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A transição digital do Agrupamento de Escolas Rafael Bordalo Pinheiro

Marlene Sousa

EXCLUSIVO

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O confinamento obrigou o ensino a reinventar-se. Professores e alunos tiveram que se adaptar rapidamente a novas tecnologias de maneira a garantir que o sistema de ensino não parava. “A pandemia não foi apenas de Covid. Foi também do digital, da necessidade incontornável de, de alguma forma, recorrer a ele e de o tornar possível”, disse, Ana Fonseca, coordenadora do Ensino à Distância (EaD) do Agrupamento de Escolas Rafael Bordalo Pinheiro (AERBP).
Ana Fonseca é assessora da direção, coordenadora do Ensino a Distância (EaD) e Coordenadora do PADDE do AERBP. Além de professora de Inglês (grupo 300) e representante de grupo Disciplinar de Línguas Estrangeiras, é também formadora de professores em TIC e Educação e no âmbito do Plano de Capacitação Digital de Docentes

Em desenvolvimento está a transição digital do AERBP que se integra no programa mais alargado doPlano de Ação para o Desenvolvimento Digital das Escolas (PADDE), uma iniciativa do atual Governo para todo o país. Em entrevista no JORNAL DAS CALDAS a docente que também é coordenadora do PADDE do AERBP explica o plano explicita “as áreas onde os meios tecnológicos e as práticas digitais não existem ou precisam ser melhorados e intervir sobre essas áreas”.

Segundo, Ana Fonseca a “reinvenção do ensino durante o confinamento correspondeu a uma apropriação e utilização do digital (plataformas de gestão de aprendizagens e ferramentas para comunicar e interagir com alunos e conteúdos) para dar aulas a distância (EaD) ou em regime misto (blended learning)”.

De março de 2020 até agora, “alunos e professores foram procurando, experimentado e usando com mais frequência as estratégias e as ferramentas digitais de que já dispunham no AERBP, e outras que foram sendo divulgadas e acrescentadas aos “materiais” e técnicas que se usavam antes da pandemia”. A par disso, disse, a docente que também é assessora da direção do agrupamento, “recebemos e distribuímos mais equipamentos a alunos e professores (portáteis e kits de acesso à rede para trabalho escolar)”.

A coordenadora do EaD distingue duas fases nas soluções encontradas, que correspondem, mais ou menos, aos dois momentos do impacto pandémico: “a fase de emergência, de março de 2020 até final desse ano letivo, em que o EaD se impôs por si próprio e em que divulgámos as orientações da tutela que iam saindo ao mesmo tempo que apelávamos ao que já havia para facilitar o EaD no AERBP (plataforma INOVAR+, GSuite do Agrupamento e respetivas apps, uso do email, por exemplo), sem obrigar os alunos e os professores a desmultiplicarem-se por mais ferramentas e se dispersarem ou a optar por soluções pouco seguras”.

Nesta primeira fase, a preocupação de todos terá “sido dar as aulas e manter o contacto com alunos e respetivos encarregados de educação, garantir que, confinados ou não, a escola não parava”.

Segundo a docente, “foi criada uma Equipa EaD, cujo email serviu para todas e quaisquer dúvidas e apoio prático aos professores, ainda na fase de ensino remoto de emergência”.

Além disso, o Centro de Formação ofereceu “formação em plataformas de gestão de aprendizagem (Google Classroom e Teams), que os docentes interessados frequentaram consoante as suas preferências”. “Foram dias de atividade voraz, onde o tempo não chegava para nada e tudo parecia ser pouco para chegar a todos”, contou.

Passado o primeiro embate, no ano letivo de 2020/2021 procuraram sensibilizar e “preparar melhor para o impacto da Covid-19 nas dinâmicas escolares”. “Houve orientações concretas do Ministério da Educação, guiões e ferramentas digitais propostas logo em setembro. Tudo isso foi divulgado no AERBP, bem como boas práticas de EaD. Paralelamente, assumiu-se o uso do Google Classroom, da Google Suite e do email institucional como instrumentos-chave para a gestão das aprendizagens e das comunicações entre professores e alunos”, explicou, a responsável.

No plano estritamente material identificaram carências, dificuldades de acesso a “equipamentos e rede móvel”. Comunicaram ao ministério e distribuíram os “respetivos kits de conectividade em função das carências e dos critérios da tutela”.

Resumindo, diz que este o ano letivo e meio correspondeu a um período de “choque e reação tecnológicos, em que o AERBP se abriu mais ao digital, criando condições para que as tecnologias existissem, estivessem mais acessíveis e funcionais, e, desse modo, permitissem o ensino e a aprendizagem”.

Ana Fonseca considera que a pandemia foi a faísca que acendeu o rastilho e acelerou a transição digital. “Sentimos o impacto da sucessão de explosões em março de 2020, mas também em cada final de período, em cada recomeço, sempre que a Internet falha numa localidade, sempre que há dúvidas sobre a melhor estratégia online ou a melhor ferramenta”.

De acordo com a docente, o modo como lidamos com a “pandemia do digital em contexto escolar revela os meios e a preparação que tínhamos e que temos para integrar e usar o digital (equipamentos, plataformas, aplicativos, estratégias de ensino) para trabalhar com e para os alunos”.

Questionada sobre o contributo podem as novas tecnologias trazer à educação, Ana Fonseca, respondeu que “a tecnologia por si só não faz nada!”. “São as pessoas bem capacitadas e sensibilizadas para a diferenciação pedagógica e novas formas de avaliar, sim, serão muito transformadoras! E poderão alterar muito o que se aprende para melhor, se tiverem boa literacia digital”, salientou.

Refere-se a professores e alunos “bem (in)formados, cientes dos prós e dos contras do digital, dos riscos do online e de como os contornar, aptos para integrarem computadores, portáteis, tablets, smartphones, plataformas e aplicativos nas suas práticas, e com acesso a equipamentos e à Internet”. Para a docente é preciso professores e alunos criativos, “despertos para usar o digital para estimular pesquisa, aplicar de conhecimentos, estimular a discussão e a partilha, resolver problemas concretos, baseados em dados concretos…”.

Segundo a professora, a transição digital do AERBP integra-se no plano mais alargado que é o Plano de Ação para a Transição Digital, uma iniciativa do atual Governo para todo o país. “Isto significa que há vários meses a esta parte se implementou um programa para a transformação digital das escolas, a nível nacional, que passou por um autodiagnóstico de competências digitais dos professores (formação de formadores para desenvolver competências digitais nos professores em função de um referencial europeu, o DigCompEdu. e ainda um inquérito a dirigentes escolares, professores e alunos, chamado SELFIE, sobre o uso do digital em termos organizacionais, tecnológicos e pedagógicos.

O AERBP passou por todas estas fases no ano letivo de 2020/2021 e, findo o tal inquérito à comunidade, o SELFIE, “analisámos os dados e disponibilizámo-los aos docentes e dirigentes para reflexão”.

Os dados SELFIE específicos do AERBP sobre como se organiza e o que oferece nos domínios tecnológico e pedagógicos, bem como a reflexão e as sugestões dos docentes estão, segundo informou a responsável na base no primeiro Plano de Ação para o Desenvolvimento Digital da Escola (PADDE), que será implementado no ano letivo de 2021/2022.

O objetivo deste Plano é “explicitar as áreas onde os meios tecnológicos e as práticas digitais não existem ou precisam ser melhorados e intervir sobre essas áreas, envolvendo dirigentes, professores, alunos, sem esquecer a tutela e o Centro de Formação, entre outros parceiros”.

O PADDE do AERBP identifica também áreas fortes “e fracas em diferentes níveis de ensino (do pré-escolar ao ensino secundário profissional) e competências digitais que será bom desenvolver em professores e alunos, por exemplo”.

Assim, o foco do PADDE é o AERBP como um todo e “toca” vários intervenientes, não apenas os alunos. Mas, em última análise, o projeto envolveu todos os alunos com mais de 9 anos (no diagnóstico SELFIE) e destina-se a todos os alunos do AERBP, no sentido em que, melhorando o que é proposto no cronograma do PADDE,acabará por impactar as condições e a qualidade do ensino que lhes é oferecido”.

Até que a tecnologia substitua os professores, Ana Fonseca diz que é preciso que “esteja acessível a todos em toda a parte, na escola e fora da escola”. “E é preciso que a Inteligência Artificial e a aprendizagem da máquina pela máquina também se sofistique e generalize para que possa chegar a todos e erradique esse ser alvo de tantos ódios e paixões que é o professor”, referiu.

Como disse, a tecnologia sozinha “nada faz e de nada vale”. “A diferença está nas mãos, na mente e na visão de quem a usar. A tecnologia é potencial. É semente. Não é árvore. Nem floresta. E mesmo a árvore e floresta precisam de quem as cuide”.

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