A Autarquia deve ser a entidade timoneira do desígnio CR100. Neste sentido, justifica-se uma Comissão que inclua um presidente e vogais, à semelhança, por exemplo, da Comissão Nacional do Centenário do Turismo em Portugal, em 2011, a que tive a honra de presidir.
A Comissão pretenderá idealizar um Programa para 7 anos, desde 26 de agosto de 2021 até 6 de agosto de 2028, tendo como epílogo o Dia do Centenário (26 de agosto de 2027). O Programa seria criado por um conjunto de caldenses de diferentes gerações e idealizado pela Comissão, com relação direta com a Câmara Municipal, em que a baliza financeira seja o resultado de um consensualizado conjunto de iniciativas.
Adianto uma linha possível para o Programa das Comemorações, com base em 7 pilares: Exposições, Artes Performativas, Encontros, Intervenção Urbana, Linha Editorial, Futuro. Estes eixos de atuação deveriam ser um produto coletivo, no debate que se abriria a partir de agora, desde a fase utópica até ao bom senso e ao consenso.
Comemorar é um símbolo em relação ao passado, ao presente e ao futuro, porque os símbolos criam-nos reconhecimento e autoestima. A passagem efetiva do Centenário é o momento mais alto, mas todos os eixos terão momentos altos no período de anos em que se devem convocar os caldenses com imaginação e criatividade.
A evolução urbana das Caldas em grande parte do século XX já não foi determinada, em primeira instância, pelo termalismo. Com cerca de 7.000 habitantes, há um século, era o mais populoso centro urbano do distrito de Leiria. As elites locais envolveram-se na criação da Comissão de Iniciativa Local, promoveram melhoramentos estéticos urbanos, estimularam a criação de um instrumento de comunicação social que perdura, mobilizaram e suscitaram a comunidade para se alcançar um maior protagonismo regional, organizaram feiras com repercussão nacional e lançaram um plano de regularização e extensão urbanística.
E Caldas fez-se cidade.
No ano seguinte, foi aprovado esse instrumento de planeamento, com as prioridades urbanísticas, que seriam desenvolvidas, nos anos 40, através do Plano de Urbanização da Cidade. A Câmara toma as rédeas da evolução da urbe, até que, recentemente, passou a tomar conta da gestão das termas. Novas e profundas realidades são as que distinguem Caldas de 1927 das Caldas da atualidade.
A questão do Centenário tem sido falada entre mim e o vereador Hugo Oliveira, no sentido de se preparar um documento orientador e se escolher um conjunto de pessoas e entidades que, com bom espírito de entreajuda e sem quaisquer veleidades e protagonismos bacocos, possamos levar esta ideia a bom porto. Espera-se agora que o presidente Tinta Ferreira, já conhecedor deste desejo e com o seu lado humanista, possa dar o arranque decisivo, sem que esteja sujeito às forças de pressão que, habitualmente, tudo querem fazer ao nível dos comissariados locais, muitas vezes com chorudos subsídios de dinheiros públicos, sem monitorização dos mesmos e sem se cumprirem os prazos previstos. Estas histórias já não queremos mais.
O Centenário de Elevação a Cidade merece elevação, sem pôr de lado ninguém, mas privilegiando as mulheres e os homens bons, que sirvam e não se sirvam, à imagem dos nossos antepassados caldenses de há um século. Fazer das Caldas uma verdadeira Cidade Termal poderá ser um objetivo concreto das Comemorações que, por isso, também reunirão um conjunto de forças vivas e de atividades conexas direta ou indiretamente ao termalismo.
Viva Caldas-Cidade!
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