JORNAL DAS CALDAS: Porquê esta coligação na sua candidatura?
Paulo Pessoa de Carvalho: Refleti muito sobre a forma como me deveria candidatar à Câmara das Caldas. Pensei fazê-lo sempre com o apoio do CDS-PP, que é o meu partido e aquele que defende os valores que eu mais acredito e transmito aos meus filhos e netos. Com o MPT as questões ambientais estão muito presentes como também estão no PPM. São partidos que têm uma abertura a um tipo de pessoas que não querem estar agarradas a uma ideologia política, mas têm ideias válidas. O objetivo foi claramente alargar o espectro, procurando pessoas capazes de ter um sentido crítico e apresentar soluções em prol do concelho.
J.C. – Disse na apresentação da sua candidatura que quer um patamar de excelência para as Caldas do qual nunca devíamos ter saído. Quando é que tivemos esse patamar e quando é que o perdemos?
P.P.C: Tivemos esse patamar antes e no pós 25 de Abril até a década de 80. Daí para a frente Caldas da Rainha começou a perder a sua excelência. Houve uma altura que disputávamos com Leiria, que nos ultrapassou. Depois começámos a disputar com Torres Vedras, que também agora é mais importante que Caldas.
Fomos de facto uma referência em termos nacionais. Era o local onde as pessoas vinham fazer férias e onde vinham às compras porque tínhamos marcas de referência. Caldas tinha um comércio com poder e riqueza e vinham imensas pessoas de Lisboa fazer as suas compras.
Nós também tivemos uma indústria riquíssima onde a cerâmica se afirmou com a Secla e Rafael Bordalo Pinheiro. Sei que o mercado mudou, nomeadamente devido ao mercado asiático, mas de facto houve uma despreocupação com aquilo que é o motor de uma cidade.
J,C.- Continuamos no meio de uma pandemia. Ninguém esperava e deitou abaixo a economia. Tem algum plano para a inversão e para cativar mais pessoas às Caldas da Rainha?
P.P.C: A Covid-19 não travou a nossa estratégia para o concelho e é isso que pretendemos seguir. Em primeiro lugar as Caldas tem que ser comunicada para dentro e para fora. Caldas não se vende e projeta para fora. Com base numa comunicação diferente podemos chamar mais empresas para investir e criar um atrativo turístico que seja diferenciador. Comunicar muito bem para dentro e para fora é o nosso principal objetivo. Temos que criar impactos positivos com tudo o que fazemos.
Temos a Foz do Arelho que é única, uma vida rural em nosso torno fantástica e freguesias que oferecem qualidade de vida. Existe a Praça da Fruta que podia ser mais atrativa e convidativa.
Vamos ter também muitas novidades no setor agrícola.
J.C. – Uma forte machadada foi a anulação de muitos eventos nas Caldas da Rainha devido à pandemia…
P.P.C.: É verdade. Estávamos já com alguma dinâmica de eventos quando aconteceu a interrupção do mês de março.
No entanto se eu tivesse na Câmara havia mais dinâmica, eventos, atividades, investidores e negócios.
J.C. – Vai organizar nas Caldas um evento em agosto?
P.P.C.: Eu estive muitos anos ligado a eventos e continuo. Trabalhei com a Câmara das Caldas, fez-se o Verão da Foz. Estudo a vida dos diferentes concelhos do país e vejo o que posso fazer e proponho eventos. Naturalmente com a Covid-19 muitas coisas foram canceladas e deixámos de fazer espectáculos, entre outras iniciativas.
Agora acho que já estão reunidas as condições para voltar e vou levar a cabo a 20 de agosto um concerto na Expoeste com o cantor José Cid. Não é uma iniciativa de campanha política, mas acho que as atividades têm que retomar a favor da cultura e economia, adaptando-se às novas realidades. Estou em conversa com a Direção Geral de Saúde para perceber o processo e as regras para que o espetáculo decorra com segurança. É um desafio e uma prova que a vida tem que continuar. Os tempos mudaram e temos que viver de forma diferente e responsável.
J.C. – O Paulo Pessoa de Carvalho é empresário e é oriundo de uma família de empresários que deixaram história em Caldas da Rainha com a Secla. Como é que se pode ajudar a revitalizar o comércio tradicional das Caldas?
P.P.C.: Os tempos mudaram e há muitas compras online e as pessoas gostam de ir passear para os centros comerciais. Acho que a autarquia tem que criar condições atrativas. Vender uma imagem global da cidade não é o comerciante que o faz. Tem que haver uma comunicação certa para o exterior que passe a mensagem de Caldas como uma cidade de qualidade e isso não está a acontecer. Primeiro criava mais atração na cidade para captar mais visitantes e isso dinamizava mais o comércio.
Não posso deixar de falar da Secla e do meu avô porque é uma espinha brutal. Se um dia ganhar o Euromilhões uma coisa que fazia era criar novamente a Secla, que marcou esta cidade.
J.C. – O que defende para as Caldas: a requalificação do Hospital das Caldas ou um novo Hospital do Oeste, mesmo que saia do concelho?
P.P.C.: Não podemos olhar só para o nosso umbigo, não somos os donos do Oeste. Defendo a parceria com concelhos vizinhos em diversas áreas em prol da região. Acho fundamental lutar pelo novo Hospital do Oeste e claro que fique nas Caldas ou junto a um concelho que faça fronteira com o nosso. Hoje se uma pessoa parte um braço vai à unidade das Caldas e é transferido para Torres Vedras. Temos que lutar com todas as nossas forças para que seja possível nascer o novo Hospital do Oeste.
A linha do Oeste é outra luta. Apesar de já haver avanços, há pequenos pormenores que têm de ser melhorados.
J.C. – Sempre vai concorrer a todas as freguesias do concelho das Caldas? Quem são os candidatos à Câmara?
P.P.C.: Na apresentação da minha candidatura apresentei a cabeça de lista à Assembleia Municipal, a caldense e deputada municipal do CDS-PP, Sofia Cardoso. Apresentei ainda o candidato à União de Freguesias de Nossa Senhora do Pópulo, Coto e São Gregório, Rui Vieira, e o candidato a presidente da União de Freguesias de Santo Onofre e Serra do Bouro, Carlos Elias.
Reconheço-me como um guerreiro que vai à luta. Mas lamento dizer que não vou concorrer a todas as freguesias. Falei com dezenas de pessoas e de facto gente competente, mas que tem um receio enorme do poder instalado. A força do PSD aqui é brutal e as pessoas têm medo de ir contra este partido porque trabalham na coletividade ou porque pertencem ao clube ou àquela escola. O que aconteceu foi uma preparação em todas as freguesias onde ficou uma semente, com representantes nas assembleias. Nós vamos concorrer à presidência de sete juntas de freguesia. Além das que já referi vamos candidatar-nos à União de Freguesias de Tornada e Salir do Porto, Foz do Arelho, Santa Catarina, Salir de Matos e A-dos-Francos.
A equipa à Câmara Municipal, para além de mim, é composta por Ágata Ferreira (médica), Luís Branco (economista), Clara Roque (solicitadora), Francisco Toscano (empresário), Filipa Martino (empresária), Pedro Félix (engenheiro civil), Susete Santos (empresária) e Manuel Isaac (ex-autarca e ligado ao setor agrícola).
É uma equipa com uma experiência de vida que pode fazer a diferença pelas Caldas.
J.C. – Na apresentação da sua candidatura o presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, falou dos políticos presos e que a corrupção continua a ser um dos principais problemas em Portugal. Defende que haja uma verdadeira mobilização da classe política contra a corrupção?
P.P.C.: De facto alguns mereciam estar presos e não estão. Acontece de uma forma descarada e inadmissível e é preciso travar estes comportamentos execráveis das pessoas que têm cargos públicos de grande responsabilidade. Há uma grande falta de respeito e acho que ninguém espera políticos fantásticos, mas sim honestos.
J.C. – Qual a mensagem que quer deixar aos caldenses que vão votar a 26 de setembro?
P.P.C: Estejam atentos ao nosso programa em concreto que vai ser divulgado brevemente. Acreditem que eu estou nisto de coração e cheio de vontade de dar o melhor pela minha cidade. Queremos uma cidade mais “rainha” e voltar a ter a excelência que já teve. O concelho precisa de uma mudança e de um estímulo novo.
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