O maratonista percorre o país nesta aventura, abraçando a causa dos “direitos das crianças e jovens”, numa média de 55 quilómetros diários.
“Este é o maior desafio da minha vida na área da corrida”, reconhece. “Às vezes dão-me conselhos sobre o modo como levo a vida. Dizem-me que com 51 anos podia levar uma vida mais calma, gozar férias, descansar. Respondo que para mim ter sonhos e lutar por eles faz-me sentir vivo. Tenho o compromisso em tentar deixar o mundo um pouco melhor”, manifesta.
“Desempenho a minha atividade profissional na área da infância e juventude e todos os dias lido com situações de crianças que tiveram uma vida difícil. Acredito que quanto mais a sociedade civil estiver informada e envolvida, em conjunto com as diferentes entidades, juntos conseguiremos proporcionar às crianças uma vida mais feliz”, afirma.
Colocando em prática o conceito de cidadania, João Paulo Félix tornou-se, em 2017, no primeiro atleta a correr a Estrada Nacional 2, a maior da Europa e uma das maiores do mundo, ao longo de 14 dias consecutivos, fazendo-o em nome da Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla, à qual doou a sua camisola que foi depois leiloada.
Em 2018 correu do Porto a Lisboa, em seis etapas, numa iniciativa que surgiu da parceria com o blogue Claramente Asperger! e que visou a desmistificação do autismo.
Em 2020 cumpriu 1250 quilómetros em 24 etapas, ligando Faro a Lisboa. Correu contra a violência doméstica e Ricardo Bastos, mentor do projeto “Corridas Solidárias”, doou dez cêntimos por cada quilómetro percorrido, tendo a receita revertido a favor de uma instituição que desenvolve trabalho com vítimas de violência doméstica.
Este ano, a Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens associou-se ao atleta, que é natural de Foros de Salvaterra, no concelho de Salvaterra de Magos, e reside em Alenquer.
É feito um apelo para que atletas de norte a sul do país programem os seus treinos para a altura em que João Paulo Félix passar pelas respetivas zonas e o acompanhem durante algum tempo. Os horários podem ser vistos na página J.P.Félix Atleta, no Facebook.
É ali que diariamente vai colocando os pontos que constam da Declaração dos Direitos das Crianças, acompanhados com um desenho enviado por várias crianças de diferentes escolas e localidades, para além de ao final da tarde fazer um resumo do dia.
Acordar às cinco da manhã e começar a correr às seis e meia, é a rotina programada para estes 40 dias. Conta com o apoio logístico de alguns voluntários, e preparou-se para o calor, o cansaço físico e psicológico. “Quando as pernas começarem a fraquejar vou correr muitos quilómetros com o coração. Correr pelos direitos das crianças dar-me-á força”, diz.
Aurora Cunha, vencedora de três campeonatos de mundo de estrada, das quatro maratonas mais importantes do mundo e finalista olímpica, é a madrinha desta iniciativa.
A “Volta a Portugal a Correr” mereceu o elogio de José Ramos-Horta, ex-presidente da República Democrática de Timor-Leste e laureado com o Prémio Nobel da Paz em 1996.
Na etapa 38, a 21 de agosto, João Paulo Félix parte de Leiria para a Nazaré, no dia seguinte faz o percurso da Nazaré às Caldas da Rainha e no último dia, a 23 de agosto, inicia nas Caldas da Rainha para terminar na Praia da Areia Branca.
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