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Covax iníquo

Francisco Martins da Silva

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A União Europeia (UE) é o maior contribuinte mundial para o sistema Covax (Covid-19 Vaccine Global Access), iniciativa da WHO (World Health Organization), para garantir que os países pobres não ficam para trás na maior campanha de vacinação mundial da História — salva-se cada um, se todos se salvarem. Mas, devido às múltiplas dificuldades, nem todas aceitáveis, de produção e abastecimento de vacinas, é missão difícil, afectando também a Europa.
Francisco Martins da Silva

Este nobre e urgente objectivo, a vacinação da população mundial como um todo, poderia ser atingido de modo que não fosse menorizador para os ditos países pobres. Alguns governantes africanos quiseram participar numa lógica global de produção e vacinação, em vez de esperar pelas generosas sobras da Europa.

A África do Sul sugeriu o que é óbvio, mas sem sucesso — propôs logo em 2020 à Organização Mundial do Comércio (OMC) que suspendesse temporariamente os direitos de produção intelectual das novas vacinas, para que os países africanos, entre outros, que têm capacidade industrial e farmacêutica, pudessem copiar e produzir as vacinas necessárias às suas populações, de modo que fosse atingida rapidamente a imunidade.

Esta proposta foi chumbada pela OMC, porque EUA, UE e Japão não a deixaram passar. Perdeu-se uma ocasião de inédita solidariedade mundial por algo bem maior que os egoísmos nacionais — que é, afinal, o propósito do Covax. Por um lado, tratou-se de proteger os interesses comerciais da indústria farmacêutica, que recebeu à partida milhares de milhões de euros e de dólares da comunidade internacional, para chegar aos resultados a que chegou.

O projecto Covax, que só pode ser garantido pela produção e distribuição mundial gratuita das vacinas, é assim sabotado de forma flagrante e escandalosa pelo primado dos interesses das farmacêuticas. Por outro lado, a UE demite-se desta dinâmica porque os eleitorados europeus penalizariam os governos que actuassem racional e eticamente.

A conveniência para a UE, e para o mundo, da vacinação das populações africanas é semelhante ao interesse na solução do problema das migrações. Mas qualquer governo europeu que se atreva a assumir que a prioridade do ataque à pandemia da Covid-19 não é apenas a vacinação dos seus nacionais, perde eleições, deixa de governar. Entre esta irracionalidade e o défice da produção de vacinas, não é possível atender a necessidade sanitária de vacinar o mais depressa possível a população mundial como um todo.

Se a Covid-19 se tornar endémica em África, ou em qualquer outra parte do globo, devido a atrasos na vacinação, todos seremos afectados. Toda a gente compreende isto. Mas os governos estão manietados pela toleima eleitoralista. Em primeiro lugar, serão vacinados os países ricos. Os outros, só depois, quando der jeito às farmacêuticas.

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