JORNAL DAS CALDAS – Porque decidiu avançar com uma candidatura à Câmara das Caldas?
Vítor Marques: Quando nos entregamos a um projeto, como fiz, ao longo dos últimos 8 anos, numa Junta de Freguesia com a dimensão e a relevância de N.S. Pópulo, Coto e S. Gregório, não podemos deixar de analisar criticamente o modo como a gestão autárquica é feita. Quando digo criticamente, quero dizer, valorizando o que corre bem e aspirando a melhorar o que, do nosso ponto de vista, corre menos bem.
Foi isto que ocorreu. Estou convicto de que tenho uma visão inovadora para a gestão autárquica e penso que consegui reunir um conjunto de pessoas sem ligações à vida política, mas com provas dadas na vida profissional, que me dão a confiança de ter um projeto sólido.
A estes dois fatores (ambição e equipa) juntou-se um forte e espontâneo apoio por parte dos caldenses, pelo que considerei estarem reunidas as condições para avançar.
J.C. – O que acha que o executivo da Câmara (PSD) deixou por fazer nestes oito anos à frente do município das Caldas? Quais as propostas mais relevantes que pretende fazer nos próximos quatro?
V.M.: Sobretudo, penso que o atual executivo perdeu ímpeto renovador e reformador. Além da gestão corrente, não houve uma visão estratégica sólida para o desenvolvimento sustentável do concelho e da cidade. Esta falta de ambição resultou num claro retrocesso de Caldas no panorama da região. O pouco empenhamento que houve na promoção de um novo hospital, na manutenção de um tribunal de comarca e na resolução do problema da linha do Oeste foram os aspetos mais prejudiciais ao desenvolvimento local.
As áreas que consideramos prioritárias são a governança da autarquia, para melhor servir os munícipes, e o desenvolvimento sustentado da economia, através do apoio a empresários e empreendedores dos setores com maior relevância, como seja o turismo, mas também o comércio, a indústria e o setor criativo, que vem ganhando importância na região. No plano das infraestruturas, urge melhorar a ligação viária entre S. Catarina e a sede do concelho, concluir a via circular de Caldas, desenvolver um projeto exequível para a Lagoa de Óbidos e criar uma rede de ciclovias que facilite a acessibilidade nas áreas urbanas. Embora não seja uma atribuição dos órgãos autárquicos, diligenciaremos junto do poder central pela construção do novo hospital adequado às necessidades da região e para que a linha do Oeste constitua uma alternativa moderna, eficaz e sustentável ao transporte rodoviário.
J.C. – O que pretende fazer para fixar a população no concelho das Caldas e captar mais empresas e indústria? E para valorizar o Comércio Tradicional das Caldas?
V.M.: Não existe uma solução única para a fixação de população no concelho, mas tudo o que se fizer no plano do urbanismo, da mobilidade, da saúde, da qualidade do ensino, e do desenvolvimento da economia, resultarão em condições de atratividade para manter os jovens e alcançar novos residentes. A proximidade a Lisboa e o facto de Caldas não ter características suburbanas pode ser um fator de atração, mas, o acesso a Lisboa para trabalhadores pendulares terá de ser melhorado, nomeadamente através do serviço de comboio, que pode ser revitalizado se houver uma ação concertada dos concelhos servidos pela linha do Oeste.
A atração de mais indústria não pode dissociar-se da recuperação das valências do tribunal que se perderam nos últimos anos, da criação de um parque empresarial e do apoio aos empresários e empreendedores, para os quais foi estabelecemos o compromissa da criação de um Gabinete de Apoio.
O Comércio tradicional continua a ser um dos pilares do tecido empresarial da cidade e será prioritário, por exemplo através do apoio a um polo de ateliers de criadores locais, mas também pela criação de um projeto de marketing territorial de Caldas da Rainha.
J.C. – Estamos ainda a viver uma pandemia. Avizinha-se tempos muitos difíceis, com uma crise económica. O que pretende fazer na área social no Concelho para ajudar as pessoas e empresas?
V.M.: Daremos prioridade ao apoio social aos grupos mais vulneráveis, através da criação de um gabinete de apoio às IPSS, criando um programa de habitação condigna para famílias especialmente vulneráveis e um Centro Local de Apoio aos Migrantes, para a plena integração. No plano da educação, reforçaremos o apoio social aos alunos de todos os níveis de escolaridade. A população tem de sentir de forma clara que, embora a autarquia não possa resolver todos os problemas sociais, tem, ainda assim, um plano para atenuar situações de grave carência e exclusão. O apoio psicológico que, na Junta de Freguesia do Pópulo, já se vem disponibilizando à população, será alargado a todo o concelho, para reduzir o impacto negativo da pandemia na saúde mental.
J.C. – O que propõe para melhorar a saúde no concelho nos próximos anos? O que vai fazer em relação ao Hospital Termal e ao relançamento do termalismo nas Caldas?
V.M.: A melhoria da saúde no concelho deve assentar na complementaridade entre os setores público e privado, desde logo tirando partido das condições do Montepio Rainha D. Leonor que acompanharemos em proximidade, e na requalificação dos centros de saúde e fixação de médicos de família, transversalmente a todo o concelho. Também as obras de requalificação do atual hospital de Caldas da Rainha são absolutamente prioritárias, sem prejuízo de se desenvolverem esforços imediatos junto do poder central para que se inicie a construção de um novo hospital no concelho, que representa uma das principais preocupações e exigências da população.
O Hospital Termal e o relançamento do termalismo são um assunto complexo que tem resistido às soluções implementadas. Problemas complexos raramente se resolvem com uma única solução. Do ponto de vista infraestrutural, é necessário criar as condições para os tratamentos musculosqueléticos e lançar a construção de um novo balneário que integre cuidados de saúde e tratamentos de bem-estar. Do ponto de vista funcional, pugnaremos para que o SNS coparticipe no custo dos tratamentos termais e sensibilizaremos a população da região para o valor curativo e preventivo das nossas águas termais.
Para impulsionar o termalismo, potenciando o seu valor no desenvolvimento social e económico da região, terá de haver uma estratégia transversal a diversas áreas, incluindo o planeamento das áreas adjacentes aos balneários, o apoio a atividades culturais e recreativas, e o envolvimento dos agentes económicos locais para que disponibilizem produtos compatíveis com o termalismo, como seja a disponibilização de ementas vocacionadas por parte da restauração local.
J.C. – Nunca houve tantos candidatos à Câmara das Caldas. Quais as expetativas em relação ao seu resultado. O que é para si um resultado razoável ou o ideal?
V.M. – O surgimento de novas candidaturas é prova de vitalidade do exercício de cidadania, seja pela criação de novos partidos, seja pelo aparecimento de grupos de cidadãos independentes que procuram alterar a forma e o conteúdo da ação política, mas é também prova de que os eleitores consideram insuficientes os resultados de quem antes se apresentou a votos. Quando há descontentamento nas sociedades democráticas é inevitável que surjam novas vias e novas propostas.
Penso que é claro para todos os eleitores que o Vamos Mudar é a força política que mais está a marcar o calendário da pré-campanha. A rápida e consistente adesão da população, leva-nos a ter uma forte expectativa de que venceremos nos órgãos a que nos candidatamos.
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