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Histórias do Termalismo

19. O vinho e as termas

Jorge Mangorrinha

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Na passada quinta-feira, em dia de aniversário, passei grande parte do dia numa das casas de produção vinícola do Oeste. Os dias que correm de pandemia fizeram lembrar uma outra adversidade, esta associada às vinhas, decorrida no século XIX. Nas vinhas europeias, o inseto de origem norte-americana, filoxera, provocou nodosidades (tumores) nas raízes que, em poucos anos, enfraqueceram e destruíram as cepas. Num país onde a cultura vinícola se encontrava em expansão e o vinho constituía a principal produção agrícola, é natural que esta doença fosse encarada como calamidade nacional, embora acabasse por ser uma oportunidade para outros investimentos, nomeadamente, a exploração da riqueza das águas minerais.
Jorge Mangorrinha

Em terra de vinhedos, o florescimento da Curia foi um dos casos resultantes da devastação agrícola, mas também, positivamente, da construção do caminho-de-ferro.

A notícia sobre os efeitos benéficos das águas existentes no “Baldio do lugar da Mata” fez com que o francês La Chapelle – integrando a equipa de engenheiros e outros técnicos que dirigiam as obras ferroviárias da linha do Norte, como Bartissol, Eiffel, Girard e Lariol – tentasse a cura da sua doença de pele. Estava-se no ano de 1865. Os bons resultados passaram a ser divulgados em Portugal e França.

Depois, a iniciativa para explorar convenientemente estas águas remonta ao final do século XIX, do então estudante de medicina Luís Navega que, na Universidade de Coimbra, se relacionou com o químico Charles Lepierre, na altura docente na Escola Industrial, conseguindo que este fizesse uma análise científica destas águas minerais.

Já médico, Luís Navega promove a Sociedade das Águas da Curia, tendo-se construído, em 1900, o primeiro balneário, traçado pelo engenheiro Leonardo de Castro Freire, ampliado poucos anos depois, face ao crescimento da procura. Para estas termas, desenharam também nomes importantes da arquitetura portuguesa, como Jaime Inácio dos Santos, Raul Lino e Norte Júnior.

Os aquistas chegavam de várias partes do país, aproveitando a localização e as boas acessibilidades da estância. Eram também oriundos da emigração do Brasil. Entre as duas guerras, a Curia foi um ponto de referência da alta sociedade portuguesa. A ida às termas significava tratamento e, simultaneamente, repouso, diversão e convívio. Os passeios de carruagem aos arredores, os grandes bailes nos salões do casino e dos hotéis, o cinematógrafo, as sessões de canto e os desportos ao ar livre eram as principais atividades recreativas da estância.

Além dos divertimentos e da luz elétrica, a Curia passou a usufruir de serviços de farmácia, barbearia, pastelaria, fotógrafo e telégrafo, muito antes das outras povoações e da própria sede do concelho. Beneficiou, nos anos 40, de grandes melhoramentos, quando foi remodelado o balneário e construídos a casa de chá e os campos de jogos (ténis e patinagem). Em 1941, o médico Armando Narciso deixa escrito que, a estas termas, “importa é que possuam atractivos para chamar o grande mundo, fazer delirar a fantasia, corresponder ao sonho de quem as procura, esperando encontrar o paraíso”.

Presentemente, este conjunto termal é constituído pelo parque, onde se integram os balneários e um dos hotéis em funcionamento e um outro em ruínas há décadas. Dentro e fora desta extensa zona de lazer, existem unidades hoteleiras de diferentes categorias, que fazem parte de um núcleo urbano que cresceu em função das atividades termal e turística, onde se destacam também a alameda de acesso à estação do caminho-de-ferro e esta própria, objeto de reabilitação, albergando hoje a sede da Rota da Bairrada, sendo a mais bela estação modernista portuguesa, desenhada pelo arquiteto Cottinelli Telmo, com azulejos do pintor e ceramista Jorge Barradas.

Afinal, século e meio depois da devastação, as águas curam e, parafraseando Fernando Pessoa, boa é a vida, [mas] melhor é o vinho.

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