Portugal está na moda para fazer turismo, mas não é menos verdade que as modas do turismo estão a mudar. O turista procura mais a genuinidade, a personalização, a simplicidade, os sabores regionais, a natureza e uma boa relação entre a história e a contemporaneidade. E até o luxo – hoje – é isso. O mundo mudou e vai mudar ainda mais, depois de passar a pandemia. É preciso começar a pensar numa retoma do sector das viagens e do turismo, no qual o termalismo e o turismo de saúde e bem-estar também se inserem, mas é preciso aprender com os erros, para se recomeçar de forma sustentável. As viagens mudam e também refletem mudanças na sociedade.
1. Viajar com conhecimentos predefinidos de um destino é algo com que, pela existência das redes sociais, as pessoas deverão saber lidar. Porventura, os destinos que podem desiludir são aqueles que mais informações deles temos e podem não acrescentar nada àquilo que se sabe, pelo que o desafio dos responsáveis pela oferta turística é surpreender.
2. Gerir expetativas, pois o que é bom para os outros pode não ser bom para mim, mesmo no domínio termal. Uma viagem é uma luta de gestão de expetativas, uma ótima forma de nos ajudar a escolher os nossos destinos de viagem e a definir o tipo de viajante que somos e o que queremos. Se escolhermos aquilo que realmente queremos e precisamos, numa lógica diversificada, porventura, não iremos todos para os mesmos lugares.
3. Experienciar o turismo de natureza e, por oposição, escolher menos o turismo de massas, porque os impactos dessa massificação resulta frequentemente numa perda da qualidade de vida das populações locais e dos visitantes. A retoma será uma excelente oportunidade para se mudar. Se nós ditarmos ao mercado o que queremos, o mercado terá de ouvir.
4. Contribuir para reavivar áreas rurais pode passar por escolher áreas e territórios mais deprimidos e menos visitados. Podemos ajudar a contribuir para as economias locais, como o agroturismo e o termalismo. Numa atividade fortemente dependente do mercado externo, o turismo nacional terá de criar mecanismos para atrair o turismo interno e a sua adesão àqueles produtos e destinos.
5. Estar atento à certificação de sustentabilidade ambiental da oferta, porque se a questão já estava na ordem do dia agora está ainda mais. Se o turismo tem de se renovar, é importante que, para além da certificação de segurança e higiene, as unidades turísticas passem a ter uma certificação de sustentabilidade ambiental. Da mesma forma que foi adotado o selo “Clean & Safe” para as Termas de Portugal, criado pelo Turismo de Portugal, com a Associação das Termas de Portugal, que visa reconhecer as empresas e outras entidades concessionárias e/ou titulares de termas que assumam o compromisso de cumprir as recomendações emitidas pela Autoridade Turística Nacional, em articulação com as orientações da Direcção-Geral da Saúde, para reduzir riscos de contaminação dos seus espaços com o SARS-CoV-2 ou outras infeções, através de procedimentos mínimos de limpeza e higiene a adotar e a incentivar a retoma do turismo a nível nacional e internacional, reforçando a confiança de todos os turistas do segmento saúde e bem-estar no destino Portugal e nos seus recursos turísticos, hoje e no futuro.
6. Fazer recolha seletiva de lixos nos destinos turísticos, bem como assim, reduzirmos a quantidade de plásticos que usamos. O plástico é reciclável, mas ao ritmo de que é consumido, especialmente o plástico de apenas uma utilização, isso é impossível. Um alerta para responsáveis de balneários termais e alojamentos localizados das respetivas áreas de influência.
7. Consumir produtos endógenos é uma medida que vale a pena reforçar e estimular do ponto de vista da oferta, porque é muito importante que se consuma localmente, para que as comunidades recebam mais retorno do turismo. Estas pessoas abrem-nos a sua “casa”. No fundo, tudo seria mais fácil se todos os visitantes tivessem este princípio, um valor que é inerente, mas também se aprende com a oportunidade de viajar.
Para finalizar, imagine-se um duche circular, em que todos os pontos de água confluem para o centro. Esta analogia prende-se com aquilo de que necessitamos, presentemente. Temos todos que ser mais responsáveis, mais conscientes e mais exigentes, em prol de um tronco comum – o turismo mundial, de que Portugal e as termas em particular são parte integrante.
0 Comentários