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Entre unicórnios e fadas

Rui Calisto

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Tenho amigos - muito graúdos - que colecionam todo o tipo de bugiganga, outros, como é o meu caso, preferem atulhar a casa de livros e discos de vinil. Duas coleções que dão um certo trabalho, pois não se trata apenas de comprar para amontoar, é necessário dar-lhes atenção, muita.

Todos os dias surge a necessidade de lavar um LP, de o colocar, quase de modo religioso, no toca-discos e, pasmado, perceber que o planeta parou de girar, que a respiração quase cessou, que o coração passou a bater no ritmo do que se ouve.

Recuperado, avanço para o livro do momento, geralmente é algo “pesado” (Eça, Camilo, Machado de Assis, Coelho Netto, Graciliano Ramos, etc.), aquele tipo de volume que emociona a cada parágrafo, que nos entorpece os sentidos, que faz-nos acreditar que a vida pode ser melhor do que essa que querem impingir-nos.

O ser humano atual lê pouco. O que é trágico, pois, assim, não consegue organizar campos de raciocínio. Como resultado, não possui estrutura para um debate de ideias, sendo um alvo fácil para, por exemplo, as garras das raposas políticas.

A eleição autárquica que se aproxima, cuja campanha ainda é embrionária, já dá mostras da tolice que por aí vai. Cartazes ridículos, com frases toscas, que anunciam banalidades. Candidatos que, se fossem eleitos, trariam o apocalipse para as suas freguesias e concelhos. Não sabem escrever, não são capazes de formar ideias, não falam corretamente a língua-mãe, um caos.

A falta de cultura geral, da maioria (dos que são candidatos a cargos públicos), é a prova da sua pouca apetência para a leitura, para a audição de boa música, para a apreciação de inúmeras manifestações artísticas.

Se pudermos passar pelo menos uma hora, em 24, entre unicórnios e fadas, com certeza traremos para o mundo muito mais vida do que aquela prometida pela maioria da classe política deste país. Portugal afunda-se a cada dia que passa. Não há uma política voltada para as pessoas, algo real, importante e imponente, que “salve vidas à nascença”. Este país vive dias de elucubrações mentais, de estatísticas, de “empreendedorismo” (a maior falácia que existe).

Mas, por incrível que possa parecer, tudo o que vivemos foi pensado ao mínimo detalhe. Desde o dia 2 de janeiro de 1980 que Portugal possui um regime – silencioso – autoritário, que mina as instituições públicas e corrompe as privadas. Um procedimento que lentamente esvazia a cultura (basta estar atento aos nomes escolhidos para os sucessivos ministérios, e secretarias, dessa pasta, durante estes últimos 41 anos para o podermos comprovar); fabricando marionetas, carneiros.

“Do rio que tudo arrasta se diz que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem!” (Bertolt Brecht) A falta de leitura, a falta de unicórnios e fadas, leva as pessoas a um caos mental enorme, tormenta que só lhes permite perceber a cenoura que lhes chegam ao nariz. E essa gente vai, obviamente – e para desgraça de qualquer nação – parar à política. Infelizmente, o eleitor (que na maioria das vezes também não lê, não adquire conhecimento, não aprende a pensar pela própria cabeça) acaba por votar de modo cabresto, não percebendo que o político que não possui cultura e não se posiciona a favor da população que o elegeu, não merece ser votado.

Tanto na Esquerda quanto na Direita (e nos diversos movimentos políticos que surgem) há pessoas de grande valor, assim sendo, ainda tenho esperança – antes de ir morar na minha praia de sonho, passando as últimas décadas da minha vida a beber água de coco e a escrever sonetos de amor – de ver Portugal crescer realmente, sem falsos empreendedorismos, sem falácias, sem artimanhas.

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