depois de transcritas. Todos os direitos de anonimato serão preservados”, explica Inês Brasão.
O site está aberto à participação de todos, nomeadamente os que quiserem contar a sua história.
A criação do site “Memórias de Servidão” cruza-se diretamente com o percurso letivo e de investigação de Inês Brasão, professora de cursos na área do Turismo e da Gestão Hoteleira há cerca de 20 anos na ESTM. Em 2010, defendeu a sua tese de doutoramento em torno das memórias de trabalho das criadas de servir, no contexto português, que viria a dar origem ao livro editado pela Tinta da China, “O Tempo das Criadas”. Em 2018, lançou o livro “Hotel, os Bastidores”, que se debruça sobre o lado invisível do hotel, justamente o lado dos trabalhadores: aqueles que laboram nos bastidores.
0 Comentários