Nas Caldas da Rainha mantém-se a tradição de tourada no 15 de agosto, sendo, como é óbvio, um ritual para perdurar.
Numa tarde em que até o sol despertou, a praça estava uma vez mais engalanada e emoldurada de público quanto baste, assim determina a pandemia, pronta para receber uma das melhores, se não a melhor corrida de touros da última década.
Nada mais certo que o título desta crónica, os toureiros foram bravos, todos eles rubricaram cada um no seu estilo enormes atuações.
João Ribeiro Telles teve uma atuação de nível muito elevado quando toureou o seu segundo touro, com ferros curtos em quiébros de grande impacto e o cavaleiro a sair estrondosamente aplaudido.
Francisco Palha é um cavaleiro clássico e ao mesmo tempo emocional. Brindou o público com sortes de gaiola, recebendo cada um dos seus touros a porta dos curros, num encontro frontal de grande emoção. Depois foi um recital de ferros curtos em cambiadas extraordinárias de nota alta.
Por último, o cavaleiro Joaquim Brito Paes, por ser praticante, lidou apenas um touro e não destoou nada dos profissionais, pelo contrário, teve igualmente uma tarde não só assertiva como até brilhante, preparando muito bem as sortes, a consumá-las ainda melhor, com a cravagem toda a preceito. Venha a alternativa, pois mostrou-se apto para isso.
Um bem-haja, pois a lide a pé voltou a estar presente
Seria muito bom para a festa dos touros que a corrida mista viesse para ficar. O matador português Joaquim Ribeiro “Cuqui”, que foi o grande triunfador, o grande herói desta corrida no ano passado, voltou e bem à praça das Caldas, para de novo derramar o perfume, a arte, a beleza, que a forma de tourear a pé contém.
Desta feita não foi a solo o herói, foi um dos heróis da tarde. Nas suas duas faenas fizeram-se ouvir nas bancadas muitos olés, especialmente quando toureou de capote por verónicas e depois chiquelinas muito bonitas e cingidas.
Na muleta os olés e os aplausos aqueceram a noite que entrava, quando desenhou derechazos e naturais de grande classe, intercalados com molinetes rematados com poderosos passes de peito, acrescentando ainda no último touro a fechar corrida arriscadíssimas manoletinas. Mais duas faenas de grande sabor e agrado geral.
Triunfo para os forcados e para as ganadarias
Seria uma escolha difícil se tivesse que eleger um único triunfador na tarde. Mas é justíssimo dar destaque aos touros da família ganadaria Joaquim e António Brito Paes, pois apresentaram aqui um curro de toiros com pesos entre os 515 e os 610 quilos, bonitos, de muito boa apresentação e especialmente grande bravura. Parabéns ganadeiros, pois os vossos touros é que deram o triunfo aos toureiros e aos forcados.
Na verdade foi uma grande tarde, triunfal, para o grupo de forcados amadores das Caldas da Rainha, na despedida do cabo Francisco Mascarenhas, passando a capitanear Duarte Manoel, novo cabo empossado.
Na realidade fazer cinco pessoas rijíssimas, qual delas a melhor, a mais espetacular, com os touros a arrancarem de pronto, de longe e com força, todas na primeira tentativa, é obra.
Duarte Manoel, António Aputan, António Lacerda, Lourenço Palha e Duarte Palha foram os forcados da cara, mas o grande sucesso, a tarde triunfal, é abrangente a todo o grupo, impecável nas ajudas.
Resta acrescentar que todos os aficionados cumpriram regras usando máscaras, respeitando distâncias e foram ordeiros, tanto na entrada como na saída do espetáculo, para bem da continuação da festa brava.
Correção no número de profissionais
Na crónica referente à corrida de touros em homenagem ao Caldas Sport Clube, publicada na semana passada, foi escrito erradamente que no cartel, composto por seis cavaleiros, dois eram profissionais, três praticantes e um amador, o que não correspondeu à realidade.
Sónia Matias, Ana Batista e Parreirita Cigano foram os três profissionais que atuaram. Pelo lapso, pedimos desculpa aos cavaleiros.
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